Cosmam visita HPS e constata denúncias de servidores
Os vereadores que integram a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre fizeram na manhã desta sexta-feira (14/2) uma vistoria às instalações do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Foram recebidos no sexto andar do HPS com um auditório lotado de servidores, médicos e representantes de conselhos e associações de médicos, enfermeiros, odontólogos e nutricionistas que tinham uma queixa em comum: a situação precária do hospital no atendimento aos pacientes em meio a um canteiro de obras e a mudança de vocação no atendimento hospitalar.
A decisão de fazer uma vistoria às instalações do HPS surgiu a partir de denúncias encaminhadas à Cosmam por servidores, médicos e enfermeiros com dificuldade de trabalhar devido às obras de reforma do Pronto Socorro, onde os médicos, enfermeiros, operários e pacientes convivem com o material de construção, anunciou o presidente da Cosmam, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT). Enfatizou que ninguém é contra as melhorias, mas do jeito como as reformas estão sendo conduzidas, prejudicam o trabalho e o atendimento.
Nenhum representante da Secretaria Municipal da Saúde compareceu à reunião, apenas no início a diretora-geral do HPS, Elizabeth Collares foi até o auditório para anunciar que esperaria a hora certa para se pronunciar, e retirou-se da sala. De acordo com o vice-presidente do Centro de Estudos do HPS, Carlos Humberto Cereser, a atual direção está direcionando toda a atuação do HPS para o atendimento na área de traumatologia, deixando de lado o atendimento clínico.
Conforme declarou em recente reunião na Cosmam, Cereser voltou a afirmar que a traumatologia é a terceira causa de mortes em Porto Alegre, ficando atrás das doenças cardiológicas e do câncer. Prova do que estou falando é a desativação de leitos nas UTIs clínica, cardiologia e enfermaria clínica disse ele, reafirmando que tem gente morrendo à espera de leitos nas UTIs. Observou que todas as ações do serviço de saúde são para atender o ser humano,infelizmente na visão dos gestores da saúde pública da capital o ser humano não é prioridade.
Conforme declarou em recente reunião na Cosmam, Cereser voltou a afirmar que a traumatologia é a terceira causa de mortes em Porto Alegre, ficando atrás das doenças cardiológicas e do câncer. Prova do que estou falando é a desativação de leitos nas UTIs clínica, cardiologia e enfermaria clínica disse ele, reafirmando que tem gente morrendo à espera de leitos nas UTIs. Observou que todas as ações do serviço de saúde são para atender o ser humano,infelizmente na visão dos gestores da saúde pública da capital o ser humano não é prioridade.
Canteiro de obras
Os servidores reclamam do que chamam de más condições de trabalho devido às obras dentro do hospital. O radiologista Mário Leal disse que há duas semanas os técnicos precisaram trabalhar com máscara por causa do forte cheiro da cola utilizada pelos operários. "O problema não foi apenas a gente, os pacientes também precisaram receber os mesmos cuidados, declarou Mário. Temos que conviver com a poeira e o barulho num ambiente em que se deve cuidar da saúde das pessoas. A enfermeira Elza Ribeiro lamenta que os visitantes precisem esperar do lado de fora do prédio, enfrentando sol e chuva.
Durante visita às dependências do hospital a comissão constatou algumas melhorias que estão sendo implantadas, como o banco de sangue, que está concluído, mas não opera por falta de pessoal, mas encontrou leitos desativados e setores fechados ao atendimento. Também constatou o excesso de fios dependurados pelos corredores, poeira deixada pela construção e as macas com pacientes circulando entre os corredores em obras e o barulho dos equipamentos e ferramentas utilizadas pelos operários.
Desmotivação
A falta de servidores é uma das queixas mais comuns trazidas por quem trabalha no HPS, fato reforçado pelo Conselho Regional de Enfermagem denunciando a carência de pessoal. Para Claudir Lopes, representante do conselho, "há casos em que um único enfermeiro precisa cuidar de três ou quatro pacientes na Unidade de Tratamento Intensivo. Nós temos uma planilha com todos estes dados e encaminharemos para a Cosmam disse Claudir. Já o representante do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Edson Machado, disse que o Simers vem alertando faz tempo sobre o fechamento de leitos no HPS e agora estamos comprovando, disse ele, pedindo o apoio da Câmara para evitar o desmanche de um atendimento feito com humanidade.
Descumprimento
A procuradora do Ministério Público do Trabalho Márcia Bacher disse que desde 2008 o MPT vem encontrando diversas irregularidades no que se refere à saúde dos trabalhadores do HPS. Não existe um monitoramento do trabalho destas pessoas nem do risco de saúde que eles estão sujeitos por estarem próximos aos doentes enfatizou. Disse que o MPT vem tentando vários acordos com a Secretaria Municipal da Saúde e não consegue avançar porque, segundo ela, a SMS alega que trabalham no hospital servidores celetistas e estatutários e que não tem a obrigação de atender a todos.
Mas a legislação é clara, todos são trabalhadores e isso exige uma equipe de monitoramento e cuidados à saúde afirmou. Márcia Bacher concluiu afirmando que se na próxima reunião com a secretaria, marcada para este mês, houver mais uma vez a negativa de cumprimento, o Ministério Público do Trabalho vai entrar com uma Ação Civil Pública contra o município de Porto Alegre no sentido de preservar a saúde dos trabalhadores.
Mas a legislação é clara, todos são trabalhadores e isso exige uma equipe de monitoramento e cuidados à saúde afirmou. Márcia Bacher concluiu afirmando que se na próxima reunião com a secretaria, marcada para este mês, houver mais uma vez a negativa de cumprimento, o Ministério Público do Trabalho vai entrar com uma Ação Civil Pública contra o município de Porto Alegre no sentido de preservar a saúde dos trabalhadores.
Por fim, o presidente da Cosmam, disse que são três as prioridades da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal em relação ao HPS: encaminhar pedido à SMS para que tome providências quanto à realização de obras em meio aos pacientes; pedir equiparação de insalubridade aos trabalhadores, sendo que alguns recebem 20% e outros 40% atuando na mesma área; questionar a vocação do HPS, que pretende atender apenas traumatologia abrindo mão das demais especialidades. Se preciso for, vamos providenciar uma lei municipal sobre a missão do HPS concluiu Dr. Thiago.
Também participaram da visita os vereadores Mauro Pinheiro (PT), Jussara Cony (PCdoB) e Fernanda Melchionna (PSOL).
Texto: Flávio Damiani (reg. prof. 6180)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)