Projeto proíbe foie gras e artigos com pele de animais em Porto Alegre
Tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre Projeto de Lei que proíbe a comercialização e a produção de foie gras e de artigos de vestuário produzidos com pele de animais na Capital. A proposta, de autoria do vereador Rodrigo Maroni (PcdoB), considera ambas práticas cruéis e causadoras de sofrimento intenso aos animais.
O foie gras é o fígado inchado de patos e gansos, obtido por meio do método da alimentação forçada, que provoca uma distorção no corpo dos animais, gerando um fígado sete vezes maior que o tamanho normal. Além disso, o indivíduo que o consome ingere uma enorme quantidade de gordura, que vai diretamente para o seu próprio fígado, provocando colesterol alto, explica o parlamentar.
Ainda conforme Maroni, a comercialização da pele de animais vai na contramão da ideia de que a moda precisa coexistir, integrar-se com o meio ambiente e com todos os ecossistemas. O uso de peles verdadeiras enseja a prática de crueldades que causam sofrimento intenso aos animais. Muitas espécies selvagens e domesticadas são utilizadas para o comércio de peles destinadas à produção de casacos, acessórios, artigos de decoração, entre outros. É o caso das penas do ganso, retiradas com o animal ainda vivo, para uso em travesseiros e acolchoados, conclui.
Foie gras
Foie gras, em francês, significa "fígado gordo". Esta iguaria típica da França é um patê gorduroso feito com o fígado dilatado de patos, gansos e marrecos. Para que o órgão fique hiperdesenvolvido, as aves são submetidas a uma vida confinada e uma alimentação forçada, o que gera protestos de grupos de ecologistas do mundo todo. Alemanha, Itália, Israel e Grã-Bretanha já proibiram a comida. A tradição do foie gras é antiga: há registros de que egípcios e romanos já o produziam, alimentando suas aves com figos durante seis meses. Hoje, utiliza-se uma ração gordurosa, geralmente consumida por patos que têm a capacidade natural de acumular gordura, por serem aves migratórias e precisarem armazenar energia.
O fígado do animal ganha certo amargor ao tentar metabolizar os excessos da dieta. Hiperestimulado, ele chega a crescer até 12 vezes seu tamanho normal com a gordura correspondendo a 65% de seu peso. No fim, o órgão de um pato pode atingir 0,5 kg. O de um ganso, até 2 kg. Com pouco mais de quatro meses, o animal está pronto para o abate. O fígado se tornou uma massa semissólida, macia e de cor pálida.
Texto: Lisie Venegas (reg. prof. 13.688)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)