Moradores são contrários à reabertura da Pinheiro Machado
Moradores da Rua Pinheiro Machado, no Bairro Independência, não concordam com a reabertura da via, na esquina da Avenida Independência, ao trânsito de veículos. "As medidas anunciadas pela EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) não vão resolver os problemas do bairro", disse o morador Leon Hernandes, nesta terça-feira (20/4) à tarde, durante a reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) que tratou do tema.
Os moradores haviam entregue à prefeitura um abaixo-assinado com mais 1,1 mil assinaturas contra a medida e alegam que a reabertura da rua visa apenas a beneficiar o fluxo de entrada e saída de automóveis do Shopping Total. "Essa medida visa a mitigar problemas do shopping e não atendem a comunidade.", disse Hernandes. Lamentando a ausência de representantes da EPTC à reunião, Hernandes observou que ofício enviado pela Cuthab à Empresa, em fevereiro, solicitando que qualquer mudança fosse sustada até o esclarecimento do assunto, foi ignorado. "As obras na região já começaram."
O secretário adjunto da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), Adriano Gularte, ressaltou que a EPTC foi a autora da proposta de reabertura da Pinheiro Machado. que terai sido apresentada à comunidade, em 2006, durante o licenciamento ambiental do Shopping Total. Segundo ele, os problemas visariam resolver problemas de circulação viária da região. O engenheiro Breno Ribeiro, da Secretaria de Planejamento do Município (SPM), negou que a medida visasse a beneficiar o Total. "Qualquer empreendimento gera impactos. Essas medidas da EPTC foram aprovadas pela comunidade em audiência pública realizada em 2006."
Para o presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Independência (Amabi), Diônio Kotz, a ausência da EPTC à reunião demonstram desrespeito da prefeitura com a entidade e os moradores. "Há falta de clareza nas respostas do Executivo, e não temos acessso à EPTC. A comunidade quer contribuir, pois é ela que vai sentir os reflexos das mudanças." Já a moradora Maria Alice Kauer reivindicou que as mudanças não sejam executadas pela prefeitura até que a EPTC apresente aos moradores o seu projeto viário para a região.
Contradições
Leon Hernandes contestou a alegação, contida em relatório da EPTC lido durante a reunião, de que a rua houvesse sido bloqueada ao trânsito de veículos por ocasião da implantação dos corredores de ônibus na Independência e a geração de um contrafluxo na Avenida. "O fechamento da rua ocorreu há cerca de 25 anos, antes da implantação do corredor. As justificativas da EPTC são contraditórias com as da prefeitura, que já havia admitido a necessidade de compensação de perdas do Shopping."
No seu relatório, a EPTC também alega a necessidade de haver um ordenamento e racionalização do tráfego de veículos na área, evitando "deseconomias ao trânsito e sobrecargas desnecessárias" e gerando maior segurança, fluidez e conforto para a circulação de veículos. Segundo a EPTC, as mudanças não terão impactos sobre a Rua Gonçalo de Carvalho. Nenhuma rua pode ser aberta sem reflexo nas demais vias do entorno", rebateu Hernandes.
O vereador Nilo Santos (PTB) foi enfático ao manifestar sua contrariedade à medida proposta pela EPTC e sugeriu que a Cuthab enviasse ofício ao Executivo manifestando também posição contrária. "Falo em nome de toda a minha bancada. É preciso evitar que haja um jogo-de-empurra entre as Secretarias Municipais." Para Nilo Santos, o trânsito da cidade não pode ser mais importante do que a qualidade de vida da comunidade. "Esses moradores conseguiram um espaço protegido na cidade, que será estragado pela reabertura da rua, dificultando a vida das pessoas."
O vereador Paulinho Rubem Berta (PPS) lamentou que a reunião tenha sido prejudicada pela ausência da EPTC, autora da proposta, e solicitou que seja marcada uma nova reunião com a direção da EPTC para tratar do assunto. Já o vereador João Pancinha (PMDB) sugeriu que a Cuthab peça a intermediação do secretário municipal de Governança Local, Cesar Busato, com objetivo de articular as diversas secretarias em busca de solução para o problema. Ele também requereu que a Cuthab solicite ao Executivo a ata da audiência pública realizada em 2006 para saber se a reabertura da Pinheiro Machado havia sido discutida com os moradores.
O presidente da Cuthab, vereador Elias Vidal (PPS) salientou que o objetivo da Comissão era o de reunir as partes envolvidas para tentar intermediar uma solução. Ele lamentou, no entanto, a ausência da EPTC: "Não se fizeram presentes porque não queriam confrontar com a verdade". Elias Vidal acatou os encaminhamentos dos vereadores e prometeu entregar documento dos moradores a Cesar Busato ainda hoje, às 18 horas, quando terá reunião com o secretário.
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)