Comissões

Moradores da Zona Norte pedem soluções para evitar alagamentos

  • Vereadores visitam bairros da zona norte que sofrem com constantes alagamentos. Na foto, bairro Humaitá com ruas alagadas
    Jorge Brasil, morador do Sarandi, diz que não há limpeza dos bueiros e do lixo e contenção do arroio (Foto: Luiza Dorneles/CMPA)
  • Vereadores visitam bairros da zona norte que sofrem com constantes alagamentos. Na foto, vereadores Valter Nagelstein, Roberto Robaina, Fernanda Melchionna e André Carús.
    Valter Nagelstein, Roberto Robaina (c), Fernanda Melchionna e André Carús (d) visitaram áreas alagadas (Foto: Luiza Dorneles/CMPA)

“As pessoas estão cansadas, a gente quer solução.” A afirmação é de Jorge Brasil, morador do bairro Sarandi, na zona norte da Capital, e integrante da Associação de Moradores da Rua Serafim de Alencastro e Arredores (Amarzae) que há décadas sofre com inundações e alagamentos causados pela chuva. A Comissão de Urbanismo, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre visitou as áreas afetadas na tarde desta sexta-feira (2/6) para verificar a situação e levar as demandas ao Executivo. Uma comitiva de representantes de associações de moradores das vilas que ficam nos arredores do Arroio Sarandi acompanhou os parlamentares.

O problema do alagamento na região do Sarandi é causado por diversos fatores: na área que abrange a Amarzea, conforme os moradores, falta manutenção nos bueiros, limpeza do lixo e a colocação de muros de contenção no entorno do arroio, pois a ampliação da região, com a construção de casas e a vinda de empreendimentos, não foi acompanhada do aumento da infraestrutura do bairro. Já, no Parque Minuano, a casa de bombas, construída em 2011 e que é responsável por bombear a água do arroio para um dique que desemboca no rio Gravataí, não está funcionando porque não possui uma chaminé de equilíbrio, precisa “subir” a caixa de luz e colocar areia ao redor do dique para que a água não retorne. E na casa de bombas CB10, o problema é o acúmulo de lixo que tranca a passagem da água pelas bombas, a falta de muros de contenção ao redor do riacho, além do excesso de água que é despejada no mesmo local onde a casa desemboca a água, causando as inundações.

“Isso tudo é um descaso da Prefeitura. Nós estamos lutando por algo que é responsabilidade da Prefeitura. A teoria é uma coisa, a prática ‘tá’ outra", declarou Jorge Brasil. Ele ainda questionou a postura do prefeito Nelson Marchezan Júnior, que “diz que não tem dinheiro e não vem aqui na comunidade para ver a população que votou nele”. Segundo a secretária da Associação de Moradores da Vila Leão (Amavil), Elisa Buhle, as comunidades criaram suas próprias associações para conseguir lutar pelas demandas. “As nossas casas continuam alagando. Faltam drenagem e dragagem do arroio Sarandi e limpeza dos bueiros”, alegou. O vereador Valter Nagelstein (PMDB) comentou que a comissão está acompanhando as associações da região e estão cobrando que o Executivo resolva o problema dos alagamentos.

Humaitá

Na sequência da visita, os parlamentares foram ao bairro Humaitá, no loteamento Nova Esperança, que fica no entorno da Arena do Grêmio, para conversar com os moradores que estavam protestando contra os problemas de estrutura que provocam inundações e deixaram diversas casas alagadas desde a manhã desta quinta-feira (1/6). Conforme os representantes da comunidade, a casa de bombas do local não está funcionando na capacidade máxima e faltam obras de encanamento para levar a água de uma casa de bomba à outra.

“Eu moro aqui há 40 anos e sempre saiu água (dos bueiros). De 20 anos ‘pra’ cá é que começou a sair mais”, relatou Nelson Fagundes, que afirmou que os alagamentos são constantes. Ele contou que sua casa foi invadida pela água e que ainda não conseguiu limpá-la. Quando questionado sobre a realização das obras que evitariam as inundações, respondeu: “Eu não acredito mais. Há muitos anos estamos indo atrás deles (governo municipal) e nada foi feito!” 

Alguns domicílios ainda continuam alagados, e a previsão do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) é que na manhã deste sábado (3/6) seja feito um levantamento sobre a situação da região, relatou o servidor do Departamento Jorge Brito. Ele mencionou que, desde ontem, funcionários do DEP estão visitando a região e a casa de bombas para acompanhar a situação.

Angelita Santos, que mora no loteamento, alegou que "a água batia na minha cintura” e que, para passar a noite, os moradores se juntaram nos domicílios que estavam menos alagados. Ela reclamou da falta de resposta da Prefeitura e da ausência das autoridades do Executivo no local. Roberto Robaina (PSOL) disse que a situação na região é “muito indignante” e que o povo está sendo “penalizado pela incompetência e pela corrupção do poder público”. Já Fernanda Melchionna (PSOL) falou que o governo deveria ter apresentado alternativas à população e que, “como povo”, se sente revoltada. Ela atribuiu os problemas de inundação à falta de investimentos na infraestrutura do município e criticou o prefeito Marchezan e os secretários municipais por não estarem acompanhando pessoalmente os casos de alagamento. 

Além dos integrantes da Comissão, o vereador André Carús (PMDB) também participou da visita no bairro Rubem Berta, e Luciano Marcantônio (PTB), no bairro Humaitá.

A Cuthab irá levar os problemas causados pelos alagamentos e as demandas das comunidades ao Executivo.

Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)