COMISSÕES

Cuthab debate Minha Casa, Minha Vida e desvinculação do fundo de habitação

  • Reunião de Comissão - 21ª Reunião Ordinária da CUTHAB - Desvinculação dos fundos públicos, em especial o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social ( FMHIS)
    Engenheiro Comassetto (C) foi o proponente da reunião (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Reunião de Comissão - 21ª Reunião Ordinária da CUTHAB - Desvinculação dos fundos públicos, em especial o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social ( FMHIS)
    Secretário André Machado (E) participou da reunião da comissão (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu na manhã desta terça-feira (27/6) para debater adequações do município ao programa Minha Casa, Minha Vida e o projeto de lei complementar do Executivo que desvincula recursos de fundos municipais – entre eles, o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social (FMHIS). A pauta foi proposta pelo vereador Engenheiro Comassetto (PT), e a reunião foi conduzida pela presidente da Cuthab, vereadora Karen Santos (PSOL).

Comassetto destacou que a questão da habitação não pode ser tratada apenas pelo município, e sim de forma integrada entre as esferas federal, estadual e municipal. Ele cobrou da Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária (Smharf) informações sobre a implementação do Programa Mais Habitação – Compra Compartilhada, cuja criação foi aprovada pela Câmara em abril, e sugeriu que o programa passe por adequações para se adequar ao Minha Casa, Minha Vida, que foi retomado pelo governo federal. O vereador propôs que o limite de renda familiar mensal dos beneficiários do programa municipal seja ampliado de R$ 4 mil para R$ 4,4 mil, que corresponde à faixa 2 do Minha Casa, Minha Vida.

Em relação ao projeto de desvinculação, Comassetto ressaltou que o Minha Casa, Minha Vida exige que os municípios contem com um fundo de habitação. “Queremos resguardar o fundo e potencializá-lo para o município não correr o risco de não se enquadrar” no programa do governo federal, disse.

O secretário municipal de Habitação e Regularização Fundiária, André Machado, explicou que, conforme a proposta do governo, se a execução financeira do fundo atingir 80%, não haverá desvinculação; se ficar entre 50% e 80%, metade dos recursos excedentes será desvinculada; e, se for inferior a 50%, todo o excedente será desvinculado. Ele afirmou que o projeto impõe um desafio aos gestores dos fundos: “Temos o imenso desafio de gastar mais e gastar melhor, onde os recursos precisam ser alocados, que é na habitação de interesse social”.

Machado destacou que, entre janeiro e maio de 2023, o percentual de execução ficou em 74%, e que esse percentual é muito superior ao de anos recentes. Ele ressaltou que, quando a atual administração assumiu o município, o conselho gestor do fundo estava desestruturado. Machado afirmou ainda que há negociação em curso para a redução dos percentuais dos gatilhos colocados no projeto.

Em relação ao Minha Casa, Minha Vida, o secretário destacou que há 20 áreas no município em condições de ser habilitadas e entrar na disputa pelos recursos do programa. Machado afirmou que o governo irá inscrever em 2023 todas as áreas que estiverem com a documentação finalizada. Ele ressaltou que a prefeitura está fazendo um recadastro habitacional para apurar a demanda por habitação de Porto Alegre.

Adrian Dario Pajolchek, membro do conselho gestor do FMHIS, afirmou que acredita que o fundo foi incluído no projeto do Executivo por conta do baixo percentual de execução dos recursos em anos recentes. Ele ressaltou que o cenário atual é outro, com o conselho operando e com a retomada do Minha Casa, Minha Vida. Pajolchek destacou que há tratativas em andamento com o prefeito Sebastião Melo para a retirada do fundo da habitação da relação de fundos que terão seus recursos desvinculados, conforme o projeto do Executivo. 

Ceniriani Vargas, representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, fez críticas à política habitacional da prefeitura e destacou que parte dos recursos que antes eram destinados ao FMHIS passou a ser alocada no Fundo Municipal de Gestão de Território, órgão que, segundo ela, não conta com controle social. Humberto Cunha, representante do Fórum Gaúcho de Entidades e Gestores da Luta Habitacional, destacou que “sempre que se fala em desvinculação de fundos, a gente fica preocupado. A gente sabe como começa, mas depois não sabe como termina”.

Encaminhamentos

Karen Santos sugeriu que os vereadores da comissão construam uma emenda ao projeto do Executivo para retirar o fundo de habitação da lista de fundos municipais que terão desvinculação dos recursos. Ela também propôs o envio de um pedido de informação sobre os recursos alocados no Fundo Municipal de Gestão de Território. Engenheiro Comassetto sugeriu a criação de um grupo de trabalho com vereadores e representantes da Smharf e das entidades envolvidas na questão da habitação para tratar das Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS) do município.

 

Texto

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)