Audiência Pública

Tarifa Porto Alegre-Guaíba é debatida por vereadores

Lago Guaíba receberia transporte hidroviário entre Guaíba (foto) e Capital Foto: Camila Domingues
Lago Guaíba receberia transporte hidroviário entre Guaíba (foto) e Capital Foto: Camila Domingues

Reclamações dos altos valores das tarifas do transporte coletivo entre Porto Alegre e Guaíba e a alternativa de transporte hidroviário. Estes temas nortearam, na tarde deste sábado (20/6), audiência pública realizada em uma parceria inédita entre as câmaras de vereadores das duas cidades. Reunidas no Plenário da Câmara de Guaíba, autoridades e a comunidade se manifestaram sobre o que consideraram “abuso” e “descaso” com a população de cerca de 25 mil pessoas que utilizam o transporte entre os dois municípios. A empresa responsável, A Expresso Rio Guaíba Ltda, mesmo convidada pelos legislativos, não compareceu.

A audiência foi presidida pelo vereador José Campeão Vargas (PTB), que também dirige o Legislativo de Guaíba. Ele disse haver um monopólio do transporte na cidade, mas quando procura-se pela empresa, existe a alegação de “trabalho no vermelho”. Para Vargas, muitas pessoas não conseguem emprego na Capital porque residem em Guaíba. “Temos de 12 a 15 mil trabalhadores desempregados. Muitos recebem um não com a justificativa de que a passagem Guaíba-Porto Alegre é muito cara”, salientou. Quanto ao transporte hidroviário através do Lago Guaíba, o parlamentar ressalta que o governo do Estado precisa lançar um edital que seja interessante para investidores. “Acredito que a governadora Yeda vai resolver o problema”, destacou.

Para o presidente da Câmara de Porto Alegre, vereador Sebastião Melo (PMDB), o tema prioritário das questões comuns entre as cidades da região metropolitana é o transporte. Destacou a complexidade desta questão por se tratar de concessão pública, mas destacou que mesmo com as dificuldades, o problema deve ser enfrentado. “O governo federal tem que reduzir impostos do setor. Mas também temos que reduzir as isenções, como fizemos na Capital”, disse. Melo também informou que mesmo a Constituição Federal determine a abertura de licitações referentes às concessões, ainda faltam auditorias. “Estas licitações deveriam ocorrer em 2010, mas o prazo para as auditorias serem entregues termina em 30 de junho próximo”, ressaltou.

Para o prefeito de Guaíba, Henrique Tavares, o transporte é tema de cobranças diárias da comunidade de Guaíba. “Os preços são elevados, e não temos ingerência por ser uma questão do governo do Estado, mas temos que defender a população. Este é o momento de discutir a questão”, aponta. Ele também ressalta a superlotação nas viagens dos ônibus. Os passageiros pagam tarifas que variam de R$ 3,00 a R$ 7,00.


População

Para o morador de Guaíba Léo Luiz Gonçalves, do bairro Alvorada, as alegações dos empresários de que estão com prejuízos nas operações não procedem. “As empresas com prejuízos fecham as portas e buscam outras alternativas. Se a viação Guaíba não tem condições que diga ao prefeito que não que mais prestar o serviço”. Ele reclama que os trabalhadores pegam ônibus lotados e chegam cansados ao trabalho. Já o dentista Francisco Silva, que tem consultório no bairro Cohab, reclama que muitos cidadãos já perderam o emprego por morar em Guaíba. “O povo não tem como trabalhar na Capital. A passagem é excessivamente cara”, critica.

Metroplam

Nelson Lídio Nunes, diretor-superintendente da Metroplan (Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional), disse que está em tramitação no órgão licitações de linhas que estão vencidas no trajeto Guaíba-Porto Alegre. “Todas estas concessões deverão ser licitadas”, informa. Nunes salienta, porém, que outras linhas do mesmo trajeto só serão licitadas em 2012, no final dos contratos. Quanto a possibilidade do transporte hidroviário pelo Lago Guaíba, o diretor destaca que existe um agendamento da Metroplan com a Secretaria do Planejamento Estadual  para Parcerias Público-Privadas (PPP) como uma alternativa de transporte.

Entretanto, os moradores da cidade que participaram da audiência pública ressaltam que este tipo de transporte “será muito bem-vindo, desde que a tarifa seja mais barata que a do ônibus, caso contrário não valerá a pena”, como salientou o dentista Franscisco Silva em sua manifestação.
 
Participaram da audiência pública os vereadores da Capital Mauro Zacher (PDT) e Toni Proença (PPS), além de Nelcir Tessaro (PTB), que também integra na Câmara a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab), que salientou que o tema do transporte na Região Metropolitana de Porto Alegre será um dos próximos assuntos na comissão.

Leonardo Oliveira (reg. prof. 12552)

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