Exposição

Memorial exibe vida de Rondon na Primavera dos Museus

Militar trabalhou junto a povos indígenas Foto: Fundação Banco do Brasil
Militar trabalhou junto a povos indígenas Foto: Fundação Banco do Brasil
A exposição Rondon, a Construção do Brasil e a Causa Indígena é a atração exibida pelo Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre durante a 9ª Primavera dos Museus, que ocorre até este sábado (26/9) em diversas instituições culturais do país. Coordenado pelo Instituto Brasileiro dos Museus, em 2015 o evento tem como tema Museus e Memórias Indígenas, propondo uma reflexão sobre a diversidade sociocultural dos mais de 200 povos indígenas do país. A mostra segue em cartaz até 30 de setembro, no térreo da Câmara.

O pesquisador Jorge Barcellos, do Memorial, afirma que os índios hoje estão representados em museus e outras instituições por meio de exemplares de sua cultura material, como utensílios, adornos de grande sofisticação e beleza estética e registros textuais e audiovisuais. “O Memorial desenvolve uma política de educação voltada para disseminação da história e dos direitos indígenas, agora consolidada na participação na Primavera dos Museus. Isso é muito bom para a Câmara”, afirma.

A exposição sobre Rondon foi criada pelo Projeto Memória da Fundação Banco do Brasil e doada ao Memorial do Legislativo de Porto Alegre. Composta por 15 banners de imagens e textos, conta a história do Marechal Cândido Rondon (1865-1958) e seu papel na expansão das fronteiras do país e no trabalho junto a vários povos indígenas. 

A mostra está aberta a visitação das 8h30min às 18 horas, de segunda a sexta-feira, com entrada franca. A Câmara Municipal de Porto Alegre fica na Avenida Loureiro da Silva, 255. Informações (51) 3220-4318.

Origem indígena

Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu em 5 de maio de 1865, em Mimoso, distrito de Santo Antonio do Leverger, Mato Grosso. Atuou no Regimento de Artilharia a Cavalo e cursou Matemática e Ciências Físicas e Naturais na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro. Em diversas  expedições, ajudou a interligar o Centro-Oeste e a Amazônia ao Sudeste por meio de linhas telegráficas e inspecionou as fronteiras do Amapá ao Rio Grande do Sul. Seu trabalho é reconhecido mundialmente. O Instituto de Geografia de Nova York, por exemplo, inclui Rondon entre os cinco maiores exploradores do planeta, e o meridiano 52-W leva seu nome.

De origem indígena, Rondon participou dos movimentos abolicionista e republicano e, entre 1901 e 1946, liderou a pacificação dos índios Bororós, Nhambiquaras, Botocudos, Umotinas, Parintintins, Urubus e Xavantes. “Morrer se preciso for; matar nunca” era seu principal lema. Como lembrou o antropólogo Darcy Ribeiro, no enterro do amigo e colega, Rondon deveria ser lembrado, especialmente, por defender o respeito aos índios como povos independentes, a garantia da posse das terras onde habitam e a proteção direta do Estado a essas comunidades, não por favor ou caridade, mas como direito primordial. 

Rondon morreu aos 92 anos, em 19 de janeiro de 1958, data de aniversário do francês  Auguste Comte, criador do Positivismo - filosofia admirada pelo sertanista. Seu corpo foi enterrado com honras de chefe de Estado no Cemitério São João Batista, na cidade do Rio de Janeiro.

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)