Cedecondh debate demissão de professor do Pão dos Pobres
A Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh), da Câmara Municipal de Porto Alegre, recebeu, nesta terça feira (25/06), alunos, pais, ex-professores e a assessoria jurídica da rede La Salle, entre outra entidades. A pauta da reunião foi a demissão do professor de história Giovanni Biazetto, da Escola La Salle Pão dos Pobres, que, segundo ele, ocorreu por "motivos de ordem religiosa e coerção moral".
Biazetto trabalhava na instituição há quatro anos e nove meses e foi demitido no final do 1º trimestre, após um conselho de classe. A escola conta com 430 alunos, sendo que 70% destes possuem bolsa integral e 25%, bolsa parcial. O grupo de pais e alunos denunciou a ameaça ao Conselho Tutelar e o caso está sendo investigado no Ministério Público Estadual (MPE).
O professor disse que, com a chegada do novo diretor, o irmão Olir Fachinello, começaram perseguições contra ele pelo seu modo de agir com os alunos, pelas suas gírias e também em razão do seu entendimento da Bíblia pelo viés da Teologia da Libertação. Em nenhum momento, me disseram que eu deveria dar uma aula com doutrina religiosa. Agora imagina que coerção é para um professor que não tem aquela crença escutar o diretor dizer: Todos vocês têm que falar sobre os dons do Espírito Santo em sala de aula, afirmou.
Gabriela Bercht, professora de filosofia, pediu demissão da escola, em solidariedade a Biazetto e pelas normas educacionais impostas pelo novo diretor. Gabriela disse que estava se sentindo cada vez mais coagida a trabalhar em aula questões ligadas a conteúdo religioso. Após a demissão de Biazetto, no dia 17 de maio, um grupo de pais e alunos protestaram em frente à escola contra a atitude da direção. A informação é de que os estudantes foram proibidos de fazer protestos, o que gerou indignação por parte dos jovens, pais e professores.
Escola
De acordo com a rede La Salle Pão dos Pobres, o motivo da demissão do professor de história foi uma questão técnico-pedagógica. Segundo a assessora educacional da instituição, Rosemari Fackin, o ensino religioso nas escolas lassalistas segue os parâmetros determinados em lei e trabalha os valores cristãos de forma não catequista. Não temos a ideia de catequizar os alunos. Fazemos reflexões diárias, o que não quer dizer que seja uma reza ou algo doutrinário, informou.
No final da audiência, a presidente da Cedecondh, vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), fez três encaminhamentos. A comissão agendará uma nova audiência, visitará o diretor do La Salle Pão dos Pobres, irmão Olir Fachinello, e levará os problemas relatados para o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro/RS). Participaram da reunião os vereadores Any Ortiz (PPS), Luíza Neves (PDT), Marcelo Sgarbossa (PT), Mario Fraga (PDT) e Mônica Leal (PP).
Texto: Guga Stefanello (reg.prof. 12.315)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)