Entidades cobram mais qualidade nos serviços para crianças do espectro autista
A Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) se reuniu na tarde desta terça-feira (02/05), para falar sobre o transtorno do espectro autista. A pauta foi uma iniciativa do vereador Cassiá Carpes (PP).
A presidente do Projeto Social Angelina Luz, Érika Rocha, expôs o descaso em relação ao atendimento, acolhimento e tratamento médico, além da falta de inclusão escolar, para crianças com autismo. Ela também ressaltou a falta de suporte psicológico para as mães de crianças neuroatípicas. “Mães essas, hoje, que não se enxergam mais como mulher, porque elas são mães atípicas 24 horas”, apontou.
Para Érika, os hospitais da Capital não possuem profissionais adequados para lidar com pessoas autistas em seus quadros de funcionários. Segundo ela, falta estrutura física aos complexos hospitalares e profissionais qualificados para realizar o tratamento adequado nos casos de internação.
A presidente da Associação de Familiares e Amigos das Pessoas com Autismo (AFAPA), Nara Pinheiro, cobrou o cumprimento do atendimento prioritário a pessoas com autismo em hospitais e postos de saúde, o que, de acordo com ela, não acontece. Nara pediu por escolas mais inclusivas, com estrutura física adequada, e com profissionais qualificados.
Representando a Secretaria de Saúde (SMS), a diretora técnica interina do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV), Madeleine Medeiros, destacou que o hospital possui atendimento adequado a pacientes com transtorno do espectro autista. A diretora afirmou que o Centro do Autismo entra em funcionamento a partir do dia 05 de maio deste ano, com capacidade para atender 300 pacientes por mês. “Nós não achamos que vai abarcar toda a necessidade, mas é um início", expressou Madeleine.
Já a coordenadora de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação, Josiara Souza, disse que muitas escolas do município passam por semanas de capacitação dos seus funcionários. “Hoje mesmo nós estamos com um grupo aqui no Ana Terra (Plenário Ana Terra da Câmara Municipal de Porto Alegre) trabalhando, nós temos escolas que já tiveram semanas inteiras capacitando seus professores”, relatou Josiara. Apesar da capacitação, ela declarou saber da demanda de pessoal qualificado para o trabalho na rede de educação, mas que é necessário tempo para adaptar professores e profissionais da escola para a chegada desses alunos.
Os vereadores da Comissão encaminharam pedidos de regulamentação das leis, para o caso do atendimento prioritário para crianças autistas, a visita a escolas do município para verificar se há acessibilidade nos prédios, a capacitação continuada aos profissionais da Smed, a criação de um grupo de trabalho permanente, além da presença de um representante do gabinete do prefeito nas reuniões acerca do assunto.