Audiência Pública

Presidente da Câmara sugere integração imediata das forças de segurança

  • Audiência Pública para debater a Segurança Pública em Porto Alegre, realizada na Amrigs.
    O debate foi realizado na noite de ontem na sede da Amrigs (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Audiência Pública para debater a Segurança Pública em Porto Alegre, realizada na Amrigs.
    O vereador Valter Nagelstein conduziu os trabalhos da audiência (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Na segunda das seis audiências para debater a segurança pública na cidade de Porto Alegre, no Estado e no Rio Grande do Sul, o presidente da Câmara Municipal, vereador Valter Nagelstein (PMDB), propôs, na noite ontem (7/5), a imediata formação de uma equipe de integração entre as forças de segurança estaduais federais e municipais. O evento ocorreu na sede da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs). 

Nagelstein sugeriu aos representantes da Brigada Militar (BM), da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Federal, do Exército e da Guarda Municipal que integrem, imediatamente, todas as salas de situação, onde funcionam câmeras e outros sistemas de tecnologia de ponta, pertencentes às três esferas governamentais, no sentido de fechar o cerco contra qualquer forma de delito praticada no perímetro urbano da Capital, bem como nas fronteiras e nas rodovias, as quais permitem o acesso à cidade.

Diagnóstico
 
Primeiro a falar, dentre os convidados da mesa, o delegado da Polícia Civil Juliano Ferreira pintou o quadro enfrentado no âmbito do 19º Departamento de Polícia da Capital. Segundo ele, a região do eixo Morro da Cruz-Partenon produz dois cenários de criminalidade, o tráfico de drogas, intrínseco à região, e os delitos menores, como roubos a pedestres. O roubo de veículos é considerado inexpressivo naquele eixo “Os chefes do tráfico já não habitam mais o Morro da Cruz. Eles se sofisticaram e hoje vivem na Bela Vista, onde ocorre o outro delito, que é o consumo da droga em grande escala”, resumiu Ferreira

O major Marlon Carvalho Sila, do 19º Batalhão de Polícia Militar, com operação entre a Vila Maria da Conceição e o limite com Viamão, próximo ao Campus Vale da Ufrgs, comentou os avanços do policiamento ostensivo, com ênfase no sistema Avante, por meio do qual é possível tabular as incidências de crimes por georreferenciamento e a intervenção ao roubo a pedestres e de veículos. Segundo ele, o patrulhamento consegue agir em dias e horários e locais, onde a tipologia do crime se apresenta em tempo real. Com efeito, o roubo a pedestre foi reduzido em 50% e o roubo de automóveis se tornou inexpressivo, como havia adiantado o representante da Polícia Civil. “O homicídio continua a ocorrer porque faz parte da disputa por pontos de tráfico, tendo como epicentro a Lomba do Pinheiro˜, exemplificou.

Cercamento eletrônico

O secretário municipal de Segurança Pública, Kleber Senisse versou sobre a necessidade da integração, pois, no seu modo de ver, o município ficou alijado dos programas de segurança pública. “Se cercassem (eletronicamente) Porto Alegre, teria o problema resolvido", garantiu. Para tanto, a integração envolveria o emprego de todas as câmeras de monitoramento da cidade num sistema unificado de observação e a compra de novos equipamentos com maior precisão, capazes de produzir resolução e imagens no nível necessário a promover a prova material. Senisse anunciou um convênio com a iniciativa privada definido como monitoramento colaborativo. De acordo com ele, em breve todas as câmeras das pessoas jurídicas estarão interligadas ao sistema compartilhado da BM, da EPTC e da Guarda Municipal, provendo o cerco eletrônico em toda a cidade.

O delegado da Polícia Federal Marcelo Picarelli avisou que, sem integração, ninguém dá conta da criminalidade. “Deve haver integração de todas as polícias mais o Exército, cada um do sistema operando com objetivo comum o que não acontece no Brasil”, disse. Outro problema apontado por ele foi a falta de vagas em presídios, pois, enquanto o sistema prisional funcionar no caldo de cultura do caos, a administração permanecerá sob o controle das facções do crime organizado.
 
O major de Exército Rafael Marques Ferreira ressaltou a presença das Forças Armadas nas operações de fronteira, em diversas situações, contando com o apoio dos efetivos da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Receita Federal. O alvo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é impedir a entrada de drogas e armas. Ferreira informou que ações de maior porte estão ocorrendo a cada 90 dias em todos os pontos de fronteira, para coibir o transporte de armas, drogas e o contrabando.

Bombeiros e segurança privada
 
Conforme o major Ingo Lüdke, o Corpo de Bombeiros, separado da BM, realiza as operações auxiliares, atuando à frente da Defesa Civil, salvamento em hidrovias e emprego de cães farejadores para encontrar pessoas com  vida ou mortas, e como força auxiliar da Polícia Civil na produção de perícia e provas materiais: “O Corpo de Bombeiros é parceiro no combate à delinquência”, resumiu. 

O oficial aposentado da Forças Armadas, Ildo Rodrigues, atualmente atuando na segurança privada, como gestor e consultor, integrante da agenda 2020, disse que esse tipo de serviço poderia se somar ao sistema, pois conta com milhares de câmeras no Estado, equipes de rua, GPS, comunicação por rádio, tendo como condição o acionamento da BM sempre que aparecer uma situação de ameaça ou concretização de delitos, além de distúrbios de rua. 

Vereadoras

A vereadora Mônica Leal (PP) afirmou que a segurança pública é questão séria e faltam penas severas para os crimes violentos. “O Código Penal e a Lei de Execuções Penais são peças legislativas dos anos 30 e 40 do século passado e somente agora o Legislativo Federal começa a se dar conta disto”, declarou. 

Coube à vereadora Comandante Nádia (PMDB) realizar o fechamento da audiência. Ela elogiou a qualidade do debate. "Aqui não são teóricos da guerra. São profissionais que vivem a prática da criminalidade”, resumiu. Nádia ainda defendeu a integração por acreditar que é a única forma de coibir a criminalidade e desestruturar o crime organizado. 

Texto: Fernando Cibelli (reg. prof. 6881)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)