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Semana Lixo Zero norteia debate da Cosmam sobre redução de resíduos

Comissão discute a implantação de novas atitudes frente a política do descarte e recolhimento de resíduos. Com a fala, Alessandra Pires, representando a SMAMS.
Reunião debateu necessidade de campanhas e de ampliação das propostas de reciclagem (Foto: Leonardo Cardoso/CMPA)

A reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre abordou, nesta terça-feira (22/10), a Semana Lixo Zero, promovida pelo Instituto Lixo Zero. Conforme o biólogo Edinei Teixeira Moreira, voluntário da instituição, o objetivo do evento é “conscientizar a sociedade com relação ao consumo e à reutilização dos resíduos para aumentar o seu ciclo de vida”. Na Capital, são 12 voluntários atuando em mais de 100 atividades nesta quinta edição do evento.

Moreira apresentou o Instituto, criado no Brasil em 2010 - mesmo ano da publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos -, e que tem sede nacional em Florianópolis. A entidade integra uma aliança internacional que visa a contribuir para a não geração de resíduo, o reuso, a redução, a reciclagem e, em último caso, o descarte adequado. Além das ações de conscientização ambiental, o Instituto certifica empresas interessadas em adotar práticas sustentáveis e reduzir a geração de resíduos.

O representante do Instituto Lixo Zero citou que apenas 3% do resíduo gerado no Brasil é corretamente reciclado. “Lixo é o que a gente conceitua que não quer mais. Mas no Planeta não existe ‘jogar fora’”, afirmou, destacando a importância de se repensar nosso consumo desde a produção até o descarte.

Contêineres

O diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Renê Machado de Souza, informou que o órgão é parceiro da Semana Lixo Zero e destacou que Porto Alegre, por ter sido pioneira – há 30 anos – na reciclagem de resíduos, hoje atinge o dobro do índice nacional. Conforme ele, o potencial identificado de reciclagem na cidade é de 25 a 26%. O titular do DMLU destacou que é preciso avançar na conscientização da população para reduzir o descarte e qualificar a reciclagem. Ele citou que o primeiro projeto com contêineres de coleta seletiva (instalados no quadrilátero central) teve resultados frustrantes, pois os equipamentos não foram utilizados de maneira correta pelos lojistas. Agora, o Departamento experimenta os contêineres em área com perfil mais residencial.

Alessandra Nogueira Pires, coordenadora de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAMS) citou que a pasta procura incentivar, no momento do licenciamento, a geração de menos resíduos. Ela informou, ainda, que está em construção a política de logística reversa do município, onde estará prevista a responsabilização das empresas que produzem, importam e distribuem produtos consumidos na cidade.

Comportamento

Para Antônio Matos, coordenador do Fórum de Unidades de Triagem, a ampliação da coleta seletiva tem o poder de aquecer a economia, já que irá gerar mais emprego na triagem e ampliar o consumo por parte das famílias que passarão a ter renda. Conforme ele, a atividade envolve 600 trabalhadores distribuídos em 21 unidades. “Além do nosso trabalho profissional, atuamos com consciência ética”, afirmou, destacando que a importância do com descarte é tratada nas reuniões das unidades e do Fórum.

A mudança de comportamento da sociedade dentro de casa e nos espaços em que convive foi classificada como fundamental pela coordenadora de Educação Ambiental do DMLU, Patrícia Russo. Como exemplo, citou que o trabalho de conscientização das escolas não surte o efeito desejado se as próprias instituições não implementarem a gestão de resíduos. “O aluno aprende como descartar corretamente o lixo, mas na hora que faz seu lanche não encontra o cesto para o lixo reciclável”, explicou.

Vereadores

Para a vereadora Cláudia Araújo (PSD), é fundamental investir na conscientização da população e dos catadores para evitar o descarte incorreto de resíduos. Destacou, também, a urgência de ações para diminuir o uso de embalagens e a produção de resíduos, citando que cada pessoa, ao longo da vida, gera mais de 50 toneladas de lixo. Pérola Sampaio (PT), que é psicopedagoga, destacou a importância das escolas para o diálogo sobre o tema com as crianças.

Já o vereador José Freitas (PRB), vice-presidente da Cosmam, ressaltou que o governo precisa trabalhar para que um dia o município chegue a 100% de aproveitamento dos resíduos. “Provavelmente nós não viveremos para ver isso, mas é preciso trabalhar com este objetivo”, afirmou. O parlamentar ainda ressaltou a importância da fiscalização para evitar o descarte incorreto.

Como encaminhamento da reunião ficou definida a realização de audiência pública e foi sugerida pela vereadora Cláudia Araújo a criação de uma frente parlamentar sobre o tema. O encontro ainda contou com a presença do vereador Hamilton Sossmeier (PSC).

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)

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