Plenário

ONG Cirandar pede apoio financeiro a bibliotecas comunitárias

Marcia Cavalcante apresentou projeto Foto: Guilherme Almeida
Marcia Cavalcante apresentou projeto Foto: Guilherme Almeida (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
O período de Comunicações Temáticas da sessão ordinária desta quinta-feira (20/8) da Câmara Municipal de Porto Alegre foi dedicado ao projeto Rede de Leitura - Bibliotecas Comunitárias de Porto Alegre, mantido pela ONG Cirandar. Coordenadora de desenvolvimento institucional da Cirandar, Marcia Cavalcante lembrou que o projeto começou em 2008, no Morro da Cruz, e que hoje são nove comunidades atendidas. "Acreditamos que a periferia de Porto Alegre é leitora, mas os investimentos públicos ainda são muito pequenos", lamentou.

Marcia disse que a Feira do Livro, por exemplo, levará somente R$ 200 mil este ano. "O Plano Municipal do Livro e Leitura, aprovado aqui, tem hoje um investimento muito aquém do que a cidade necessita. A única emenda ao Orçamento, proposta pela vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), está contingenciada em R$ 100 mil. E do orçamento previsto inicialmente para o Plano, de R$ 65 mil, outros R$ 5 mil seguem aguardando liberação". 

Conforme a coordenadora, as bibliotecas comunitárias precisam de R$ 150 mil por ano para se manterem. Marcia revelou que oito das nove bibliotecas são mantidas com recursos privados, do Instituto C&A. Por isso, ressaltou ela, precisamos do apoio dos vereadores para continuarmos com este trabalho que hoje é feito praticamente sem investimento público. "Leitura é um direito humano, amplia a visão de mundo e constrói o pensamento crítico."

Dez mil pessoas atendidas

Ao apresentar números do projeto, Marcia revelou que, em cada biblioteca, são emprestados 250 livros por mês. Outros 400 são lidos em consultas e pesquisas. Trinta rodas de história e atividades culturais são realizadas mensalmente nas bibliotecas. No ano, 10 mil pessoas são atendidas em todas elas. As bibliotecas comunitárias funcionam nos bairros Santa Rosa, Ilhas, Vila Mapa, Santa Maria Goretti, Vila Chocolatão, Cristal, Morro da Cruz, Vila Ipiranga e Vila das Laranjeiras. "Nossas bibliotecas não são espaços cinzas com livros velhos. São espaços vivos, onde a cultura das comunidades é evidenciada."

"Nosso objetivo é propagar na Capital a prática e o prazer de ler, a formação de  mediadores de leitura e a busca da valorização da cultura através do acesso à leitura a quem não tem condições de comprar bons livros, lembrou Graça Bernardes, gestora da biblioteca comunitária do Cristal. Ela elogiou a dedicação e o esforço dos agentes técnicos ou voluntários e agradeceu o apoio recebido de entidades religiosas, clubes de mães e associações de moradores. "Agora queremos o apoio da Câmara para novas conquistas e para garantir compromissos previstos nos planos municipais do Livro e da Cultura aprovados pelo Legislativo."

Durante a sessão, crianças das bibliotecas das Ilhas e da Vila Chocolatão fizeram uma apresentação recitando trechos de obras literárias.

Vereadores

Diversos vereadores saudaram o trabalho desenvolvido pela Cirandar:

TRABALHO - Mônica Leal (PP) disse que a homenagem à ONG Cirandar é justa e merecida. "Em nome da minha bancada, fiz questão de utilizar a tribuna para parabenizar a ONG pelo seu trabalho nas comunidades de Porto Alegre", disse. A vereadora ressaltou que a leitura é um instrumento necessário para a formação dos cidadãos e deveria estar nas mãos de todas as crianças, para que se conquiste uma sociedade desenvolvida social e culturalmente. "Mesmo com as novas tecnologias, para mim, na irá substituir o papel e a relação que cada pessoa estabelece com o seu exemplar", destacou. Mônica disse que, no Brasil, há dificuldades em se entender o quanto os livros mudam a vida das crianças. (JD)

APOIO - Bernardino Vendruscolo (PROS) afirmou que se soma à corrente de apoio ao trabalho da ONG Cirandar. "Precisamos entender por que algumas instituições enfrentam dificuldades. A resposta nos leva a acreditar que o governo impõe essas dificuldades", disse. O vereador lembrou o quanto difícil a vida pessoal e profissional será para as crianças que não lerem e adquirirem a cultura da leitura. Vendruscolo lembrou que, no Acampamento Farroupilha, as crianças têm a oportunidade de aprender, por meio da leitura, a cultura gaúcha e destacou que verbas do Orçamento Participativo deveriam ser destinados a esse tipo de projeto. (JD)

SOLIDARIEDADE - Alberto Kopittke (PT) saudou as representantes da Rede de Leitura Cirandar e afirmou que elas são lutadoras em prol de uma sociedade com mais solidariedade, através dos livros. "Incluo-me no objetivo de que o financiamento desses tipos de projetos sejam financiados pelo poder público, pois a iniciativa privada está cada vez mais limitada", disse. O vereador lembrou o caso de Bogotá, capital da Colômbia, que espalhou diversas bibliotecas por toda a cidade e reduziu drasticamente o número de mortes entre crianças e adolescentes. "Comecei sonhando lendo Monteiro Lobato e continuo sonhando até hoje que nós podemos vencer a violência através dos livros e da difusão da cultura", concluiu. (JD) 

DIFERENÇA - Fernanda Melchionna (PSOL) afirmou que as bibliotecas comunitárias fazem falta no país. "Temos no Brasil uma das menores taxas de leitura do mundo porque o livro não chega até as pessoas e, além disso, temos a falta de profissionais. Neste contexto, as bibliotecas comunitárias cumprem um papel fundamental", disse. A vereadora lamentou que esses projetos não sejam prioridade do poder público e afirmou que a política da leitura deveria ser uma ação de Estado e não de cada governo. "Estamos pedindo para a Comissão de Educação da Câmara Municipal uma audiência pública para falar sobre a arrecadação de recursos para as bibliotecas comunitárias. É preciso que o Plano Municipal do Livro e da Leitura saia do papel e precisamos de recursos para garantir que Porto Alegre seja uma cidade mais leitora", destacou. (JD)  

CULTURA - Reginaldo Pujol (DEM) parabenizou a Câmara pela iniciativa de trazer o projeto Cirandar como tema da Tribuna Popular. Segundo Pujol, é de extrema importância o incentivo à leitura para todas as classes e faixas etárias. "Não podemos perder de vista que Porto Alegre faz parte do Brasil e vivemos uma crise econômica financeira. Nossa Capital não foge desta realidade, e a cultura é a que está sendo a mais atingida. Fico feliz em saber que existem projetos positivos como este para a população." O vereador declarou ainda que apoia a vereadora e colega, Fernanda Melchionna (PSOL), para o desenvolvimento de projetos que incentivam a cultura e a educação no município, como o Cirandar. (CPA) 

Texto: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062) 
          Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
          Clara Porto Alegre (estagiária de Jornalismo)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)