Seminário

Professores querem dança e teatro no currículo das escolas

Paulo, Cibele, Eleonora e Rosa, no evento, que prossegue até amanhã Foto: Ederson Nunes
Paulo, Cibele, Eleonora e Rosa, no evento, que prossegue até amanhã Foto: Ederson Nunes

Dentro do seminário Educando com as Artes Cênicas, foi realizado, na noite desta quarta-feira (4/12), na Câmara Municipal de Porto Alegre, o debate As Artes Cênicas e a Transformação na Educação. Palestraram as professoras de dança Eleonora Campos da Motta, da UFPel, e Cibele Sastre, da Uergs, e o professor de teatro Paulo Mauro da Silva, da rede pública municipal, com mediação da presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio Grande do Sul (Sated/RS), Rosa Campos Velho. Os três defenderam a inclusão das artes cênicas no currículo de todas as escolas e a efetiva implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que determina o acesso dos estudantes às variadas linguagens artísticas, e não somente às artes visuais e à música.

Eleonora destacou o acesso às artes, em geral, como fundamental para a formação integral das pessoas. Segundo ela, as artes visuais ainda são contempladas prioritariamente nas escolas. “A arte é algo reconhecido como transformador, mas é necessário avançar nesta integralidade.” Na sua opinião, as artes proporcionam instigação, compartilhamento e solidariedade. “Hoje os momentos das pessoas são muito individuais, no seu computador ou no seu IPhone”, frisou. “Já as montagens de obras são ações coletivas, que estimulam o senso de coletividade.” Conforme Eleonora, além da efetiva implantação da LDB, a integralidade do ensino artístico passa também pelas oportunidades de trabalho aos profissionais. “Precisamos batalhar pelos concursos e por mais vagas para professores de todos os tipos de artes”, afirmou. “Nas escolas, eles são responsáveis pela formação sensível; são tão importantes como um professor de Biologia.”

Cursos superiores

Cibele lembrou que, nos últimos 15 anos, houve "conquistas muito grandes", com o surgimento dos cursos superiores de dança no Rio Grande do Sul. De acordo com ela, o Estado foi pioneiro nesse movimento e conta com o maior número de faculdades de dança. A seu ver, falta ainda maior visibilidade para esses cursos. “As pessoas, a escola e a sociedade, em geral, não sabem que existe a formação superior em dança”, disse. “Como terá demanda das escolas?” Para Cibele, a inclusão da dança no currículo das instituições de ensino aumentaria se houvesse maior visibilidade desses cursos. A professora ainda lamentou que a dança e o teatro estejam na LDB, mas “não na prática”.

Falta de espaços

Paulo Mauro da Silva defendeu que a formação em artes e a produção de apresentações estejam sempre associadas nas escolas, o que possibilitaria também o intercâmbio entre os colégios, que poderiam mostrar suas produções a outros públicos. Lembrou que, quando ingressou na rede municipal, há 30 anos, eram cinco ou seis professores de teatro, no concurso seguinte, 28, e, no mais recente concurso municipal, entraram em torno de 40 professores de teatro, um pouco menos de dança, entre 80 e 90 de música e “uns 300” de artes visuais. Para ele, houve evolução. “Estão se abrindo concursos por áreas”, frisou, mas enfatizou que nem todas as escolas contam com professor de dança e teatro. “As direções pedem, na maioria, por artes visuais, alegando que as condições nas escolas são mais propícias para essa área”, afirmou. Ele lamentou que a dança e o teatro ainda tenham de disputar espaços nas instituições de ensino, apesar de sua importância.       

Próximos debates

Promovido pelo Sated/RS, com apoio da Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude (Cece) da Câmara, o seminário continua nesta quinta-feira (5/12), às 19 horas, no Auditório Ana Terra, tendo Arte e Turismo como tema de debate. No último dia do evento, na sexta-feira (6/12), às 19 horas, no Teatro Glênio Peres, o debate será sobre Os Espaços Cênicos. Serão fornecidos certificados aos participantes que assistirem aos três painéis de debates. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no próprio local (Avenida Loureiro da Silva, 255, 2º piso).

PROGRAMAÇÃO – 5 e 6/12

Quinta-feira - 19 horas
Auditório Ana Terra
Tema: Arte e Turismo
A indústria do turismo e as artes cênicas dialogam entre si para ações conjuntas e uma qualificação em ambas as áreas? Quais as iniciativas que poderão somar esforços para formação de público, qualificação de profissionais e melhoria da renda no turismo e nas artes cênicas? A Copa de 2014 trará benefícios e afirmação de ações conjuntas para o turismo e a cultura?
Mediador: Plínio Marcos Rodrigues
Debatedores: Abgail Pereira (SeTur), Luiz Fernando Moraes (SMTur), Vinícius Cáurio (SMC), Desirée Pessoa (Grupo Neelic) e Alexandre Fávero (Cia de Teatro Lumbra).
 
Sexta-Feira - 19 horas
Teatro Glênio Peres (da Câmara)
Tema: Novos Espaços Cênicos
Quais as propostas e iniciativas que poderão garantir os espaços existentes e criar novos espaços? Iniciativa privada x poder publico x produção cultural: quem perde e quem ganha no atual momento? Quais os espaços que queremos e como ocuparemos?
Mediador: Fábio Cunha
Debatedores: Marcelo Restori (IEACen), Caco Coelho (coordenador da Usina do Gasômetro, Giancarlo Carlomagno (Grupo Oigalê), Eduardo Krammer (Teatrofídico).

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)