Plenário

Câmara destaca luta para manutenção da Escola Porto Alegre

  • Relato do Trabalho Realizado pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Alegre e Solicitação de apoio para preservá-la.
    Comunidade escolar prestigiou sessão da Câmara que homenageou a EPA (Foto: Débora Ercolani/CMPA)
  • Relato do Trabalho Realizado pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Alegre e Solicitação de apoio para preservá-la. Na foto, Professor Everson Pereira da Silva.
    Everson da Silva relatou que EPA esteve ameaçada de fechar em 2014 (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre dedicou o período de Comunicações da sessão plenária desta quinta-feira (5/5) a ouvir a manifestação de representantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Alegre, localizada na Rua Washington Luiz, 203, no bairro Centro Histórico, que atende, em sua maioria, alunos de vulnerabilidade social. De acordo com o professor Everson Pereira da Silva, a EPA, como é chamada, esteve ameaçada de fechar quando, em 2014, o encerramento das suas atividades foi solicitado pelo ex-prefeito José Fortunati. Entretanto, explicou o professor, a instituição de ensino garantiu, após três anos funcionando sob efeito de liminar do poder judiciário, o direito de permanecer prestando o serviço à comunidade.

“Com 24 anos comemorados em agosto passado, a escola foi fundada em 1995 a partir de um projeto piloto, em parceria com a extinta Fesc, que envolveu dez professores e levava a educação a cidadãos em situação de rua que tinham vontade de estudar”, destacou o docente. Segundo ele, as instalações oferecidas como provisórias se tornaram permanentes e recebeu também alunos da antiga Vila Chocolatão.

Everton ressaltou, também, o apoio do núcleo de trabalho educativo, que dá formação e permite a geração de renda por meio do artesanato, assim como o fato de que é na escola que os alunos recebem “possivelmente” a única refeição do dia. De acordo com o professor, “é um trabalho que extrapola a sala de aula; é o lugar onde esses cidadãos invisíveis aos olhos da maioria chegam para tomar banho e café; que os acolhe, orienta para lhes dar um processo de aprendizagem”, falou aos parlamentares presentes à sessão.

O encaminhamento dos alunos aos precários serviços de educação de saúde foi igualmente destacado por Everton. Ele lembrou que a EPA é premiada nacionalmente, “a única escola do Brasil a atender pessoas em situação de rua”, e tem reconhecimento internacional.

Everton definiu como “atitude leviana, desumana e cruel” a tentativa de fechamento da escola pelo ex-prefeito José Fortunati e de “higienização” a política de tratamento dos cidadãos em situação de rua pela atual administração. Cobrou a presença do secretário de Educação nas escolas da rede municipal, saudou o apoio recebido da Defensoria Pública e pediu aos vereadores apoio à luta da EPA.

Maior estrutura

O vereador Professor Alex Fraga (PSOL) disse que é preciso garantir maior estrutura à EPA, para que possa atender a um número maior de cidadãos. “Tem poucas vagas, é uma escola pequena, e deveríamos ter esse serviço ampliado para outras EPAs espalhadas pelas regiões da cidade”, projetou. Recordou a fala do antropólogo Darcy Ribeiro de que o fechamento de escolas representará a construção de presídios e disse que a educação é um direito básico que deve ser oferecido pelo Estado.

Fraga ainda ressaltou que quem estuda a educação sabe que cada público alvo tem as suas particularidades e que, neste caso, “colocar todos no mesmo patamar é injusto”. Finalizou elogiando o carinho e a dedicação do professor Everson e dos demais integrantes do corpo docente e diretivo da EPA.

O apoio à instituição de ensino foi estendido pela presidente da Casa, vereadora Mônica Leal (PP). A parlamentar disse que o Legislativo está à disposição da escola para garantir a manutenção e a ampliação do atendimento da EPA. “Escutei atentamente as falas sobre o trabalho realizado ao longo de 24 anos da EPA. E, por sua importância, é um dever de todos estar junto a essa causa”, finalizou. As manifestações foram acompanhadas pela diretora da EPA, professora Jaqueline Junker Fuques, e pela aluna Luana Gonçalves da Silva, que também utilizou brevemente a tribuna para destacar o trabalho da instituição para as pessoas em situação de rua.

Texto

Milton Gerson (reg. prof. 6539)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:Escola Porto Alegre