Plenário

Secretário da Saúde explana sobre ações na capital para combate ao coronavírus

Mauro Sparta ouviu e respondeu a questionamentos de vereadores na tarde desta quarta-feira

  • Sessão Ordinária mista com participação do Secretário Municipal de Saúde Mauro Sparta
    Secretário apresentou planejamento para a vacinação. Vereadores estiveram no Auditório Ana Terra e também por conexão on-line (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Sessão Ordinária mista com participação do Secretário Municipal de Saúde Mauro Sparta
    Secretário (d) acompanhou toda a reunião ordinária desta quarta-feira (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Em período de Comparecimento na sessão plenária da Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta quarta-feira (3/2), em participação virtual, o secretário da Saúde, Mauro Sparta, afirmou que “a cidade está preparada para a vacinação”. Segundo ele, ao fazer um balanço dos primeiros 30 dias da atual gestão, a situação em Porto Alegre, em relação a Covid-19, está sob relativo controle, com números favoráveis diante da queda nos atendimentos. Sparta destacou que existe um planejamento previsto para a ampliação da vacinação, com a utilização da estrutura própria da rede municipal e de outros espaços, em combinações com o Estado, a União e outras instituições parceiras. "Mas, para isso é necessário o recebimento de um maior volume de doses da vacina".

Em números atualizados, Sparta informou que, até esta quarta-feira, 46.221 mil porto-alegrenses já foram vacinados, e que a capital recebeu 83,6 mil doses, sendo 51,6 mil unidades da Coronavac, em 18 de janeiro, e 32 mil da Astrazeneca, no dia 25 de janeiro. Estas ampolas se destinam à primeira fase de vacinação, conforme estabelecem os planos nacional, estadual e municipal, aos profissionais da saúde, idosos institucionalizados ou com mais de 75 anos acamados, indígenas e quilombolas. Este número, como reforçou o secretário, “é insuficiente para o total de 163 mil pessoas que somam esses grupos”. Ele também elogiu a coesão de esforços da comunidade internacional que, em um ano de pandemia, a partir de estudos e investimentos, foi capaz de produzir vacinas em diversos laboratórios, fato que permite o início da imunização da população mundial.

Instituto

Em resposta aos questionamentos dos vereadores, Mauro Sparta disse que, além das 83,6 mil doses já recebidas, outras nove mil chegaram na segunda-feira passada e explicou que as 19 equipes que estão nas ruas atendendo aos idosos em instituições de longa permanência e em suas residências irão prosseguir e ampliar o trabalho de acordo com a capacidade de doses recebidas. Também ressaltou que, disponibilizadas as vacinas, as unidades básicas irão dar início à vacinação, seguindo a ordem dos grupos prioritários dos planos nacional, estadual e municipal.

Sobre o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (IMESF), o secretário elogiou o trabalho dos profissionais e disse que o problema é antigo. “Essas demissões são de julho à dezembro passado. É algo que se arrasta desde 2011 e eclodiu em 2019, com a decisão do STF pela extinção do concurso realizado”, ressaltou. Ele informou, ainda, que a atual administração trabalha para resolver a questão da melhor forma possível, porque a presença desses servidores na saúde é uma necessidade, porém disse não ser possível desconhecer não se tratar apenas de um problema institucional e social, mas jurídico, que envolve a procuradoria e outros setores da gestão.

Sobre o aumento de escala de plantões de 12x36 para 12x60, Sparta declarou que o habitual é o a escala de 12x36 e que para haver aumento é preciso a contratação de mais profissionais. O secretário disse igualmente ter conhecimento da definição da Câmara, que será avaliada dentro do possível, com o debate a exaustão, conforme orientação do prefeito.

Calendário

Relativo ao calendário de vacinação, o titular da Saúde lembrou, mais de uma vez, que o governo municipal, pela escassez de doses da vacina, que é um problema mundial, está respeitando os planos nacional, estadual e municipal. “O Brasil conta com um dos melhores - senão o melhor - sistemas de vacinação do Planeta”, lembrou, ao referir que no ano passado mais de 80 milhões de brasileiros foram vacinados contra H1N1. “Se houverem vacinas contra a Covid-19 em quantidade suficiente essa mesma estrutura, com a utilização das unidades básicas, está preparada para atuar com eficiência”.

Sparta ainda defendeu o investimento na indústria nacional, reconhecendo a capacidade de estruturas como a do Butantan, em São Paulo, e da Fiocruz, no Rio de Janeiro, de produzir as doses que o país precisa, inicialmente a partir do recebimento dos insumos necessários, que também podem ser produzidos no Brasil.

