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Marilena Chaui estará no Debates Capitais nesta quarta-feira

Marilena Chaui, professora de filosofia da USP, estará esta semana em Porto Alegre para a realização de mais um Debate Capital, momento de reflexão dos grandes temas que desafiam a cidade, considerando o contexto cultural, político e econômico do Brasil e do mundo. O encontro será nesta quarta-feira (7/12), às 19h, no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal de Porto Alegre (Av. Loureiro da Silva, 255). Democracia, violência e participação serão os temas abordados pela filósofa.

Os Debates Capitais já trouxeram Boaventura Souza Santos, Raquel Rolnik e Tariq Ali, expoentes internacionais em suas áreas de atuação e reflexão. Marilena completa 70 anos de vida neste ano e, pelo país, celebra-se sua enorme contribuição para a reflexão da cultura do povo brasileiro, com ênfase nos temas da ética e da política.

Marilena Chaui

As relações entre as paixões, as necessidades e a liberdade na obra de Espinosa é um dos temas profundamente estudados por Marilena. Baruch de Espinosa (1632-1677), filósofo holandês, autor de "Ética", é considerado revolucionário ao subverter a tradição judaico-cristã de acreditar na existência de um ser supremo transcendente. Segundo a professora, enquanto na tradição judaico-cristã a liberdade é a fonte de nosso mal e de nossa culpa, Espinosa diz que ela não nos tira a necessidade de agir. "Assim como Deus é imanente ao mundo, a nossa mente é imanente ao corpo. Corpo e alma se equivalem, não há hierarquia de um sobre o outro", completa Chaui.

Uma diferença entre a filosofia do pensador holandês e aquela ditada por judeus e cristãos está no conceito de virtude. Marilena Chaui explica que as virtudes, na concepção dessas duas religiões, vêm da tristeza e do sofrimento. "Para Espinosa, a tristeza diminui a capacidade de existir", contrapõe. O amor e o ciúme serviram de exemplo para a professora, que afirma que, segundo Espinosa, as paixões são sentimentos naturais e não vícios perversos. Chaui classificou o ciúme como a flutuação da alma.

"Nós amamos uma pessoa e tudo o que a faz feliz. E odiamos o que a aborrece. Mas se esse ser amado ama outra pessoa, esse terceiro é amado e odiado por nós ao mesmo tempo, porque se torna um rival, faz meu amado feliz e me deixa triste. O ciúme é isso _já não sabemos o que sentimos_ amor e ódio são simultâneos." Para Marilena Chaui, a ética de Espinosa é a ética da liberdade. "Não há culpas. Nós só conseguiremos nos libertar da culpa originária por nossas atitudes, certas e erradas, quando reconhecermos que não há causa externa para o que nos acontece. A capacidade de viver bem está em nós mesmos, o mundo exterior é apenas a expressão dessa liberdade", afirma.

Questionada sobre a aplicação da ética de Espinosa no campo político, a professora disse que, para o holandês, no direito civil, o corpo político é o direito natural da massa, e explicou: "Todos nós queremos governar, e não ser governados. Só se muda um corpo político por meio da revolução, não há reforma capaz de provocar essa mudança".

Jorn. Marta Resing/5405
Assessora de Imprensa da Presidência
*Com informações de Marilena Chaui.