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Carris teve prejuízo de R$ 74,7 milhões em 2016, indica auditoria

Atual diretoria afirma que a companhia vem melhorando sua saúde financeira com novo modelo de gestão.

  • Reunião Ordinária com a seguinte Pauta: esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis da Companhia Carris Porto-Alegrense, referentes ao ano de 2016. Na foto, o diretor Administrativo-Financeiro, Cesar Griguc.
    César Griguque atribuiu diminuição do rombo financeiro às medidas tomadas pela atual gestão (Foto: Henrique Ferreira Bregão/CMPA)
  • Reunião Ordinária com a seguinte Pauta: esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis da Companhia Carris Porto-Alegrense, referentes ao ano de 2016.
    Lourdes Sprenger (d) sugeriu que diretoria da Carris explique modelo de gestão, em sessão plenária, aos demais vereadores (Foto: Henrique Ferreira Bregão/CMPA)
Em reunião da Comissão de Economia Finanças Orçamento e Mercosul (Cefor), nesta terça-feira (26/6), a diretora-presidente da Carris, Helen Machado, contestou os números apresentados pela administração passada sobre o rombo financeiro da companhia. Conforme novo levantamento feito por uma auditoria externa, disse Helen, o prejuízo entre 2015 e 2016, apontado anteriormente em R$ 50 milhões, totalizaria na verdade R$ 74,7 milhões - quase R$ 25 milhões a mais do que havia sido divulgado pela administração anterior.

Em contrapartida, anunciou a diretora-presidente, no ano de 2017 o rombo financeiro foi reduzido em R$ 30 milhões, ficando em torno de R$ 44 milhões. A previsão é reduzir em mais R$ 21 milhões em 2018, devendo zerar o prejuízo ao final de 2019. Em 2020, a Carris poderá produzir resultado positivo.

O diretor-financeiro da companha, César Griguque, atribuiu a diversos fatores essa inversão positiva, contrariando a previsão de inviabilidade da Carris, preconizada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) no começo de sua administração. O fim da gratuidade da segunda passagem, a implantação de um programa de gestão da qualidade para os 1,8 mil funcionários ativos e a qualificação e desenvolvimento de lideranças são o tripé do plano de recuperação da Carris. 

Na primeira etapa do programa de melhoria da gestão, foram 5 mil horas de treinamento. Em 2018, serão 17 mil horas, e esse número irá dobrar até a virada deste ano para o começo de 2019, como prevê o diretor financeiro. Melhorar a comunicação com públicos internos e externos, modernização dos equipamentos, instalação de GPS nos ônibus e sistema de reconhecimento facial são exemplos das reformas em andamento na frota da Carris. Griguque explicou que a nova gestão assumiu a empresa com 100 carros na oficina, para uma frota de 340. Em breve, todos estarão em operação e a licitação para compra de novos está em elaboração, adiantou.

Profissionalização 

Além disto, o diretor criticou a gestão financeira passada, considerada anacrônica, com uso de cheques e de valores em espécie para os pagamentos e operando com vários bancos. Atualmente, os pagamentos estão centralizados num banco e por sistema eletrônico. A Carris buscou ainda R$ 2 milhões somente em recuperação financeira junto ao INSS. Ocorreu também a redução do número de cargos em comissão (32 para 24) e diversas funções gratificadas também foram revisadas e retiradas. 

Questionamentos

Dentre os integrantes da Cefor presentes na reunião, Airto Ferronato (PSB) se disse "um torcedor fanático" da Carris. Ele expôs sua preocupação sempre que se ouve falar sobre privatização e elogiou a perspectiva de a empresa fechar com lucro operacional em 2020. Fabrício Lunardi (Novo) opinou da necessidade de os governos futuros seguirem o mesmo plano de gestão, uma vez que vem dando certo. 

A vereadora Lourdes Sprenger (MDB) sugeriu o comparecimento da diretoria da Carris em plenário para que o conjunto dos vereadores possam conhecer o novo modelo de gestão. “É importante dividir as informações com os demais integrantes da Casa”, argumentou. O presidente da Cefor, João Carlos Nedel (PP), chamou a atenção para o passivo judicial da Carris, pois, entre causas cíveis e trabalhistas, a empresa é devedora de R$ 17 milhões.

Texto: Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)