Seduc afirma que fechamento de escolas estaduais será mantido

A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) manterá fechadas as escolas Alberto Bins, Benjamin Constant, Oswaldo Aranha, Doutor Miguel Tostes, Marechal Mallet e Plácido de Castro, localizadas em Porto Alegre. A afirmação foi feita pela secretária-adjunta de Educação do Estado, Iara Wortmann, na manhã desta terça-feira (27/2), em reunião a portas fechadas na Seduc, solicitada pelo presidente Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal da Capital, vereador Tarciso Flecha Negra (PSD). 

A secretária-adjunta enfatizou que o fechamento das seis escolas é uma decisão que já foi tomada e será mantida. “São seis escolas, em áreas de Porto Alegre que têm outras escolas, para onde foram encaminhados mais de 400 alunos, com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino”. Conforme dados da Seduc, em 2003, havia 1,5 milhão de alunos, enquanto a expectativa para 2018 é de cerca de 900 mil matrículas em todo o Estado. Com relação à destinação do prédio da Alberto Bins, que é estadual, mas ocupa terreno do governo federal, Wortmann explicou que está sendo estudada a ampliação do uso do espaço em conjunto com a prefeitura. 

A vereadora Sofia Cavedon (PT) disse que não aceita esta resposta como definitiva e informou que, nesta quinta-feira, terá reunião com o Ministério Público para buscar alternativas ao fechamento. “Ficou claro que a Seduc avaliou para o fechamento da Alberto Bins o pequeno número de alunos e o baixo Ideb – Índice de Desenvolvimento Educacional. Mas isso é indicador de que a Seduc deveria ter agido antes. A solução para uma educação que não está boa não pode ser fechar a escola, ainda mais naquela região de grandes conflitos como a Vila Cruzeiro.” A vereadora argumentou que pequenas escolas fariam um trabalho mais qualificado, com maior atenção aos alunos e melhores resultados. 

Carta

No final da reunião, Cavedon entregou à secretária-adjunta uma carta de moradores e lideranças da Vila Cruzeiro cobrando explicações com relação ao fechamento da Alberto Bins. Assinada pelo Conselho do Orçamento Participativo (OP), Fórum dos Delegados do OP da Região Cruzeiro e Movimento Unidade na Luta na Defesa dos Servidores e dos Serviços Públicos de Porto Alegre, o texto aponta que, desde dezembro, a comunidade busca informações junto à Seduc e que nenhuma reunião foi realizada para tratar do assunto. “A secretaria não levou em consideração as questões econômicas das famílias e tão pouco as questões de território e de violência urbana. Quem pagará o transporte para os alunos?”, aponta o texto.   

Wortmann destacou que a agenda previa o atendimento dos vereadores e que a carta, entregue no final do encontro, será lida e respondida diretamente aos vereadores. Ao todo, 131 alunos do Alberto Bins foram transferidos para as escolas Medianeira e Venezuela. Conforme Wortmann, os alunos dos anos iniciais, com idades entre 6 e 10 anos, foram deslocados para a Medianeira, que fica a cerca de 1 km de distância da Alberto Bins. 

Cavedon disse que a distância envolve questões sociais, além da travessia por crianças de vias com grande tráfego de veículos. Afirmou ainda que a comunidade tem alternativas para a Alberto Bins, como a implantação de turno integral ou ensino médio técnico. “É obrigação da Seduc receber a comunidade de forma organizada. Não vale só mandar os pais matricularem os alunos em outro lugar e encaminhar o fluxo. A luta vai continuar.” 

Também participou da reunião o vereador Reginaldo Pujol (DEM).

Texto: Cibele Carneiro (reg. prof. 11.977)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)