Seminário debate avanço do crack
A Câmara Municipal de Porto Alegre realizará nesta sexta-feira (18/9) o Seminário de Ação contra as Drogas com ênfase no crack. O seminário é promovido pela Escola do Legislativo Julieta Battistioli e pelas frentes parlamentares Antidrogas, de Incentivo à Leitura e de Defesa da Infância. O evento ocorrerá às 14 horas, no Plenário Otávio Rocha (Avenida Loureiro da Silva, 255 - 2º piso). Temas como prevenção, políticas de tratamento de dependentes e relação entre drogados e família serão abordados. As inscrições podem ser feitas na página da Câmara.
Este ano, o Legislativo já dedicou uma sessão plenária especial para tratar do assunto. Especialistas e representantes de ONGs participaram do debate, avaliaram o crescimento do uso do crack e apresentaram sugestões de ações para combater a epidemia da droga. Para o diretor-geral do Hospital Psiquiátrico São Pedro, médico Luiz Carlos Coronel, "o crack é a droga mais danosa já criada pelo homem". Acrescentou que a droga gera uma paranoia tão intensa que os remédios tradicionais não funcionam. O coordenador-executivo da Central Única de Favelas (Cufa), Manuel Soares, que trabalha no combate ao crack há oito anos, afirmou que a droga mata sete pessoas por dia no Estado. Para ele, a única saída é a prevenção. "Cada um deve fazer sua própria campanha e buscar para si a responsabilidade de orientar e evitar que mais uma pessoa seja usuária desta droga."
Em entrevista publicada na página amaivos.com.br o médico Sérgio de Paula Ramos, diretor do Serviço de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus, explicou que o crack é barato, disponível e tem alto caráter de dependência. Conforme ele, o cenário que se vê no RS já ocorre há algum tempo em São Paulo. "Sem dúvida, no Rio Grande do Sul, o crack assumiu um caráter epidêmico. Não tínhamos, há cinco, seis anos, seu consumo no Estado e hoje temos uma explosão de usuários." O médico também acredita que o principal foco das campanhas deve ser a prevenção, pois, admite ele, as taxas de recuperação dos viciados são muito baixas.
Dados da Secretaria da Saúde do Estado mostram que 0,5% da população do RS é viciada em crack, um universo de 50 mil pessoas. Pesquisa realizada pela Ufrgs e pela Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas apontou que quase 43% dos atendimentos psiquiátricos no Estado envolvem viciados em crack. Em Porto Alegre, conforme o levantamento, 39% dos atendimentos são para os usuários da pedra. Para a pesquisa, foram entrevistadas 740 pessoas durante um ano. A grande maioria dos usuários de crack é homem (81,9%) e tem idade média de 31,1 anos.
Para o presidente da Frente Parlamentar Antidrogas, vereador Dr. Thiago (PDT), o evento é importante como esforço da casa na busca de soluções para o problema. "A Frente Parlamentar tem como objetivo realizar um amplo diagnóstico do problema da drogadição em Porto Alegre, construindo conceitos em conjunto com as comunidades e apresentando proposições e sugestões para serem levadas às autoridades competentes."
A vereadora Maria Celeste (PT), que preside a Frente Parlamentar de Defesa da Infância e Adolescência, diz que "o esforço coletivo das frentes e comissões que tratam do tema na Casa tem como ênfase otimizar ações para enfrentarmos o uso do crack em nossa cidade, especialmente pelas crianças e adolescentes".
Palestrantes
O tema será debatido pelos seguintes palestrantes: Dr. Mauro Luís Silva de Souza, promotor de Justiça do Ministério Público; Luiz Carlos Illafont Coronel, médico e diretor do Instituto Psiquiátrico Forense e Diretor do Hospital Psiquiátrico São Pedro; Jose Vicente Lima Robaina, presidente do Conselho Municipal de Entorpecentes de Porto Alegre (Comen); Luiz Fernando Oderich, presidente da Associação Brasil Sem Grades; Irma Rossa, médica e coordenadora do Departamento de Saúde Mental da Secretaria Municipal; Anderson Ravy Stolf, médico e representante do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Ufrgs; Roberto Leite Pimentel, delegado e diretor da Divisão de Prevenção e Educação do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc/RS); e Nair Paim Kessler, psicóloga, terapeuta de família e coordenadora do Setor de Prevenção à Dependência Química da Cruz Vermelha Brasileira/RS.
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)