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Seminário debate revitalização do Centro de Reabilitação

Guilherme Barbosa (d) sugeriu convênio entre Município e Estado Foto: Elson Sempé Pedroso
Guilherme Barbosa (d) sugeriu convênio entre Município e Estado Foto: Elson Sempé Pedroso

A fim de garantir e melhorar o acesso de trabalhadores vitimados por acidentes de trabalho ao Centro de Reabilitação Profissional (CRP) em Porto Alegre, as Comissões de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) e de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal realizaram, na manhã desta sexta-feira (13/6), o seminário Centro de Reabilitação Profissional: passado, presente e futuro - Perspectivas para a reabilitação no município de Porto Alegre no Plenário Otávio Rocha. Dados da Procuradoria Geral do Trabalho revelam que cerca de 3 mil trabalhadores morrem ao ano vítimas de acidentes no ambiente de trabalho e outros 15 mil ficam incapacitados de voltarem a suas atividades.

Para a presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5ª Região (Crefito-5/RS), Maria Teresa Dresch da Silveira, a cidade de Porto Alegre sofre com a falta de estrutura e com o abandono do CRP. Segundo ela, o prédio reservado para o atendimento aos usuários conta apenas com 15 funcionários. Apenas um deles é fisioterapeuta. Na época de sua instalação, em 1978, o edifício de 15 mil metros quadrados contava com 400 funcionários. “Era o maior centro especializado da América Latina”, informou ao lamentar a falta de incentivos do poder público para buscar alternativas de reestruturação.

Problemas

Vinculado ao Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), o CRP, que atendia pacientes de todo o estado, a partir de 2001 teve seus serviços descentralizados. Cada gerência do INSS ficou responsável pela reabilitação de seus segurados no Rio Grande do Sul. Desta forma, o Centro passou a atender usuários apenas de Porto Alegre, Viamão e Alvorada.

Segundo a presidente da Cosmam, vereadora Neuza Canabarro (PDT), atualmente existem centenas de pessoas que saem da sala de cirurgia e esperam quase seis meses para iniciar a fisioterapia necessária para o tratamento. “Nós lamentamos que o CRP tenha perdido o seu referencial de excelência. A ampliação do quadro de profissionais da saúde é urgente para atender a demanda reprimida do Centro”, avaliou.

Ao apresentar os problemas existentes no CRP, a psicóloga e responsável pela técnica de Reabilitação da Gerência do INSS, Sônia Marchetti, explicou que o maior empecilho enfrentado pelo Centro hoje é a falta de parcerias com órgãos e entidades da área da saúde. “Se tivermos como enfrentar a demora no atendimento pelo SUS, o trabalho do Centro avançará bastante”, defendeu.

Vítima de um Acidente Vascular Cerebral em dezembro de 2000, o aposentado Valter Castilhos argumentou que o CRP não trata os pacientes como sujeitos de direito e peca no atendimento às vítimas. “Eu precisei fazer meu tratamento durante 18 meses em uma clínica conveniada em Brasília para suprir uma necessidade que não poderia ser atendida aqui”, reclamou. Segundo ele, faltam vontade política e envolvimento da sociedade para recuperar o Centro de Reabilitação em Porto Alegre.

Como forma de fazer com que o CRP retorne às atividades para as quais foi idealizado, o presidente da Cedecondh, vereador Guilherme Barbosa (PT) sugeriu que seja estabelecido um convênio entre Estado e Município para que os atendimentos no Centro sejam revitalizados. “O espaço precisa voltar a cumprir seu papel e dar assistência integral na recuperação dos profissionais”. Guilherme salientou a importância de construir equipes com a presença de trabalhadores da área da fisioterapia, fonoaudiologia, educação física, enfermagem e terapia ocupacional.

Encaminhamentos

Ficou acertado, no seminário, que as Comissões de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) e de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) formarão uma agenda em comum com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e com a prefeitura de Porto Alegre para traçar iniciativas concretas referentes à melhoria do Centro. Além disto, uma audiência com o Ministério da Saúde, em Brasília, também deve ser programada.

Entre as entidades e órgãos que participaram do evento estão o Conselho Regional de Medicina (Cremers), a Secretaria Municipal de Acessibilidade de Porto Alegre, as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde, o Conselho Regional de Psicologia, o Conselho Regional de Enfermagem e o Conselho Regional de Fonoaudiologia. Os vereadores Beto Moesch (PP) e Carlos Comassetto (PT) também contribuíram com as discussões.

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

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