Sobre os postos de saúde fechados na gestão anterior, ele declarou que visitou as unidades e prontamente reabriu o da Vila Elizabete, sendo que os demais aguardam a realização de obras para que possam operar com as condições necessárias para o atendimento à população. Sobre a unidade da Tronco e outras fechadas anteriormente, Sparta se comprometeu a aprofundar o debate para verificar as possibilidades de reabertura para a comunidade. “A unidade da tronco será visitada nos próximos dias”, informou.

Farmácias

Ao responder questionamentos de parlamentares relativos ao chamado “Kit Covid”, informou que a determinação do prefeito foi a de receber as doses de hidroxicloroquina sem custos para o município para que a medicação estivesse à disposição dos cidadãos que assim desejarem utilizá-la, conforme ato médico. Salientou também que essa medicação serve para o tratamento de outras doenças autoimunes e que ficaram em falta nas farmácias por conta do alto consumo existente. o secretário, porém ressaltou que a Ivermectina, essa sim adquirida, não ultrapassou ao que tradicionalmente é comprado pela prefeitura, recordando que só no presídio central são consumidas 4 mil unidades/mês e onde, por observação clinica, disse não haver foco de contaminação pela Covid-19.

Sparta concordou sobre a necessidade das farmácias das unidades de saúde estarem abertas nos finais de semana, para evitar que os cidadãos tenham que retornar para buscar as medicações na segunda-feira. Disse que, como médico e servidor que atuou por muito tempo na UPA Moacyr Scliar, sentiu isso no seu trabalho.

Já a respeito da necessidade de imunização dos professores, levantadas por diversos parlamentares, o secretário disse concordar integralmente. Para ele, não apenas professores como os demais servidores de escolas devem ter prioridade na vacinação, se possível antes do inicio do ano letivo, mas adiantou que esse é um processo que deve ser construído com o governo do Estado. Sparta disse acreditar que em Porto Alegre cerca de 10 mil doses seriam suficientes para garantir essa imunização.

Demandas

Em sua manifestação, o secretário reconheceu o aumento de demanda no 156, em parte pela deficiência estrutural do sistema e em parte pela divulgação desse canal à população feita por ele e pelo próprio prefeito. Ele, no entanto, destacou que isso permitiu que quatro mil registros de pedidos por vacinação domiciliar, fora dos que já existem nas unidades de saúde, alertassem para uma maior necessidade de doses para idosos acamados.

Mauro Sparta se mostrou favorável a integração das equipes da saúde e educação para campanhas na rede de ensino, voltadas ao conhecimento e incentivo à adoção dos protocolos sanitários para a prevenção à transmissão do covid19. Também pontuou ser preciso preparar a rede para o atendimento a outras comorbidades, represado em 2020, mas lembrou o esgotamento das equipes de saúde e a necessidade de renovação de profissionais que estão abandonando a atividade por questões físicas e psicológicas.

Em relação às novas cepas, Sparta considerou equivocada a decisão do governo federal de levar para outros estados pacientes das regiões mais afetadas. Disse que no seu entendimento, uma ação conjunta das unidades da federação deveriam congregar esforços para dotar essas regiões da infraestrutura necessária, sendo mais fácil o controle biológico dessas cepas com maior nível de transmissibilidade do vírus. Sparta também disse que é favorável a continuidade do auxílio emergencial pelo governo federal à população, mas que para resgatar a economia é preciso, com estratégia, vacinação e manutenção dos protocolos sanitários, ir reabrindo as atividades, exemplificando que isso é possível a partir dos resultados de Porto Alegre.

Parcerias

Sobre a possibilidade de compra da vacina por meio de consórcio com outros municípios, Sparta disse que já participou de reunião com essa pauta e que esse estudo está em curso, caso as doses necessárias não venham do governo federal. Também disse que, a exemplo de professores e servidores da educação, é sensível a inclusão dos conselheiros tutelares de Porto Alegre e assistentes sociais nos grupos prioritários.

O titular da Saúde municipal ainda se posicionou favorável às parcerias, mas ressaltou que o grande problema delas é a deficiência da fiscalização do poder público. “Quando as empresas não entregam o contratado é preciso ter agilidade na cobrança”, sentenciou.

Casos de fura-fila não chegaram ao seu conhecimento, como salientou o secretário, mas destacou que, se chegar a saber, “o caminho será único, o envio para o Ministério Público. As listas são assinadas por quem as elabora e isso será rigorosamente cobrado, caso ocorra”, disse. Cobrado pela ausência física na reunião desta tarde, pediu desculpas pelo ocorrido, alegando que quando recebeu o link de acesso à sessão e acreditou que seria somente pelo meio virtual, percebendo o contrário apenas minutos antes do seu inicio.

Texto

Milton Gerson (reg. prof 3569)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)