Plenário

Câmara celebra os 150 anos do Mercado Público

  • Homenagem aos 150 anos do Mercado Publico de Porto Alegre.
    Adriana Kauer recebe diploma entregue por Adeli Sell (c) e Mendes Ribeiro (Foto: Débora Ercolani/CMPA)
  • Homenagem aos 150 anos do Mercado Publico de Porto Alegre.
    Permissionários e frequentadores do Mercado Público prestigiaram homenagem prestada pelos vereadores (Foto: Débora Ercolani/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre celebrou, durante a sessão ordinária no Plenário Otávio Rocha, na tarde desta quinta-feira (3/10), o transcurso dos 150 anos do Mercado Público da Capital, que foi inaugurado no ano de 1869. Proposta pela Mesa Diretora, a homenagem foi presidida pelo vereador Mendes Ribeiro (MDB) e contou com a presença de permissionários e integrantes da Associação do Comércio do Mercado Público Central (ASCOMEPC).

“Bem-vindos todos os mercadeiros”, saudou o vereador Adeli Sell (PT), em nome da Mesa Diretora, ao dizer que “hoje é dia de festa”. Adeli mencionou o fato de o Mercado ser um prédio histórico, fazer parte do patrimônio cultural da cidade, que viabiliza a entrada de “pobres, ricos e remediados” e que tem “cheiro de povo, de comida e de coisas importantes”. Segundo ele, ao todo são cerca de 1.200 trabalhadores e mais de cem mercadeiros. “Por isso, hoje estamos aqui pedindo para que ele continue sendo esse espetáculo, a alma de Porto Alegre”, falou. 

Associação

Adriana Kauer, presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central disse estar comovida com a homenagem, “especialmente pelo fato de que as pessoas estão acordando para a situação de nebulosidade e indefinição do nosso amanhã”. Ela lembrou que, no dia 17 de outubro, haverá audiência pública para debater o projeto de concessão do Mercado e pediu, mais uma vez, o apoio dos vereadores “em defesa da pluralidade, da tradição e da universalidade”. A permissionária destacou que o Mercado tem, na sua essência, a presença de produtos simples e sofisticados e um atendimento sem distinção que não pode se perder.  

 “Será que um gestor terá esse mesmo olhar?”, questionou. Adriana defendeu que os próximos 150 anos sejam construídos coletivamente, com as mãos de todos, inclusive dos que até aqui deram o seu melhor para mantê-lo. “Será que um investidor estará lá com tanto amor como a gente? Com o carinho que nós temos?”, indagou, reafirmando que o caráter público do Mercado se encerra no seu próprio nome.

Vereadores

Os vereadores e vereadores do Legislativo, no período destinado à homenagem, fizeram as seguintes manifestações:

DEMOCRACIA - Cláudio Janta (SD) saudou os permissionários do Mercado. Avaliou, contudo, que caso seja feita alguma modificação na administração do patrimônio, será por quem “não conhece a cultura que ele tem”. Janta o citou como uma “casa de igualdade”, pois, ao mesmo tempo em que “podemos comprar 50 gramas de mortadela, também podemos comprar a tal pata negra”. Portanto, afirmou o vereador, o local é “um dos maiores exemplos de democracia na nossa cidade”. (BSM)

PÚBLICO - Valter Nagelstein (MDB) lembrou que o Mercado já passou por incêndios e sempre se reergueu. Além disso, se referiu ao Mercado como “a jóia rara” que ele significa para a cidade e que precisa “ser olhado com carinho, cuidado, atenção e respeito”. Na oportunidade, Nagelstein destacou o público atendido, que ultrapassa as pessoas do município. “A história dele é a história de todos.”0 (BSM)

TRADIÇÃO - “Não confundam o Mercado Público com shopping”, comentou Idenir Cecchim (MDB), ao relatar que, por isso, “ele tem as características que os permissionários mantêm”. Na tribuna, Cecchim disse que se ouve, por aí, falar em “modernização”, mas que a “tradição” que a estrutura tem não deve ser perdida nunca. Sem contar, igualmente, “que ele é democrático e resistente”, enfatizou o emedebista. (BSM)

TRADIÇÕES  - Cláudia Araújo (PSD) relembrou a história do Mercado Público. “É um prédio histórico e faz parte das tradições da Cidade”, disse a vereadora, enfatizando que o local é alvo de manifestações culturais e comunitárias. Falou também das religiões afros, que são representadas através de um “cruzeiro central” em forma de pedra. “Representando o trabalho e a fartura”, enfatizou Cláudia. A parlamentar falou ainda das dificuldades que o Mercado enfrenta. “São longas, e há um caminho árduo a ser perseguido.” (RA)  

