Ambientalistas pedem audiência pública sobre área para Ospa
Representantes das organizações não-governamentais ambientalistas Amigos da Terra e Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) solicitaram que a Câmara Municipal realize audiência pública para discutir o projeto do Executivo que concede área do Parque da Harmonia para a construção do novo Teatro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). A área fica localizada na confluência das avenidas Loureiro da Silva e Edvaldo Pereira Paiva, próxima à Usina do Gasômetro, ao lado da Câmara. O pedido foi levado, nesta terça-feira (28/11), aos integrantes da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal. O presidente da Cosmam, vereador João Carlos Nedel (PP), prometeu que a comissão promoverá a audiência, caso os estudos apontem impactos ambientais negativos decorrentes da obra.
A vice-presidente da ONG Amigos da Terra Brasil, Kátia Vasconcelos Monteiro, manifestou preocupação com a escolha de uma área verde da cidade para a realização do empreendimento e os impactos ambientais que poderão resultar da obra. "Não se entende por que foram descartadas as outras 13 opções oferecidas pela Smam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente). Ela lembrou que a Capital possui outras áreas que poderiam ser cedidas para a Fundação Ospa e solicitou que o Executivo esclareça os critérios utilizados para a escolha. "A construção do teatro é de extrema relevância para a cidade. Mas, de acordo com os novos conceitos de qualidade de vida, esta área verde deveria permanecer como parque."
Para a ambientalista, a opção do Executivo vai de encontro aos movimentos de desocupações de parques e praças com objetivo de recuperá-los ao uso público. "Não queremos perder dez anos discutindo este assunto, como ocorreu em relação à escolha do local da Pista de Eventos. Queremos que o Teatro da Ospa seja construído imediatamente. Mas temos outros locais para oferecer à cidade um teatro com categoria e preservando áreas verdes." Kátia solicitou ainda que a Câmara elabore uma legislação que permita regrar a utilização do Parque da Harmonia.
Sandra Ribeiro, da Agapan, lembrou que a área verde escolhida para a obra é uma das principais áreas de lazer da cidade e está protegida pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA). Para ela, a proposta coloca em risco o patrimônio paisagístico e ambiental de Porto Alegre. "É preocupante a proposta de flexibilização da legislação, abrindo caminho para outros empreendimentos em áreas verdes." Ela fez questão de salientar que a Ospa é parte integrante do patrimônio cultural da cidade e merece tratamento especial. "A Ospa é o nosso orgulho. O que nos preocupa é o local escolhido."
Os vereadores Cláudio Sebenelo (PSDB) e Mônica Leal (PP) concordaram que a realização de uma audiência pública seria importante para ajudar a esclarecer o assunto. "Não conheço quais os possíveis impactos do projeto", disse Mônica, que defendeu um trabalho conjunto entre Executivo e ambientalistas.
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
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