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Atenção primária: Cosmam discute contratos com terceirizadas

  • Reunião para tratar sobre a situação dos contratos com as entidades de saúde na atenção primária de Porto Alegre.
    Ana Paula de Lima disse que Conselho Municipal de Saúde alertou sobre irregularidades nos contratos e defendeu volta do Imesf (Foto: Martha Izabel/CMPA)
  • Reunião para tratar sobre a situação dos contratos com as entidades de saúde na atenção primária de Porto Alegre.
    Secretária Ana dal Ben disse que Imesf será extinto e negou desrespeito a decisões judiciais na contratação de terceirizadas (Foto: Martha Izabel/CMPA)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre teve como pauta a situação dos contratos com as entidades de saúde na atenção primária de Porto Alegre. O encontro, que aconteceu na terça-feira (10/8), de forma virtual, teve como objetivo ter conhecimento do Poder Executivo sobre qual alternativa será aplicada na atenção básica de Porto Alegre, tendo em vista que os contratos vencem no dia 1o de setembro. O presidente da Cosmam, vereador Jessé Sangalli (Cidadania), pediu uma posição formal ao Executivo para que explique qual será o encaminhamento da questão.

O proponente do tema, vereador Aldacir Oliboni (PT), destacou que o gerenciamento da atenção básica não pode ser terceirizado e que o governo, se não encontrar solução, estará cometendo um crime de responsabilidade. "O Ministério Público entrou com uma ação contra a renovação das terceirizações. O governo recorreu e extinguiu um decreto anterior, perdendo o agravo de instrumento. Desta forma, fica mantida a decisão determinando que não pode renovar os contratos", explicou. O parlamentar indagou: "Queremos saber o que o governo vai fazer. Esta é a terceira reunião que apontamos que isso vai acontecer, estamos alertando o município que isso não é possível. O governo vai mandar algo para a Câmara? Vai criar empresa pública? Ou vai continuar renovando contratos da terceirizada? Como implementar o sistema de atenção básica que deu certo? Queremos uma solução para a porta do Sistema Único de Saúde".

A representante do Conselho Municipal de Saúde, Ana Paula de Lima, destacou a relevância do tema e do interesse aos porto-alegrenses. "O CMS está acompanhando atentamente e cumprindo o seu papel, não só de fiscalização das ações de saúde, mas também propondo saídas para os impasses que temos vivido no último período. Reafirmo a posição que, desde o momento que foi feito o primeiro termo de colaboração em 2020, alertamos que havia irregularidades desde então. Precisamos retomar a estabilidade que tínhamos com o Imesf", completou.

"Falta vontade política. A questão jurídica está sendo tratada no STF e não compete ao Estado ou município legislar sobre isso", argumentou Carolina Krieger, trabalhadora reintegrada do Imesf. Segundo ela, quando os 552 trabalhadores foram demitidos em dezembro, tentaram falar com a gestão anterior para tentar uma mediação. Disse ainda que, neste ano, o prefeito Sebastião Melo afirmou que, se tivesse uma saída jurídica para o Imesf, iria absorver os trabalhadores.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do RS, Cláudia Franco, disse que desde 2019 tem ido à Cosmam denunciar o descumprimento das legislações e determinações que são feitas em relação ao Imesf. "Mais uma vez estamos recorrendo à Câmara e vendo de que maneira podemos atuar para que o gestor municipal cumpra a lei, que exige que não haja terceirização na atenção básica", explicou.

O vereador Jonas Reis (PT) disse que é usuário do SUS e acompanha a pauta. "Numa hora, falta serviço; em outras, sobra. O comum é a insuficiência do SUS. Sobre os contratos, que me preocupam muito, acredito que são de um valor muito elevado e o serviço oferecido não melhorou. O governo anterior dizia que não funcionava e funcionava bem, além de ser mais barato. Está faltando nitidez nesses contratos. Minha proposta é para transformar esses trabalhadores do Imesf em servidores novamente através de uma empresa pública", acrescentou.

A vereadora Cláudia Araujo (PSD) disse ter ouvido atentamente todas as manifestações e o que se sabe é que houve embargo de declaração e que ainda está no prazo. "Quem perde é o usuário. Os agentes comunitários são muito importantes para o atendimento e precisamos construir as equipes. Como faremos essa construção em menos de 30 dias para não deixar a população desassistida?", questionou.

A secretária adjunta da Secretaria Municipal da Saúde, Ana Dal Ben, fez uma apresentação para demonstrar os resultados dos atendimentos, comentando que o foco deve ser no usuário e não na questão político-ideológica. A secretária apresentou um resumo da contratualização, destacando que são 103 unidades contratualizadas e 21 próprias, além da ampliação das equipes com assistência farmacêutica. Falou ainda das metas que são qualitativas e não quantitativas e do acompanhamento de indicadores das equipes, entre outros dados. "Tudo o que medimos e gerenciamos tende a ter um resultado melhor. A melhor escolha tem que ser a que oferece um melhor serviço para o usuário e, para isso, teremos um comparativo das contratualizadas e das próprias. O Imesf será extinto. Acho importante esclarecer que a ação que originou a decisão liminar era em cima do decreto. Com a  extinção, a liminar perde o objeto, portanto não há desrespeito à decisão judicial", esclareceu.

Também estiveram presentes à reunião os vereadores Lourdes Sprenger (MDB) e José Freitas (Republicanos). 

Texto

Grazielle Araujo (reg.prof. 12855)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:terceirizadasImesfatenção primáriacontratos