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Cosmam avalia regulação de leitos para resolver superlotação de hospitais

Regulação de leitos e consultas foi avaliada nesta manhã Foto: Bolívar Abascal Oberto
Regulação de leitos e consultas foi avaliada nesta manhã Foto: Bolívar Abascal Oberto

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre debateu nesta terça-feira (15/2) a regulação e a informatização do sistema de atendimento hospitalar em Porto Alegre. Na mesma reunião, o presidente da Cosmam, vereador Thiago Duarte (PDT), oficializou a criação do Fórum Permanente de Debates sobre Superlotação das Emergências de Porto Alegre.

Integrarão o Fórum a própria Cosmam, as secretarias estadual e municipal de saúde, o Conselho Municipal de Saúde e representantes dos principais hospitais de atendimento pelo SUS em Porto Alegre, notadamente a Santa Casa, o Hospital das Clínicas, o HPS, o Hospital São Lucas da PUC e o Grupo Hospitalar Conceição.

Regulação

Sobre a regulação de leitos, a representante do Hospital São Lucas (PUC), Fernanda Longhi, citou a demanda elevada de pacientes de fora de Porto Alegre que entram pela emergência oncológica e neurológica pela falta de leitos específicos na Região Metropolitana. O vereador Raul Torelly (PMDB) lembrou que os chamados postinho de saúde poderiam atender problemas de média complexidade com algumas adaptações, mas esbarram na burocracia.

Dr. Raul disse ainda que estão tratando as patologias de forma errônea sem enxergar as interações entre as diversas doenças dos pacientes o que começa ficar comum por conta do envelhecimento da população brasileira – favorecendo a comorbidade entre diabetes, hipertensão e doenças reumáticas.

O vereador Aldacir Oliboni (PT) alertou para as carências da zona leste de Porto Alegre, a qual, por conta da falta de postos de saúde, acaba criando demandas desnecessárias no Hospital da PUC, superlotação em regiões como Lomba do Pinheiro e na Vila Bom Jesus. Entretanto, para Oliboni, uma vez atendido na PUC - por exemplo -, o cidadão deve entrar para o cadastro de pacientes daquele hospital.

Dr. Thiago lembrou que a idéia é melhorar o acesso aos leitos por meio da informatização, colocando em rede os dados entre oferta de vagas e demandas dos pacientes, levando em conta a questão da interconsulta, isto é: aquele paciente que tem uma doença com intercorrências e precisa ser atendido por diversos especialistas.

Estrutura

O diretor do Departamento de Assistência Hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde, Marco Antônio Lobato, advertiu que existe uma “enorme distorção em Porto Alegre” que sempre concentrou as grandes verbas da saúde. “Atende-se aqui os tratamentos de alto custo e não há dinheiro para o básico”, criticou Lobato. Com isso, entende o gestor, a capital não mereceu a atenção necessária para a criação de uma estrutura de saúde básica.

Lobato explicou que o governo Tarso Genro (PT) estuda uma forma de transferir os pacientes de Viamão e Alvorada atendidos na capital para Gravataí e Canoas, onde o sistema está bem estruturado. “Gravataí terminou de montar um sistema de saúde que mantém 500 leitos numa região de um milhão de habitantes. É primeiro mundo”, reforçou o diretor da pasta da saúde estadual.

O secretário municipal da Saúde Carlos Henrique Casartelli afirmou que não tem hospital que suporte mil pacientes freqüentando suas dependências durante 20 anos quando poderiam ser atendidos em unidades de média e baixa complexidade. “Porto Alegre  não pode aceitar um paciente vascular de Rio Grande para cirurgia se na cidade dele o hospital tem essa especialidade e isto acontece todos os dias. Por isso tem de regular”, pontuou o secretário municipal.

Casartelli lembrou que muitos pacientes chegavam à capital pela porta da emergência e ficavam aqui indefinidamente, mas garantiu que a interconsulta quando necessária é realizada sem problemas, desde que o critério seja determinado pelo corpo médico. “Se vai fazer uma cirurgia ortopédica e o médico suspeita de problema cardiovascular, é dele essa avaliação”, afiançou Casartelli.

Distorção

A gestora do sistema de regulação e informatização da Secretaria Municipal, Elaine Luize, que há sete anos trabalha na central de leitos da capital, disse já ter visto paciente de Santa Maria, onde existem unidades neurológicas, pegar vaga de pessoas de Porto alegre. Segundo ela, com a entrada de Casartelli há amplo apoio em favor da regulação para que esse tipo de distorção não ocorra. “Acabamos com a premissa de o médico atender quem quer atender”.

Conforme a técnica, 50% dos pacientes oncológicos e neurológicos em Porto Alegre poderiam realizar seus tratamentos em suas cidades de origem como Passo Fundo e Caxias do Sul, onde igualmente existem hospitais universitários. “Não é correto autorizar o atendimento em Porto Alegre se o paciente pode ser atendido na sua região”, pondera Luize. O vereador Carlos Todeschini (PT) também participou da reunião.

Fernando Cibelli de Castro (Reg. prof. 6881)

Ouça:
Leitos e consultas devem ser informatizados até o final do ano