COMISSÕES

Cuthab debate situação do Centro de Referência do Negro Nilo Feijó

  • 13ª Reunião Ordinária da CUTHAB - A situação do Centro de Referência do Negro Nilo Feijó.
    A reunião foi proposta e conduzida pela vereadora Karen Santos (D), presidente da Comissão (Foto: Johan de Carvalho/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)
  • 13ª Reunião Ordinária da CUTHAB - A situação do Centro de Referência do Negro Nilo Feijó.
    O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, explicou a atual situação estrutural do prédio que está inviabilizado para uso (Foto: Johan de Carvalho/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)

Na manhã desta terça-feira (22/04), a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre discutiu a atual situação do Centro de Referência do Negro Nilo Feijó, localizado no Bairro Praia de Belas. A reunião foi proposta e conduzida pela vereadora Karen Santos (PSOL), presidente da Comissão. Em sua fala, ressaltou os desafios da comunidade negra do município para manter seus territórios. “Quando falo de territórios negros, dos territórios simbólicos, das práticas, das vivências e dessa relação originária, ancestral, com a presença negra dentro dos espaços da cidade, é ali que eu localizo o Centro de Referência Nilo Feijó”, afirmou. 

Delma Gonçalves, representante da SoPapo Poético, sarau de poesia negra que acontece em Porto Alegre desde 2012, relembrou as promessas de inauguração do espaço. “Promessas de um espaço onde nossa literatura negra estaria presente. Nós estaríamos presentes não só com o nosso SoPapo Poético, mas outros grupos de negros que fazem arte e dança, incluindo toda a arte que o negro oferece”, disse. Por fim, destacou como o local foi utilizado para outros fins, afastando os usuários. “Na pandemia, o prefeito resolveu colocar as doações naquele espaço, então não tinha espaço para fazer nossas artes, fizemos um movimento e conseguimos retirar as doações. Porém, depois, houve outros eventos que conseguiram nos afastar de lá”, explicou.

Kleber Tavares, presidente da UESPA (União das Escolas de Samba de Porto Alegre), reforçou a importância de ter um espaço físico de referência da cultura popular em Porto Alegre. “Aquele espaço é uma referência para todos os movimentos negros e da cultura popular. Então, seria importante que chegássemos a uma destinação social daquele lugar. É um espaço que eu tenho certeza de que deve ser muito requisitado e buscado pela especulação imobiliária, porque é uma área nobre. Porém, nós não devemos ceder mais um espaço de segregação da nossa cultura para mais uma higienização social”, destacou. 

Adriana Santos, coordenadora de Direitos e Políticas de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), exemplificou a atual situação da estrutura física do edifício. “O espaço físico não representa o espaço cultural e o centro de referência para o povo negro. Não considero isso um espaço para nós negros. Porque, quando eu pego esse local, ele está vindo da pandemia, muito tempo fechado, nesse espaço abandonado, com rombos no telhado. E, em seguida, há um roubo bem significativo de toda a fiação daquele espaço”, ilustrou. 

O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, explicou a atual situação estrutural do prédio que está inviabilizado para uso. “A avaliação do espaço foi feita pela Secretaria ainda do Desenvolvimento Social e aquele prédio apresentou uma série de problemas estruturais que não recomendam a sua reforma. Porque não se encontrou ali um valor arquitetônico relevante devido à sua história recente”, pontuou. Por fim, esclareceu a necessidade da construção de um novo edifício, contudo ainda não existe previsão de recursos para a obra. 

Nos encaminhamentos, a proponente da pauta destacou a importância de escutar as lideranças do movimento e propôs a criação de uma campanha em defesa da construção de um espaço físico que integre as políticas públicas voltadas ao apoio e à preservação da cultura negra no município.

Texto

Laura Paim (estagiária de Jornalismo)

Edição

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)