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Projeto inclui Dia do Colecionador de Miura e de Carros Antigos no Calendário de Datas

Vereador Mauro Pinheiro Foto: Guilherme Almeida
Vereador Mauro Pinheiro Foto: Guilherme Almeida (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
Está em tramitação na Câmara Municipal de Porto Alegre o projeto de lei do legislativo que inclui o Dia do Colecionador de Miura e de Carros Antigos no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização da Capital, a ser comemorado no dia 14 de maio, ou no primeiro domingo que suceder a essa data. A proposta tem a autoria de vereador Mauro Pinheiro (PT).

Segundo o projeto, ao longo do século XX foram muitas as tentativas de criar uma indústria genuinamente nacional, fosse por iniciativa estatal, como ocorreu com a Fábrica Nacional de Motores, ou pelo empreendedorismo de nossos compatriotas. Em meados dos anos 1970, uma dupla de empresários gaúchos, certos de suas capacidades de criação, trouxe inovações para a indústria automobilística, propondo um novo conceito de automóvel. Assim surgia, em 1975, o projeto Miura. Fruto do empreendedorismo de Iltemar Gobbi e Aldo Besson, que, a partir daquele momento, inseriam Porto Alegre e o Rio Grande do Sul no mapa mundial de fabricantes de automóveis.O Miura tinha, no seu desenho, uma forma de cunha e faróis escamoteáveis, que logo revolucionou, na estética e na tecnologia, o conceito de carros no Brasil, inserindo o País no rol dos fabricantes mundiais de carros esportivos.

Lançado para o mercado automobilístico em 1977, o Miura era o primeiro automóvel genuinamente gaúcho. Ao longo da sua trajetória, foram fabricados onze modelos de Miura, que foram exportados para diversos países, entre eles Estados Unidos, Emirados Árabes, Argentina, Colômbia, Bolívia, África do Sul e Alemanha. Dessa forma, a Besson Gobbi, com seus Miuras, contribuiu de forma significativa para a consolidação da indústria metal-mecânica em Porto Alegre, gerando orgulho aos porto-alegrense, bem como satisfação de saber que, em Porto Alegre, também se poderia produzir bens duráveis com tecnologia de ponta. 

Infelizmente, a Besson Gobbi não conseguiu ser maior do que a crise econômica e política pela qual o Brasil passava na primeira metade dos anos 1990. Soma-se a isso a abertura do mercado brasileiro para as grandes multinacionais, o Plano Collor, com o sequestro das poupanças dos brasileiros, as mudanças nas regras de financiamentos e créditos e os altos impostos, que levaram a fábrica à exaustão e por fim, à falência.

Entretanto, em meados de 2003, surgiram, em um grupo de amigos, curiosos sentimentos. Primeiro, a admiração por Aldo Besson e Iltemar Gobbi. Depois, a paixão pelos carros e o orgulho de representarem em alto nível a indústria gaúcha. Por fim, o desejo de manter viva a história de superação e sucesso que acompanhou Besson Gobbi S.A. e os seus Miuras durante seus q15 anos de produção.

Foi, com esse sentimento de admiração, orgulho e superação histórica, que surgiu a Miura Clube RS, que cresceu em abrangência, transformando-se no Miura Clube Brasileiro. Também derivado do Miura Clube RS, surgiu o Miura Clube Gaúcho e Antigos. Esses, juntamente a outros clubes espalhados pelo Brasil, procuram manter viva a história desses pioneiros, preservando essa parte da história de Porto Alegre, para que as novas gerações saibam que, na Zona Norte de Porto Alegre, existiu uma fábrica na qual seus trabalhadores, certos das suas capacidades, criaram um carro que conquistou o Brasil e que ganhou o mundo.

Texto: Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)