Cosmam aborda impacto das mudanças climáticas em Porto Alegre
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu na manhã desta terça-feira (13/6) para debater meio ambiente, saúde animal e o impacto das mudanças climáticas. A pauta foi levada à comissão pela vereadora Lourdes Sprenger (MDB). O presidente da Cosmam, vereador José Freitas (Republicanos), conduziu a reunião.
A diretora de políticas e projetos de sustentabilidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), Rovana Bortolini, fez uma apresentação sobre as ações da secretaria no âmbito das mudanças climáticas. “Precisamos urgentemente colocar Porto Alegre em um sistema energético de baixo carbono”, disse. Ela ressaltou que, na COP 26, a Capital adotou o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050, e que as mudanças climáticas trazem riscos como calores extremos, enchentes e proliferação de vetores de doenças.
Rovana citou dados que mostram que, em Porto Alegre, o transporte – em especial, o transporte privado por carros – é o maior emissor dos gases que causam o efeito estufa, com cerca de dois terços do total de emissões. A prefeitura realizou um estudo, com recursos da Google, sobre a eletrificação da frota de ônibus do transporte coletivo, que mostrou que a iniciativa é viável. A diretora afirmou que a prefeitura tem se empenhado em conseguir recursos para a eletrificação, que demanda alto capital.
Rovana abordou o projeto de despoluição do Arroio Dilúvio, afirmando que está em elaboração uma operação urbana consorciada, em que a prefeitura buscará recursos por meio da venda de índices construtivos e os destinará para a despoluição e para a construção de um parque linear na Avenida Ipiranga. Ela afirmou que será contratada uma consultoria especializada para avaliar os aspectos ambientais, econômicos e jurídicos do projeto. A diretora também apresentou outras ações da secretaria, como rooftops sustentáveis, terrários urbanos, biodigestores em escolas, hortas urbanas comunitárias e o projeto do IPTU Sustentável, aprovado pela Câmara.
Dengue
A chefe da unidade de vigilância sanitária da Secretaria Municipal da Saúde, Denise Garcia, fez uma apresentação sobre as competências do órgão e falou sobre o aumento de casos de dengue na Capital. Ela afirmou que as mudanças climáticas favorecem o aparecimento em Porto Alegre de doenças tropicais, como dengue e leishmaniose, que anteriormente eram comuns apenas em outras regiões, mais quentes, do país.
Em resposta a questionamentos dos vereadores, ela reconheceu que os autos de infração, encaminhamentos e notificações da vigilância sobre a dengue “têm que ser mais efetivos”. Conforme Denise, “o inverno é estratégico para que a gente melhore a situação e minimize o número de casos”, a partir de mobilizações e campanhas de informação junto à população.
Patrícia Witt, chefe da Divisão de Pesquisas e Coleções Científicas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), afirmou que as mudanças climáticas provocam “uma alteração significativa no comportamento da biodiversidade” e a “proliferação de vetores e de doenças infecciosas que afetam tanto a saúde dos animais quanto a saúde da população humana”. Ela destacou que “a conservação da biodiversidade e o bem-estar humano estão relacionados, e isso começa na cidade, pois nós vivemos nas cidades”.
Poluição luminosa
O médico Silvio Luiz Doninelli chamou atenção para os problemas causados pela poluição luminosa na Capital. Ele afirmou que a troca das luminárias públicas por lâmpadas LED brancas impacta seres humanos, a fauna e a flora, e defendeu a utilização de luzes na cor âmbar – que, segundo ele, não causam prejuízos ao meio ambiente. Como encaminhamento, o vereador José Freitas sugeriu a realização de uma reunião específica da Cosmam para tratar sobre o tema.