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Ufrgs apresenta projeto para reinserir moradores de rua

Themis, uma das idealizadoras do projeto, expõe a proposta Foto: Bolívar Abascal Oberto
Themis, uma das idealizadoras do projeto, expõe a proposta Foto: Bolívar Abascal Oberto

Com o objetivo de inserir moradores de rua ao mercado de trabalho, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), apresentou o projeto Convivências aos vereadores da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) na manhã desta terça-feira (7/12). A proposta consiste em basicamente desenvolver cursos de jardinagem para capacitar moradores em situação de rua a serem “zeladores das praças” de Porto Alegre. A definição é da professora Themis Silveira que, em conjunto com faculdades de Arquitetura e Agronomia, pretendem implementar os estudos primeiramente como um projeto piloto.

“Queremos ensinar os moradores sobre composteira, plantio, podas e corte de grama e profissionalizá-los para que sejam os cuidadores das nossas praças”, definiu a urbanista Beatriz Fedrizzi. Seriam disponibilizadas 15 vagas por curso com um encontro semanal de sete horas, começando às 9h e terminando às 16h. As aulas, teóricas e práticas, seriam lecionadas por alunos da faculdade de Agronomia. “Queremos gerar um movimento de solidariedade e capacitação”, resumiu.

Controvérsia

Apesar de apoiar a iniciativa, Iara da Rosa, coordenadora da casa de convivência Ilê Mulher – voltada para o atendimento a moradores em situação de rua, disse que a concepção do projeto foi falha. “Deveriam ter conversado com os moradores que estão lá na Casa antes de tentarem impor um método”, pontuou. Segundo ela, as poucas vagas disponibilizadas pelo curso também pode ser um problema na hora de selecionar quem terá a oportunidade de frequentar o curso.

Conforme levantamento realizado pelo Ilê Mulher, existem cerca de 2,6 mil moradores em situação de rua em Porto Alegre. Para o pró-reitor em extensão universitária da Ufrgs, Ângelo Ronaldo da Silva, a iniciativa é meritória, mas pode ser que contenha erros que precisam ser corrigidos. “A nossa ideia é colaborar com a solução de um problema que é dever do Estado resolver. Queremos dialogar com os setores para, junto com o poder público, avançar na proposta”, explicou.

Segundo o vice-presidente da Cosmam, vereador Beto Moesch (PP), discutir com a sociedade, com os vereadores e com as entidades envolvidas no tema é o primeiro passo para implementar o projeto. “É importante fazer um primeiro teste para saber como pode funcionar na prática, se é viável ou não”, afirmou ao saudar a iniciativa. “É um grande momento para de fato incluir estas pessoas ao mundo do trabalho, seus direitos e dignidades garantidas”, disse.

Conforme o projeto, os moradores de rua seriam contratados pela prefeitura – após realizarem o curso -, através de convênio para remunerar cada envolvido. Ainda participaram da reunião coordenada pelo presidente Aldacir Oliboni (PT), a Cruz Vermelha, o Conselho Municipal de Assistência Social, o Fórum de Moradores em Situação de Rua e os vereadores Carlos Todeschini (PT), Dr. Raul (PMDB), Dr. Thiago Duarte (PDT) e Mário Manfro (PSDB).

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

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UFRGS vai capacitar moradores de rua para cuidar de praças