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Situação do viveiro municipal preocupa especialistas e vereadores

Reunião da Cosmam discutiu proposta de reativação do local

Reunião para discutir a situação de abandono do Vivieiro Municipal de Porto Alegre.
Vereadores e representantes de entidades e do município discutiram situação da produção de mudas (Foto: Bernardo Speck/CMPA)

O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), especialista em botânica e meio ambiente, Paulo Brack, qualificou de ridícula meta apresentada por representante da prefeitura municipal, no sentido de reativar o viveiro de mudas da capital. Brack participou de reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta terça-feira (9/4), convocada para discutir a situação do viveiro localizado no Parque Saint´Hilaire, entre o bairro Lomba do Pinheiro e a cidade de Viamão.

Segundo Joaquim Cardinal, funcionário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam), presente à reunião, a ideia é produzir 500 mudas de plantas nativas e mil plantas ornamentais por ano no viveiro. Paulo Brack não se convenceu, pois para ele, o potencial do equipamento englobaria 50 mil mudas por ano: “Bastando ao governo municipal administrar o local com vontade política e substituindo mudas de árvores grandes por pequenas, as quais ocupam menos espaço e funcionam melhor nas áreas de calçadas urbanas”, reforçou. 

Reativação

O representante da Smam anunciou um projeto de reativação do viveiro, com a realocação de técnicos, recuperação da subestação de energia - uma vez que as instalações estão às escuras -, reforma das estufas, dentre outras melhorias. Segundo Cardinal, quando criado há 50 anos, o viveiro municipal contava com 50 funcionários, estando reduzido, atualmente, a quatro servidores, todos em fase de aposentadoria. 

Mesmo assim, Cardinal garantiu que 15 mil mudas estão preservadas no local e que o banco genético existente na área está igualmente resguardado. Uma das saídas apontadas pelo Executivo é a de buscar parcerias público privadas (PPPs) com os viveiros privados certificados que participariam da gestão.

Contestações 

Mesmo assim, o representante da Smam foi alvo de críticas dos participantes da mesa. O presidente da Associação dos Moradores e Comunitários, da Zonal Sul, Paulo Barros afirmou que o viveiro de Porto Alegre está jogado às traças, as estufas foram depredadas por conta da ausência de segurança à noite e que não cabe falar em recuperação imediata da área de plantio porque não está na época de realizar tal etapa. “Querem mascarar a morte do viveiro”, criticou Barros. 

A advogada Luciele Souza, integrante do movimento ambientalista Greenpeace e presidente do Movimento Preserva Zona Sul, definiu como descaso a maneira como o viveiro vem sendo tratado pelo poder público. Ela, em nome das entidades que representa, move ação pública na Justiça, requerendo um plano de gestão e recuperação da área degradada do viveiro. 

Luciele argumentou que não há justificava para a falta de energia no local por dois anos, desde que um grande temporal destruiu a rede elétrica. “Fizemos quatro visitas antes da ação judicial. Há um vídeo, documentando, tem matéria em jornal. Não há interesse em manter o viveiro”, pontuou a advogada ambientalista.

Encaminhamentos

O presidente da Cosmam, vereador André Carús (MDB), diante da ausência dos secretários titular e adjunto da Smam, anunciou que irá solicitar um relatório por escrito da situação do viveiro, sobre as diretrizes técnicas de produção, remontagem da equipe técnica, contratação de técnicos e operários e a ligação emergencial da energia elétrica. “Falta de luz por dois anos é um absurdo. Luz a gente puxa com fiação e um disjuntor”, criticou Carús. 

Nelcir Tessaro (DEM) sugeriu contatar as equipes de voluntários em educação ambiental para ajudarem na recuperação do viveiro e manter a Cosmam em acompanhamento permanente da atividade local. Hamilton Sossmeier (PSC) disse que a recuperação da subestação de energia deveria ter ocorrido por um plano financeiro emergencial, uma vez que a licitação é um processo demorado. 

José Freitas (PRB) salientou que o aspecto segurança é mais complicado de resolver porque a Guarda Municipal não conta com equipe para vigiar o local durante toda a noite, sendo que viveiro é alvo constante do vandalismo. Paulo Brum (PTB) também participou da reunião. 

Texto: Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)

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