Protocolo de Prevenção à Violência nas Escolas será lançado nesta terça

A socióloga paulista Miriam Abramovay, que em quase duas décadas concentra seus estudos na violência escolar, é a convidada especial para o lançamento do Protocolo de Prevenção à Violência nas Escolas (Previne). Criado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, o documento, inédito no Brasil, reúne dados de como as instituições e as comunidades devem agir para prevenir e encaminhar medidas que reduzam danos de conflitos violentos nas escolas. A criação deste protocolo surgiu de indicação do sociólogo Marcos Rolim ao vereador Mauro Zacher (PDT), que realizou evento para debater os 100 dias da tragédia de Suzano. A elaboração do documento foi feita por Grupo de Trabalho (GT) chancelado pela Comissão de Educação, Cultura, Esportes e da Juventude (Cece) do Legislativo da capital gaúcha.

O lançamento do Protocolo será realizado na próxima terça-feira (26/11), das 14h às 17h, no Plenário Ana Terra da Câmara Municipal. Nessa tarde, após a fala de Miriam, haverá um debate com a participação do sociólogo Marcos Rolim, coordenador do GT/Cece, e de Rose Gurski, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Psicanálise, Educação e Cultura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Nuppec/Ufrgs). As inscrições, gratuitas e com lugares limitados, devem ser feitas antecipadamente pelo e-mail: protocolodeprevencaodeviolencia@gmail.com ou pelo WhatsApp: (51) 998945230. Todos os participantes receberão um exemplar do documento e o material também será disponibilizado para o envio por meio eletrônico às escolas, instituições e demais interessados.

“O objetivo é apresentar o Previne e permitir uma intensa troca de conhecimento entre a painelista, os debatedores e o público presente, formado principalmente por especialistas das áreas médica e educacional, dirigentes de escolas, professores, servidores, pais, alunos e demais interessados”, destaca Zacher. De acordo com o vereador o sucesso do protocolo está na democratização das suas informações com a sociedade e, por isso, o documento será encaminhado aos gestores públicos, nas esferas municipais, estaduais e federal, para com o apoio do poder público ter o seu alcance ampliado.

Histórico

A ideia do Protocolo nasceu em um evento realizado pelo gabinete de Mauro Zacher no mês de abril, que versou sobre os 100 dias do massacre ocorrido na Escola Raul Brasil (Suzano/SP). Nesse dia, por sugestão de Rolim, que havia proposto a atividade ao vereador, houve a sugestão da elaboração do Protocolo com a chancela institucional da Cece. Prontamente aceita pelo presidente, vereador professor Alex Fraga (Psol), e aprovada pelos seus demais integrantes foi formado um GT, sob a coordenação de Rolim, que em cerca 60 dias apresentou a minuta do documento produzido para ser disponibilizado em consulta pública por mais 30 dias para receber sugestões da sociedade.

O resultado do trabalho é um caderno que será oferecido ao prefeito e ao governador do Estado. “A ideia é a de que ele possa ser adotado como uma ferramenta para a prevenção e a redução dos danos em eventos de violência escolar”, informa Rolim.

Participantes do evento

Miriam Abramovay - Foi professora da Universidade Católica de Brasília e coordenadora do Observatório de Violência nas Escolas – Brasil por quatro anos e consultora do Banco Mundial e do UNICEF. Exerceu o cargo de Secretária Executiva do Observatório Ibero-americano de Violência nas Escolas de 2006 a 2008; coordenadora e professora do Curso “Juventude, Diversidade e Convivência Escolar”, parceria entre a RITLA e a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Atualmente é coordenadora da Área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO). É autora e co-autora de vários livros e inúmeros artigos nas áreas de educação, ciências sociais, gênero, violências nas escolas e juventudes.

Rose Gurski - Psicóloga e psicanalista. Professora associada do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e do Programa de Pós-graduação em Psicanálise: clínica e cultura (UFRGS). Co-coordenadora do NUPPEC (Núcleo de Psicanálise, Educação e Cultura CNPq/UFRGS). Autora do livro Três Ensaios sobre Juventude e Violência (Escuta, 2012). Desenvolve pesquisas e intervenções nas áreas de Psicologia, Psicanálise e Educação com ênfase nos seguintes segmentos: interface psicanálise e educação; clínica da infância, adolescência e juventude, socioeducação, mídia, cinema e cultura contemporânea. 

Marcos Rolim - É doutor e mestre em Sociologia pela UFRGS; especialista em Segurança Pública pela Universidade de Oxford (UK), e graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). É coordenador da Assessoria de Comunicação do Tribunal de Contas do RS e professor do mestrado em Direitos Humanos da UniRitter. É autor, entre outros, de "A Síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e segurança pública no século XXI" (Zahar, 2006); "Bullying, o pesadelo da escola" (Dom Quixote, 2010) e "A Formação de Jovens Violentos: estudo sobre a etiologia da violência extrema" (Appris, 2016). Atualmente, realiza seu pós-doutorado em Sociologia na UFRGS.

Mauro Zacher - Vereador em quarto mandato pelo PDT de Porto Alegre; foi secretário municipal da Juventude; é autor da pioneira lei de prevenção e combate ao Bullying das capitais brasileiras. Palestrou em centenas de escolas do Rio Grande do Sul, apresentou o projeto em evento internacional, em Lima, capital peruana, e editou cartilha de orientação aos estudantes sobre o tema. Foi o proponente do debate sobre os efeitos da tragédia de Suzano (SP) nas escolas de Porto Alegre, momento embrionário do Previne que por sua indicação recebeu a chancela da Comissão de Educação, Cultura, Esportes e da Juventude (CECE) da Câmara Municipal de Porto Alegre.