Desenhos celebram os 200 anos da Constituição de Cádiz
O Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre promove, até 27 de julho, a exposição Itinerário da Constituição de Cádiz: desenhos de um arquiteto (1812-2012). Composta por 16 bicos-de-pena do arquiteto espanhol José María Plaza Escrivá, a mostra retrata locais importantes das cidades de San Fernando e Cádiz, palcos do processo de elaboração da Constituição Espanhola de 1812, que completa 200 anos neste ano.
Plaza explica que o Conselho de Regência, que redigiu a Constituição de 1812, teve de se mudar de Madri, ocupada pelas tropas de Napoleão, para Cádiz, mais protegida militarmente. Mas os constituintes foram forçados a se transferir novamente, desta vez para San Fernando, porque a febre amarela assolava Cádiz. Quando a epidemia passou, voltaram a trabalhar em Cádiz. A assinatura da Constituição ocorreu em 19 de março de 1812, com leitura pública na Igreja de Carmen.
O arquiteto lembra que a Constituição de Cádiz baseou-se nas Cartas Magnas da França e dos Estados Unidos. Porém, devido ao idioma, foi mais utilizada como referência pelos países de língua espanhola, especialmente da América Latina. Plaza também informa que seus desenhos estão reunidos em um caderno, cujos originais, feitos em nanquim, encontram-se guardados na Biblioteca Nacional da Espanha.
Além das fonteiras
O coordenador do Memorial da Câmara, Jorge Barcellos, diz que a grande importância da Constituição de Cádiz está no fato de ter contribuído para o pensamento político latino-americano e inspirado novas Cartas, como a Constituição Portuguesa de 1822, a argentina de 1826, a uruguaia de 1830 e a do Império do Brasil, de 1824. A exposição ajuda-nos a percorrer os lugares-chaves para conhecer e entender melhor o processo de elaboração e aprovação da Constituição de Cádiz, afirma.
A mostra foi montada pela primeira vez no Instituto Cervantes, de Porto Alegre. Como reforça o diretor da instituição, Alvaro Martínez-Cachero Laseca, a Constituição de Cádiz "foi um símbolo que se projetou na Espanha e no mundo hispânico". Segundo ele, com o texto surgiu a primeira das Constituições espanholas, da qual derivaram a soberania nacional e a orientação para consolidar os direitos e limitar o poder estatal. Na sua opinião, nenhuma Carta espanhola teve o alcance, a repercussão e a difusão como a de 1812, sendo, já em sua época, traduzida para inglês, francês, alemão, português e italiano.
A visitação dos desenhos está aberta das 8h30min às 18 horas, de segunda a quinta-feira, e das 8h30min às 15 horas na sexta-feira, no terceiro andar da Câmara (Avenida Loureiro da Silva, 255). Entrada franca. Apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no RS (Iphan), Delphi Edições, Editora Unisinos, professora doutora Maria Carolina dos Santos (Ufrgs) e Memorial da Câmara. Informações: (51) 3220-4187 e 3220-4318.
Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)