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Cece discute verba não repassada à Semana Municipal do Hip Hop

Lei Orçamentária Anual 2017 - Emendas
Reunião foi realizada na tarde desta terça-feira (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

As verbas aprovadas na Lei Orçamentária Anual 2017 (LOA) foi tema de reunião ordinária da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre na tarde terça-feira (16/5), especialmente o recurso de cerca de R$ 50 mil destinados para a realização da Semana Municipal do Hip Hop.

O haper Gangster afirmou que os R$ 50 mil destinados por lei para a realização da semana do Hip hop já estão muito atrasados, tendo em vista que o evento deveria ocorrer até maio, e ainda não há nenhuma previsão de recurso. “É uma lei que não está sendo cumprida, queremos que se comprometam conosco, parece que estamos pedindo um favor, mas esse é um direito nosso”, declarou.

Todos os dias jovens morrem nas comunidades de Porto Alegre, afirmou o professor de história e instrutor de oficinas Jorge Cristiano, que defendeu que o Hip Hop, a educação e a cultura são uma alternativa de prevenção e combate à criminalidade na cidade. “É na vila onde tudo acontece, só se resolvem os problemas com investimentos tanto da iniciativa privada, como do poder público, crianças que poderiam estar participando de oficinas e atividades extraclasse acabam sem ter o que fazer no turno inverso ao da aula, muitas delas morrem com um tiro na cabeça por estarem simplesmente andando nas ruas da sua comunidade”, disse.

O rapper Juquinha disse ter a impressão de que o governo Marchezan Jr. quer empurrar tudo para o privado. “Eu pergunto: e as políticas públicas? Devemos agir na raiz dos problemas e nós, do movimento Hip Hop queremos apoiar o governo e construir juntos alternativas para que os jovens consigam vislumbrar outro estilo de vida que não seja o da criminalidade”, finalizou. 

Executivo

Eduardo Paim, chefe de gabinete da Secretaria de Cultura de Porto Alegre, destacou que a pauta levantada é muito importante e reconheceu a capilaridade que é desenvolvida através do Hip Hop nas comunidades. “Compreendo que talvez vocês possam interpretar que o poder público não está valorando esse movimento, contudo, estamos vivenciando uma grave crise econômica e nosso trabalho é tentar encontrar um denominador comum entre as finanças e a cultura, mas tenham a certeza que a discussão não encerra aqui nesta tarde”, afirmou. Paim ainda salientou que cada vez mais a cultura terá de trabalhar por sua sustentabilidade. “Não se pode apenas depender do poder público, porque se isso acontecer, lamentavelmente, essas iniciativas acabam perecendo”, concluiu.

Felipe Tisbrerek, da coordenação municipal da juventude, ressaltou que em governos anteriores existia um orçamento e que neste momento a pasta a qual representa está vinculada ao orçamento do Desenvolvimento Social, e a verba é restrita. Ele citou pesquisa que indica que 67% dos jovens hoje no Presídio Central possuem entre 18 e 24 anos. “Há poucos anos atrás esses mesmos jovens eram crianças que poderiam ter desviado do caminho do crime se tivessem a oportunidade de contato com a educação e a cultura”, afirmou, enfatizando que é um defensor dessa causa.

Vereadores 

Reginaldo Pujol (DEM) destacou que já no governo anterior a cultura foi um dos setores mais afetados na capital em virtude da redução de custos da prefeitura. “Já ouvi do prefeito de Porto Alegre que não tem recursos para Feira do Livro, para o Carnaval, para a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes e a realidade que percebo hoje é que não tem recurso público. Essa é uma dura realidade”, sustentou.

Sofia Cavedon (PT) sugeriu que os secretários de Cultura e da Fazenda de Porto Alegre compareçam à Câmara para abrirem o orçamento da cultura da capital. “Além disso, também proponho que algumas iniciativas e eventos sejam feitos em parceria unificando recursos”, disse.

Matheus Ayres (PP) convidou todos os presentes a participarem de uma reunião que promoverá em uma noite de junho em que mobilizará a Secretaria de Cultura e pequenos e microempresários para apoiarem projetos sociais que necessitem incentivos. “Estou aqui para ajudar a criar espaços”. 

Tarcísio Flecha Negra (PSD) declarou que fez muito trabalho nas periferias. “A minha experiência me mostra que um país só é de primeiro mundo quando o esporte, a educação e a cultura caminham juntos. A minha bandeira é a inclusão social e o papel do vereador é dar condições para seu povo”, finalizou.

Texto: Lisie Venegas (reg. prof. 13688)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)