Plenário

Câmara realizará audiência sobre remoção da Dique

Moradores da comunidade protestaram Foto: Camila Domingues
Moradores da comunidade protestaram Foto: Camila Domingues

Frente manifestações contrárias de representantes da Vila Dique, presentes nas galerias do Plenário Otávio Rocha na sessão desta quinta-feira (25/6), a Câmara Municipal de Porto Alegre decidiu promover audiência pública para ouvir a opinião da comunidade sobre o projeto do Executivo de remoção e reassentamento. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara, vereador Sebastião Melo (PMDB), durante a sessão, à qual compareceram também o diretor do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), Humberto Goulart, e técnicos do órgão e da Caixa Econômica Federal. A audiência será realizada às 14 horas do dia 4 de julho em local a ser definido. 

Goulart lembrou que a Dique será removida e reassentada para que possa ser estendida a pista do Aeroporto Interncional Salgado Filho. Segundo ele, com a medida, o aeroporto ganhará em capacidade de pouso de grandes aeronaves de carga, "colocando a Capital na rota do grande comércio". Goulart garantiu que está pronta a infraestrutura básica no local de assentamento e que, em breve, será iniciada a mudança das famílias. De acordo com o diretor, o conjunto residencial terá 1.496 unidades habitacionais para acomodar cerca de 4 mil pessoas.

Goulart se disse espantado com os protestos dos moradores da Dique, já que, segundo ele, o projeto foi discutido exaustivamente com a população do local. "Recebi 11 vezes representantes da comunidade e fizemos uma audiência pública para tratar do assunto", contou. Na opinião de Goulart, os moradores da Dique não deveriam dar ouvidos a quem tenta aliciá-los para que se oponham à transferência e ao tamanho das novas casas.

O superintendente de Engenharia do Demhab, Carlos Henri Reis, garantiu que o Demhab atendeu às reivindicações da comunidade de transferir todas as famílias para o mesmo terreno. De acordo com ele, serão contruídos sobrados e edifícios, que incluem apartamentos adaptados para cadeirantes, também solicitados. Outra reivindicação atendida, conforme Reis, foi a construção de pátios individuais. Segundo o engenheiro, cada unidade terá 42,35m2 de área privativa. Além das moradias, haverá unidades comerciais. "O comerciante ganhará a casa e o comércio", informou. Reis ainda afirmou que serão gastos R$ 69 milhões dos governos federal, estadual e municipal no empreendimento.

O superintendente de Ação Social e Cooperativismo do Demhab, Luiz Carlos Severo, lembrou que uma solução para a  Dique vem sendo discutida desde 1998, mas somente em 2007 a ideia começou a sair do papel, a partir de acordo entre os governos federal, estadual e municipal. A partir daí, segundo Severo, o Executivo começou a sofrer pressões de famílias que não moravam na região e do comércio local. Severo alertou que, se o processo de reassentamento for paralisado agora, poderá levar mais cinco anos para se concretizar. Na sua opinião, antes de reclamar do projeto em andamento, os moradores da Dique deveriam lembrar que o empreendimento precisa atender aos interesses coletivos e não aos individuais.

A realização da audiência na tarde de 4 de julho, um sábado, foi definida em reunião no Salão Nobre Dilamar Machado com representantes da Vila Dique, e vereadores de diversos partidos. A intenção é permitir o comparecimento do maior número possível de moradores. A conversa foi dirigida pelo 2º vice-presidente da Câmara, Toni Proença (PPS).

Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)      

Ouça:
Remoção da Dique sai até o final de julho