Plenário

Porto Alegre já registrou mais de 400 casos de dengue

Charlene disse que o maior número de casos tem ocorrido na região sul da Capital Foto: Guilherme Almeida/CMPA
Charlene disse que o maior número de casos tem ocorrido na região sul da Capital Foto: Guilherme Almeida/CMPA (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
O período de Comunicações Temáticas da sessão ordinária desta quinta-feira (25/2), na Câmara Municipal de Porto Alegre, foi destinado a debater medidas de prevenção e combate à ameaça dos vírus zika, chicungunha e dengue e a cruzada nacional para o combate e diagnóstico de casos de doenças possivelmente decorrentes desses vírus, transmitidos pela picada do mosquito aedes aegypti. Para a coordenadora-geral adjunta da Secretaria Municipal da Saúde, Charlene Schneider, Porto Alegre registrou até o último dia 23 de fevereiro, data do último levantamento, 401 casos de dengue, mas ainda não houve registros do zika, “temido por todos”.

Charlene disse tratar-se de casos importados e autóctones, “contraídos localmente”, sendo que o maior número de casos tem ocorrido na região sul da Capital. “Só na Vila Nova foram registrados 24 casos recentes”, afirmou. Descreveu ainda que as infestações são analisadas semanalmente onde são programadas ações de remoção de lixos e resíduos, bem como de orientação aos moradores. Revelou que apenas na vila Bom Jesus foram removidas 30 toneladas de lixo. Garantiu ainda que os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão preparados para receber pessoas com sintomas da doença.

Mutirão

Representando o governo federal, Sandra Fagundes, do Grupo Hospitalar Conceição, destacou a eficiência das parcerias no combate à infestação de mosquitos transmissores da doença. A ajuda de profissionais da saúde e de grupos de pesquisa, bem como da sociedade em geral, “tem resultado num trabalho eficiente”, afirmou. No total, são 18 entidades do governo federal, estados e municípios envolvidos na campanha, que conta com a colaboração do Exército Brasileiro, “batendo de porta em porta para verificar a existência de água parada” e a possibilidade de existência de focos, disse ela. Sandra não descarta a relação do zika com os casos de microcefalia. "Estão sendo encontradas evidências de associação entre os dois”, alertou. 

Lavínia Shuler Faccin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, lembrou que casos de microcefalia relacionados principalmente ao consumo de álcool pelas gestantes sempre existiram. Mas ultimamente tem se constatado casos de crianças com o perímetro cefálico menor que o normal. “E isso tem levado a crer que esteja relacionado ao zika”, diagnosticou. Disse que, no Nordeste, “isso tem ocorrido com fortes evidências”, justificando que as gestantes não têm nenhum tipo de relação com o consumo de álcool ou outras drogas, por exemplo. Conclui que o acompanhamento, os cuidados e principalmente o alerta em casos suspeitos são fatores determinantes para que se possa controlar e evitar os riscos de uma possível pandemia.

MOSQUITO 
- Alertando a população sobre os perigos do mosquito aedes, que antes era conhecido apenas pela dengue e agora também é referência quando se fala em zika vírus e microcefalia, Dr. Raul Fraga (PMDB) frisou a necessidade de atuação de uma "massa crítica de ação". "A talidomida, por exemplo, deixou sequelas muito grandes. Atualmente, crianças podem morrer ou ficar com problemas neurológicos graves para o resto da vida. Todos devemos combater o inimigo comum: o mosquito", conclamou. (CV)

DÚVIDAS
- Sofia Cavedon (PT) aproveitou a presença de autoridades médicas para questioná-las sobre dúvidas que, assim como boa parte da população, possui a respeito do mosquito aedes, transmissor de diferentes doenças. "Nas bocas-de-lobo e bueiros está ou não se formando focos desse inseto? É um problema de toda a cidade. E nos contêineres? Há um na frente da minha casa, percebo que acumula chorume, mas ele nunca é limpo. Isso não é perigoso?", indagou. Sofia também parabenizou a unidade nas ações entre município, estado e União. (CV)

UNIDADE - Jussara Cony (PCdoB) reforçou o recado de Sofia e parabenizou os esforços conjuntos do município, estado e União no combate ao mosquito. "Outra entidade fundamental está sendo o Exército. A formação em saúde do Exército reforça a democracia e distancia esta instituição de um passado autoritário", saudou. Afirmando que é preciso uma articulação de forças entre órgãos da saúde, meio ambiente e educação, a parlamentar sugeriu a conscientização das crianças como um caminho possível. "O diálogo nas escolas é importantíssimo. As crianças são veículos de informação e formação para seus pais. É importante que elas estejam cientes dessas ameaças", indicou. (CV)

OBRIGADO - Paulinho Motorista (PSB) cumprimentou todos os presentes e agradeceu pela oportunidade de adquirir mais informações e conhecimento sobre as doenças transmitidas pelo mosquito que aflige o Brasil. "Aprendi bastante com vocês. Devemos tomar consciência da gravidade daquilo que estamos vivendo e conscientizar o restante da população. Ainda vejo muita gente jogando lixo no local errado, isso é um absurdo", reclamou. E finalizou: "Queremos nos somar a vocês nesse combate. Sozinhos, vocês não conseguirão dar conta disso tudo". (CV)


Texto: Flávio Damiani (reg. prof. 6180)
          Caio Venâncio (estagiário de Jornalismo)