PERMISSIONÁRIOS - Engenheiro Comassetto (PT) defendeu que a privatização do Mercado Público deve passar pelos permissionários que lá estão há anos. “Não podemos simplesmente entregar para a iniciativa privada sem levar em conta todos esses anos que os permissionários construíram.” Falou que, no governo Olívio Dutra, à frente da prefeitura, teve oportunidade de ser um dos diretores da Smic. “E ele determinou fazer a restauração do Mercado, fazendo com que aquela joia brilhasse ainda mais.” O parlamentar falou ainda que foi a ex-presidente Dilma Rousseff que liberou R$ 17 milhões para restauração do local. “É incrível dizer isso, mas R$ 10 milhões ainda estão parados por falta de projeto”, enfatizou.  (RA) 

SÍMBOLO - Karen Santos (PSOL) disse que o Mercado Público é símbolo de trabalho e trabalhadores. “Foi construído por um povo que passou por processo de escravização.” Falou que preocupa o processo de privatização, previsto pelo governo Nelson Marchezan. “Não podemos colocar nas mãos de empresários que só visam ao lucro”. A vereadora comentou que, na próxima semana, terá uma reunião na Comissão de Economia e Finanças (Cefor) da Casa para tratar da participação da presença dos povos africanos na vida do Mercado. “Nos preocupa a intolerância e o racismo religioso e as restrições que estão sendo impostas”, disse Karen, defendendo uma construção coletiva entre permissionários e governo. (RA)

MELHORIAS - Roberto Robaina (PSOL) parabenizou Adeli Sell (PT), que propôs a homenagem ao Mercado Público. “Ele tem uma preocupação constante com o nosso Mercado.” Falou que lamenta que a atividade parlamentar não permita que se lute por melhorias para o Mercado. “Só podemos fazer com que não piore”, lamentou o parlamentar. Falou da privatização, proposta pelo governo Marchezan. “A lógica desse governo é privilegiar interesses de grandes grupos privados”, ressaltou, dizendo que Marchezan não aposta no processo de revitalização do local. (RA)  

AFRO - Airto Ferronato (PSB) parabenizou “o Mercado Público, a cidade e os permissionários que fazem a história” do local. O parlamentar defendeu que o Mercado seja de fato público e divulgou reunião da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor), a ser realizada no próximo dia 8, às 10h, para tratar sobre a presença da economia dos povos de matriz africana na vida e na história do Mercado Público de Porto Alegre e o impacto da privatização. “Vida longa ao Mercado Público, que para nós precisa ser público”, afirmou. (ALG)

SINGULARIDADES - Dr. Goulart (PTB) citou que conheceu o Mercado Público “através dos sorvetes da Banca 40, do cheiro das especiarias que só lá vendem, pela festa que se fazia de Paulinho Xeroquê” e outras singularidades, mas que passou a ter uma relação com o local quando foi titular da Secretaria Municipal da Indústria e do Comércio (Smic), quando teve a oportunidade de resgatar os títulos “que há anos não eram dados aos permissionários” e de fazer modificações para melhorar o atendimento à população. Por fim afirmou que “para tocar o Mercado temos que ter o acúmulo de um século e meio que são os funcionários e as pessoas que dirigem as lojas junto com poder público”. (ALG)

ESFORÇO - Márcio Bins Ely (PDT) manifestou-se contrário à privatização da operação do Mercado Público e relatou que esteve reunido com representantes da Associação do Comércio do Mercado Público Central, onde verificou a preocupação de todos com a possível privatização e com a retenção dos recursos do fundo que deveria ser utilizado para a revitalização do local. Para o vereador, o Mercado faz parte do patrimônio da cidade e diz muito sobre sua história. Ele também ressaltou o “enorme esforço” dos permissionários, que chegam a trabalhar mais de 10 horas por dia. “Aqueles que se dispõem a manter uma porta aberta ali merecem o nosso reconhecimento”, afirmou. (ALG)

SUPERAÇÃO - Hamilton Sossmeier (PSC) destacou o histórico do Mercado Público, que completa 150 anos resistindo a incêndios e inundações. Lembrou que o estabelecimentol, por onde já passaram ilustres gaúchos, é local de visita para quem vem do interior e de outros estados. Frisou, ainda, que o Mercado viu a cidade se modernizar sem perder suas características. “Superou diversos momentos porque soube ser mais do que um mercado”, afirmou. (ALG)

REFERÊNCIA - Presidindo a sessão, o vereador Mendes Ribeiro (MDB) finalizou a homenagem lembrando que os mercados públicos são referência nas suas cidades. “E não é diferente em Porto Alegre, onde temos grande orgulho de contar com esse importante espaço e gratidão por tudo o que os permissionários fazem por ele e pelo conjunto da cidade. (MG)

Texto

Bruna Schlisting Machado (estagiária de Jornalismo)
Regina Andrade (reg. prof. 8.423)
Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)
Milton Gerson (reg.prof. 6539)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:150 anosMercado Público