COMISSÕES

Cosmam debate ações para enfrentamento de doenças decorrentes das enchentes

COSMAM
Reunião foi virtual e teve apresentação de representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

Na manhã desta terça-feira (11/06), a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) debateu as estratégias e ações da Secretária Municipal de Saúde (SMS) para o enfretamento de doenças decorrentes das enchentes. A presidente da Cosmam, vereadora Lourdes Sprenger (MDB), foi a proponente da pauta juntamente ao vereador Aldacir Oliboni (PT). “A Comissão de Saúde e Meio Ambiente está adotando as pautas de acordo com essa tragédia que ocorreu e as providências do município, porque nós temos que levar a informação à população do que foi feito”, disse Lourdes. Oliboni questionou quanto às unidades de saúde fechadas, onde os servidores estão lotados no momento, como está funcionando o atendimento à população, atendimento nos abrigos, qual é o plano de ação da SMS para voltar ao normal, mas também para combater a leptospirose e outras doenças decorrentes das enchentes.

A diretora da Vigilância Sanitária da SMS, Evelise da Rocha, esclareceu que as equipes da Vigilância foram distribuídas nos mais de 150 abrigos, a fim de mitigar ou minimizar a transmissão de doenças naqueles locais. Também que a Saúde aplicou 2,6 mil doses de vacinas em socorristas e trabalhadores em pontos estratégicos. Contou que alagou o primeiro piso da sede da Vigilância Sanitária e terão que reformar. 

Com relação aos agravos das doenças causadas pelas enchentes, ela pontuou que foram registrados, até o momento, 1.296 casos suspeitos de leptospirose, sendo 42 já confirmados, e dois óbitos pela doença. De acordo com a diretora, a definição de caso suspeito foi bastante ampliada, devido ao contexto das enchentes e o contato das pessoas com água contaminada, e que, nestes casos, procede-se imediatamente com antibiótico para tratar e com a coleta do exame para análise. “A gente não depende de nenhuma confirmação laboratorial para iniciar o tratamento”, ratificou. Como ação, a Vigilância Sanitária realiza desratização comunitária da cidade em locais de grande circulação.

Segundo Evelise, a dengue também é um problema no contexto das enchentes, o lixo acumulado nas ruas propicia a proliferação dos mosquitos. “Nós temos um cenário muito crítico e muito pior do que nós tínhamos antes das enchentes”, afirmou. Como ação está sendo realizada a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI) em pontos estratégicos como abrigos e locais provisórios de depósito de resíduos.

A diretora geral da Secretaria Municipal de Saúde, Fernanda Fernandes, apontou que 14 unidades de saúde estão temporariamente fechadas, e que as demais unidades estão atendendo a todas as pessoas, inclusive de outros municípios. “Suspendemos temporariamente o vínculo de território para atendimento”, afirmou. Conforme a diretora, a SMS criou unidades móveis para atender algumas localidades: próximo ao Cemitério Jardim da Paz, Shopping Total, Largo Zumbi dos Palmares, Praça Sesi, CTG Vaqueanos da Tradição, Ilha da Pintada, Clínica da Família Navegantes, além de Posto Avançado na Praça Lampadosa.

Fernanda revelou que 198 profissionais parceirizados e 13 da rede própria foram afetados pelas enchentes, e remanejados para atender em abrigos ou em unidades próximas. Também que 75% dos fornecedores de medicamentos foram atingidos e perderam estoques, o que impediu a entrega de medicações para o Rio Grande do Sul. “A Faculdade de Farmácia da UFRGS nos ajudou muito”, contou, além das doações recebidas. Ela citou a criação de um Hospital de Campanha na Zona Norte, próximo à UPA Moacir Scliar, e o Hospital de Campanha do Exército, na Bom Jesus, como outros locais de atendimento à população.

Sobre os auxílios e verbas destinadas por outros entes da federação, a diretora disse que, até o momento, Porto Alegre recebeu em recursos para a saúde mais de R$ 28 milhões da União e R$ 2,6 milhões do Estado. Sobre a reconstrução das unidades de saúde, falou que os valores vêm sendo buscados junto ao Ministério da Saúde, mas que existe uma burocracia, que tem que apresentar projeto. Na região das ilhas, a ideia é fazer unidades móveis, para que não se percam novamente. Fernanda apontou ainda que pediram oito ambulâncias ao Ministério da Saúde para repor as perdas de veículos da SMS.

A promotora de justiça do MP/RS, Márcia Bento, questionou se foi feito treinamento com as equipes da Vigilância Sanitária para o tratamento das doenças decorrentes das enchentes e quanto aos medicamentos disponíveis, pois receberam denúncia de que não havia medicação na Ilha da Pintada. Evelise esclareceu que a leptospirose não é uma doença nova no município, que os casos são registrados anualmente. “A gente tem como rotina esse trabalho com as unidades de saúde, para orientação do manejo adequado desses casos”, respondeu, além de uma sala de situação permanente, em que se discute a doença mais crítica no momento.

O coordenador da assistência farmacêutica da Diretoria de Atenção Primária, Leonel Almeida, explicou que os medicamentos disponíveis estão no site “onde está seu medicamento”. Disse que o estoque de medicamentos está utilizando o CTG Vaqueanos como ponto de referência. Quanto à Ilha da Pintada, de acordo com ele, foi disponibilizado, hoje pela manhã, caminhão que será uma farmácia móvel. A Unidade de Saúde Navegantes terá uma tenda térmica para também estocar medicamentos. “A gente teve uma quebra da cadeia logística de distribuição de medicamentos”, corroborou.  

No encerramento da reunião, a presidente da Comissão disse que o próximo encontro da Cosmam abordará outra pauta em relação à situação das enchentes em Porto Alegre.

Texto

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)

Edição

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)