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Meio Ambiente: qualidade da água é discutida pela Cosmam

Benetti falou sobre contaminação por agentes químicos Foto: Jonathan Heckler
Benetti falou sobre contaminação por agentes químicos Foto: Jonathan Heckler

O presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), abriu a reunião ordinária da comissão nesta terça-feira (31/5) assinalando a passagem da Semana do Meio Ambiente. Em seguida, passou a palavra ao principal palestrante da manhã, o engenheiro civil e ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Antônio Domingos Benetti.

Benetti palestrou sobre o tema da qualidade de água para consumo em Porto Alegre, lembrando que antes as epidemias de cólera e febre tifóide, em Londres e Paris há 150 anos estavam associadas às contaminações da água pelos vibriões. Entretanto, John Show em 1854 foi o primeiro cientista a vincular cólera, com a água contaminada.

Em 1908, ensina Benetti, em Nova York e Nova Jersey, sistemas de desinfecção com cloro entraram em operação. Mas a partir de 1950 a água passou a ser contaminada por agentes químicos provenientes das indústrias e da sofisticação dos medicamentos, sendo que com o passar dos anos 70 mil compostos químicos foram catalogados em rios, mares, lagoas, lagos e oceanos em todo o mundo. “Compostos com gosto e odor e capazes de produzir patologias”, adverte Benetti.

Surgiram, por exemplo, as cianobactérias, provenientes de cianetos. Aquelas que deixaram o Rio Guaíba com a cor verde em 2005 e 2006 porque são organismos que provocam fotossíntese, mesmo não sendo algas nem plânctons, por exemplo. De acordo com Benetti, alguns desses compostos, como já é sabido, alteram a atividade endócrina em peixes e suas funções sexuais. “São chamados perturbadores endócrinos como surfactantes”. E exemplificou: “São analgésicos e hormônios sexuais, que acabam chegando aos mananciais".

De acordo com Beneti, o arsênico. altamente cancerígeno. está presente nos poços artesianos, ainda que não tenha sido detectado no Rio Grande do Sul. Mas é presença constante em resíduos de fertilizantes e na decomposição dos excrementos de animais criados em confinamento, tais como porcos, bovinos, ovinos e eqüinos. Esses materiais mais cedo ou mais tarde atingem mananciais e bacias hidrográficas.

Desprotegido

O vice-presidente do comitê da Bacia do Rio Gravataí, Maurício Colombo disse que o Guaíba é um exemplo de manancial desprotegido porque, embora a água do Dmae seja tratada com o que há de mais moderno em tecnologia de limpeza de água, o rio que banha a capital recebem todos os poluentes da região metropolitana. “Tratamento depende das técnicas e da água bruta e se a qualidade da água bruta for baixa a qualidade fica limitada por mais que tratemos com métodos sofisticados”, advertiu Colombo. Ele explicou que o Rio Grande do Sul detém três grandes bacias hidrográficas: a do Rio Uruguai, a do Guaíba, rios, lagos e lagoas do litoral.

Representantes do Dmae informaram que um dos motivos para a melhora da água Porto Alegre, depois da maré verde de 2005 e 2006, foi a substituição de equipamentos e produtos químicos antigos por sistemas de última geração, o que permitiu eliminar e tratar preventivamente as infestações por mexilhão dourado nas tubulações, que estavam entupidas pela presença do parasita. Além do presidente Thiago Duarte, a reunião de hoje da Cosmam contou com as participações dos vereadores Aldacir Oliboni (PT) Beto Moesch (PP), Carlos Todeschini (PT), Mário Manfro (PSDB) e Raul Torelly (PMDB).

Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)