Plenário

Tribuna Popular destaca risco de fechamento das escolas abertas

  • Tribuna Popular sobre ameaças de fechamento da Escola Aberta Vila Cruzeiro do Sul.
    Comunidade escolar marcou presença durante a sessão (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Tribuna Popular sobre ameaças de fechamento da Escola Aberta Vila Cruzeiro do Sul. Na foto, o diretor da Escola Ayrton Senna, Adroaldo Machado Ramos
    Adroaldo Machado Ramos, diretor da Cruzeiro do Sul, na tribuna da Câmara (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

O risco de fechamento das quatro escolas abertas, que atendem jovens de alta vulnerabilidade social, em funcionamento no Rio Grande do Sul foi o tema da Tribuna Popular da sessão plenária desta quinta-feira (3/10). O tema foi trazido ao conhecimento dos vereadores da capital gaúcha pelos representantes das escolas abertas Cruzeiro do Sul e Ayrton Senna, sediadas em Porto Alegre, que, juntamente com as de Santa Maria e Cruz Alta, sofrem pressão para o encerramento de suas atividades pelo governo do Estado.

De acordo com o ex-aluno e presidente do CPM da escola aberta Vila Cruzeiro do Sul, Eduardo Rafael Fernandes da Silva, a situação de indefinição leva à falta de servidores, “como merendeiras, secretária e vice direção”. Ele destacou que a Cruzeiro do Sul atende a 100 alunos egressos da Fase e encaminhados pelo Conselho Tutelar.

Para o diretor da Escola Ayrton Senna, Adroaldo Machado Ramos, “ao invés de fechar escolas, o governo deveria abri-las, pois elas acolhem jovens que a escola tradicional não deu conta”. Reforçou que, desde 2015, as quatro escolas abertas do Estado estão ameaçadas de “extermínio” com o argumento de que são caras. “Escola cara não existe, é uma vergonha. Educação é investimento.”

Ramos disse que as escolas abertas acolhem com um trabalho de afetividade, não apenas aos alunos, mas as suas famílias. “Estamos fadados à extinção por sermos caros?”, questionou. Disse que recebe R$ 1,00 por dia letivo de cada aluno, a quem fornece quatro refeições diárias, valor que, “no máximo compra dois pâes cacetinhos”. O diretor ressaltou que, com a ajuda de ongs, empresas e outras instituições, oferece café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta para os alunos. “Realizamos um trabalho de parceria. Não somos uma ilha nem vivemos dos recursos do Estado”, lembrou.  

Finalizou reconhecendo a existência da lei da inclusão, mas questionou a sua funcionalidade, já que, “se fosse tão boa, não teria tanta criança fora da escola”. Convidou para que no próximo dia 6 de novembro, às 9h, todos compareçam à audiência da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, que pautou o tema para que as quatro escolas abertas possam expor a situação em que se encontram em busca da reversão do quadro de extinção proposto pelo Estado.

Vereadores

Em sua comunicação de liderança, o vereador Engenheiro Comasseto (PT) ressaltou que o mandato dos vereadores serve como ferramenta para trazer como demanda o direito a educação. “Não entendo como os nossos governantes da atualidade entendem que a educação seja um gasto. Não vejo assim, vejo como investimento.” Segundo ele, há poucos dias houve uma audiência pública na Câmara para discutir o possível fechamento da escola Emílio Meyer. “Buscamos o não fechamento. Estamos juntos com aquelas escolas abertas que acolhem os jovens que não tem uma família para acolher, pois os professores passam a ser pais e mães.” Comasseto destacou ainda que estas crianças passam a entender o que é a cidadania. “Temos a responsabilidade de oferecer educação, saúde e transporte. Em nome do meu partido, quero dizer que é obrigação de qualquer governante trazer este direito”.  (PB)

Já a vereadora Cláudia Araújo (PSD) ressaltou também que o fechamento da escola Cruzeiro do Sul ainda não foi oficializada; porém, a escola alega a desassistência que impede a abertura de novas turmas. “Assim como as demais instituições precisam do nosso apoio, a Escola Cruzeiro do Sul também deve ser assistida. Estamos caminhando para trás, feito caranguejos, pois a educação é a base de tudo.” (PB)

Texto

Milton Gerson (reg.prof. 6539)
Priscila Bittencourte (reg. prof. 148069)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:Ayrton SennaEscola AbertaEscola Cruzeiro do Sul