Seminário

Collares e Dib evocam o legado de José Aloísio Filho

Ex-prefeitos e vereadores falaram sobre a conquista de uma sede pela Câmara Foto: Tonico Alvares/CMPA
Ex-prefeitos e vereadores falaram sobre a conquista de uma sede pela Câmara Foto: Tonico Alvares/CMPA (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
O papel do ex-vereador José Aloísio Filho para a conquista de uma sede própria para a Câmara Municipal de Porto Alegre foi lembrado pelos ex-prefeitos e ex-vereadores Alceu Collares e João Dib na tarde desta quarta-feira (4/5) no seminário 30 Anos do Palácio Aloísio Filho. O evento marcou a inauguração da sede do Legislativo, ocorrida em 1º de maio de 1986. Collares e Dib participaram da mesa-redonda Testemunhos de uma Geração (1983-1988), que também reuniu no Auditório Ana Terra a vereadora Jussara Cony (PCdoB) e o vereador suplente Nereu D"Avila (PDT), que ocupavam uma cadeira na Câmara há 30 anos.

Dib recordou que Aloísio Filho, vereador por 27 anos e presidente da Casa diversas vezes, foi o idealizador da construção da nova Câmara, buscando apoio para a obra junto à prefeitura. Infelizmente ele faleceu em 1979, antes da conclusão do prédio. O ex-vereador pelo PP e ex-prefeito ainda lembrou dos primeiros tempos na sede da Avenida Loureiro da Silva - projetada no início dos anos 1970, na gestão do prefeito Telmo Thompson Flores, e iniciada na gestão do ex-prefeito Guilherme Socias Villela, hoje vereador pelo PP. “Aqui onde estamos funcionava o plenário. Estive na solenidade de inauguração. A Casa ainda não estava pronta, mas todos foram construindo um pedacinho”, afirmou.

De acordo com Dib, prefeito da Capital de 1983 a 1985, Collares também teve participação decisiva para a ocupação do Palácio. Como atestou, não havia mais condições de trabalho nos altos do Edifício José Montaury, onde funcionava o Legislativo, e Collares, seu sucessor na prefeitura, “com muito esforço, colocou o prédio novo em funcionamento”. Dib ainda expressou: “É uma grande satisfação estar aqui 30 anos depois, neste mesmo local, ao lado de Collares, Jussara e Nereu. Vivi muito momentos felizes aqui. Agradeço a todos. Saúde e paz”.

Intervenção

“Neste plenário, começou uma vida nova para esta Câmara”, iniciou Collares, enfatizando que a conquista muito se deveu ao empenho de Aloísio Filho. “Ele pensava em uma nova Câmara, com uma nova sede. E isso Nei Lima (ex-vereador pelo PDT) diz em seu projeto de 1983, que batizou o prédio.” Como recordou o ex-governador, Aloísio Filho era oriundo do 4º Distrito, tendo sido barbeiro, assistente social da Viação Férrea e líder comunitário, até eleger-se pela primeira vez, em 1951, permanecendo na Câmara até sua morte. “Ele era de uma dedicação e simplicidade extraordinárias”, frisou.

Collares revelou que, após o incêndio ocorrido em 1985, um laudo foi solicitado ao Corpo de Bombeiros, que atestou o perigo de os vereadores continuarem a trabalhar nos últimos andares do Edifício José Montaury. “Já prefeito, eu fiz uma intervenção na Câmara e disse que ela não podia mais funcionar lá”, contou. Os vereadores, então, segundo o ex-prefeito, foram transferidos para o Centro Municipal de Cultura, onde ficaram 43 dias, até que o atual prédio passasse por reformas que possibilitassem sua ocupação. “Esta é a história rápida da inauguração da sede da Câmara, em 1º de maio de 1986”, finalizou.

Gabinetes sem portas 

Dos vereadores que estavam na titularidade em 1986, Jussara Cony (PCdoB) é a única remanescente da época na Câmara. Nereu D’Avila, hoje na suplência, também ocupava uma cadeira na Casa. No seminário desta quarta-feira, eles lembraram daqueles tempos. Jussara recordou das dificuldades para trabalhar no antigo prédio e destacou: “Nós viemos para cá com apoio da prefeitura e da população”.

No início, segundo Jussara, nem portas havia nos gabinetes da nova Casa, mas, para ela, foi necessária a mudança para que os vereadores tivessem um espaço com mais dignidade para trabalhar e receber as pessoas. A vereadora ainda lembrou de muitos antigos colegas de Câmara, como Valdir Fraga, Lauro Hagemann, Antonio Hohlfeldt, Terezinha Chaise, Gládis Mantelli, André Forster  (presidente em 1986) e Caio Lustosa, entre tantos outros.

Nereu relatou a precariedade da sede da Câmara nos primeiros anos após a inauguração. “O carpete dos gabinetes e as janelas tiveram que ser pagos por nós e havia muitos tapumes”, citou. De acordo com ele, os vereadores haviam trabalhado por 41 anos no prédio da Prefeitura Nova, mas finalmente mudavam-se para uma sede própria. Na sua opinião, “caiu como uma luva” batizar a Casa com o nome de Aloísio Filho para homenagear alguém "que saiu do seio do povo" e tanto se dedicou à cidade. “E agradeço muito por estamos aqui lembrando essas histórias.”

A mesa-redonda da tarde contou com a presença do vereador Delegado Cleiton (PDT). O diretor da Escola do Legislativo Julieta Battistioli, jornalista Helio Panzenhagen, coordenou os trabalhos. 

Exposição e documentário

A programação em homenagem aos 30 anos do Palácio Aloísio Filho continua nesta quinta-feira (5/5), às 14 horas, no Auditório Ana Terra, com a exibição do documentário Marcos Klassmann, a trajetória de uma geração, sobre a vida do ex-vereador cassado pela ditadura militar. O documentário mostra a geração dos anos 70/80 na Câmara, incluindo o ex-vereador André Forster, do PMDB, que presidia a Casa em 1985 e 1986. A Câmara fica na Avenida Loureiro da Silva, 255. Informações: (51) 3220-4318, na Seção de Memorial.

Texto e edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)

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