1964: Reformas de Base

Jango foi vítima duas vezes, diz Fogaça

Fogaça lembrou que Jango tinha legitimidade para assumir a Presidência Foto: Francielle Caetano
Fogaça lembrou que Jango tinha legitimidade para assumir a Presidência Foto: Francielle Caetano
O professor, ex-senador e ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça lembrou que João Goulart foi vítima duas vezes do golpe militar de 1964. Observou que, além de ver cassado o seu direito constitucional de assumir a Presidência da República, Jango não teve reconhecida pelos golpistas a legitimidade conquistada nas urnas. "Jango tinha profunda, indubitável legitimidade política manifestada pela grande votação que fez. Foi eleito com votação esmagadora." Fogaça participou do painel O golpe de Estado e a Guerra Fria, no seminário 1964: Reformas de Base, promovido pelo Legislativo Municipal nesta segunda-feira (1º/4).

Fogaça destacou que o reconhecimento do povo vinha do trabalho de Jango quando ministro do Trabalho de Getúlio Vargas. João Goulart foi, explicou ele, foi o homem que implantou a reforma trabalhista no governo Vargas.  "Daí vem a legitimidade conquistada nas urnas que lhe garantiu a vice-presidência." Na eleição de 1960, acrescentou Fogaça, a lei permitia que o eleitor votasse para presidente no candidato de um partido e no candidato a vice de outra sigla. "E o povo escolheu a dupla "Jan-Jan", com Jânio Quadros para presidente e Jango para vice."  

O ex-prefeito também destacou a figura de Waldir Pires, elogiando a coragem dele e sua fidelidade a Jango. "O depoimento de Waldir sobre o golpe é memorável e somos privilegiados por termos tido a chance de assisti-lo. Mesmo tendo convivido com ele (Waldir) por tantos anos, mesmo após tantas conversas, nunca tinha ouvido um depoimento tão claro, tão profundo, com tantos detalhes, mas também com a indignação de quem foi protagonista naquele momento." 

Fogaça acrescentou que o Rio Grande é um estado agradecido a Waldir Pires por sua postura naquele momento. "Se tivesse que escolher duas pessoas que me servem de norte, de orientação e caminho na vida política, Almino Affonso e Waldir Pires ocupariam posição destacada."

Texto: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)

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