Casartelli contesta denúncias sobre o Presidente Vargas
Durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal, nesta sexta-feira (14/3) à tarde, o diretor do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV), Carlos Henrique Casartelli, afirmou que há distorções nas denúncias feitas à Comissão pela presidente da Associação dos Servidores do HMIPV, Cleusa Borges. Nenhum representante da Associação se fez presente à reunião, que foi solicitada à Cosmam pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Sebastião Melo (PMDB), a partir de denúncias feitas pela Associação. Entre outros problemas, os funcionários haviam apontado a falta de manutenção na rede de ar comprimido do hospital, a existência de um elevador estragado há mais de três meses, o roubo de cabos na subestação de abastecimento de energia da Radiologia e a necessidade de reformas em alguns setores do hospital.
O vereador Aldacir Oliboni (PT) disse estranhar a ausência de representantes da Associação de Funcionários à reunião, uma vez que a entidade havia solicitado a reunião e denunciado que o HMIPV estaria em situação precária, com diminuição sensível de leitos e perseguição a vários funcionários. Segundo Oliboni, eles estariam sendo colocados à disposição "por se oporem à politica de sucateamento do Hospital", o que explicaria a ausência.
De acordo com Casartelli, o conserto do elevador do bloco A - estragado há dois meses - já haviam sido autorizados. "Quando há troca de peças, é necessário seguir trâmites burocráticos, e o elevador ficou parado porque não existia orçamento para o conserto naquele momento." O outro elevador, explicou, ficou parado durante sete dias, pois o pedido de conserto teve de receber parecer da Procuradoria, o que demorou cinco dias úteis. Sobre os problemas verificados no ar comprimido, o dirigente garantiu que se tratou de "um acidente" e negou qualquer prejuízo a crianças recém-nascidas, como havia denunciado a Associação. "A rede de ar comprimido tem uma série de filtros, e o filtro interno provocou vazamento, que não chegou à rede. Houve apenas um odor na rede, mas engenheiros do hospital nos garantiram que a rede poderia ser utilizada", disse Casartelli. Ele afirmou que a transferência de crianças recém-nascidas se tratou apenas de uma medida de segurança, sem qualquer risco.
Já o roubo de cabos na subestação de abastecimento de energia, garantiu o diretor, não teve nenhuma relação com o Setor de Radiologia, cujos serviços não sofreram interrupção. "Não houve diminuição de ecografias; ao contrário, houve aumento." Segundo ele, técnicos garantiram que não havia necessidade de fazer a troca de cabos com urgência, pois já que estava prevista uma reforma das instalações elétricas do prédio. Sobre a reforma do laboratório neonatal, que realiza 35 mil a 40 mil exames por mês, casartelli informou que recursos já foram aprovados pelo Conselho Municipal de Saúde e, assim que forem liberados, ela será começada. Quanto à denúncia de equipamentos estarem estragados há mais de um ano, explicou que o gasto para o conserto desses equipamentos seria muito maior do que a compra de equipamentos novos, pois a maioria deles não podem mais ser consertados.
Atendimentos
O diretor do HMIPV negou que houvesse uma diminuição no percentual de atendimentos do hospital, que possui 160 leitos desde 2005. "o número de internações hospitalares, em 2005, AIHs foi maior do que 2004, assim como aumentou em 2006, em relação ao ano anterior. Em 2007, no entanto, não houve a Operação Inverno." Segundo ele, a emergencia pediátrica está em reforma e seus dez leitos não estão funcionando. "Em janeiro e fevereiro, todos os hospitais têm uma diminuição no número de atendimentos. Em março, tivemos uma média de 105 internações por dia." Casartelli também negou veementemente qualquer perseguição política a funcionários por parte da diretoria do hospital. "Desafio a Associação de Funcionários a identificar algum servidor afastado por perseguição na atual gestão. Número de desligamentos é muito baixo, e nenhum por motivos políticos", assegurou. Ele informou ter recebido denúncias de que servidores de uma cooperativa haviam recebido lanches para participarem de assembléia e ato público realizado recentemente pela Associação.
O vereador Aldacir Oliboni mostrou fotos a Casartelli em que apareciam o interior da ambulância número 8859, utilizada pelo HMIPV, sem trinco para abrir a porta, o tubo de oxigênio amarrado com corda e uma válvula presa apenas por um arame. "A população não pode ficar a mercê de um gestor que não dá satisfações. O gestor é responsável por qualquer instrumento que esteja dentro do hospital." casartelli, no entanto, eximiu o Presidente Vargas de qualquer responsabilidade sobre a manutenção das ambulâncias: "Elas não pertnecem ao Hospital, são cedidas pela Secretaria Municipal da Saúde. A ambulância disponível é diferente a cada dia", argumentou.
A presidente da Cosmam, vereadora Neuza Canabarro (PDT), e a vice-presidente, vereadora Maria Celeste (PT), propuseram uma visita dos vereadores ao HMIPV, acompanhados dos integrantes do Conselho Municipal de Saúde, para que todos os pontos discutidos na reunião sejam verificados in loco. "Estamos ouvindo as partes envolvidas, sem qualquer prejulgamento", explicou Neuza. Também estavam presentes à reunião os vereadores Claudio Sebenelo (PSDB), Dr. Raul (PMDB), Newton Braga Rosa (PP) e Adeli Sell (PT).
Belém Velho
A Cosmam também tratou, na tarde desta sexta-feira (14/3), das reformas previstas para a Unidade Básica de Saúde (UBS) Belém Velho, na Zona Sul da cidade. A reunião havia sido solicitada à Cosmam por Marco Martins, integrante do Conselho Distrital de Saúde da região que abrange os bairros Glória, Cruzeiro do Sul e Cristal. Segundo ele, a comunidade da região estaria preocupada com as implicações da parceria firmada entre Prefeitura e Hospital Divina Providência para a gerência da UBS Belém Velho. "Eles (a comunidade) denunciam que estaria sendo imposta a transformação da sede da UBS em uma unidade do Programa Saúde da Família (PSF). A comunidade não aceita perder esse serviço e fez um abaixo-assinado pela manutenção da Unidade de Saúde."
Glauco Chagas, representando a direção do Divina Providência, esclareceu que o Hospital havia manifestado interesse, em 2007, em assumir novas equipes do PSF em Porto Alegre, uma vez que já disponbilizavam uma equipe ao PSF Rincão. O objetivo da instituição, segundo Glauco, seria o de agregar serviços para a comunidade da região. Pelo convênio firmado com a Prefeitura, explicou, o Divina Providência assumiria a gerência da UBS, reformando o prédio e implantando uma equipe de PSF, enquanto o Executivo cederia a mão-de-obra para a reforma.
A vice-presidente da Cosmam, vereadora Maria Celeste (PT), solicitou que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) envie aos vereadores os termos do contrato com o Hospital Divina Providência, para que possam ser analisados. A presidente da Comissão, vereadora Neuza Canabarro (PDT), voltou a criticar a "postura desrespeitosa" do secretário municipal de Saúde, Eliseu Santos, em relação à Cosmam e ressaltou a necessidade de convocá-lo para que preste esclarecimentos aos vereadores. Dr. Raul (PMDB) avaliou que a solução do problema dependeria apenas de "um acerto de detalhes" entre as partes e elogiou a disposição em colaborar manifestada pelo Divina Providência.
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)