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Vereadores criticam ausências em reunião sobre Arena

Cuthab e Cedecondh reunidas hoje Foto: Tonico Alvares
Cuthab e Cedecondh reunidas hoje Foto: Tonico Alvares

Os vereadores Pedro Ruas (PSOL), presidente da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab), e Maria Celeste (PT), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre lamentaram a ausência de representante da Construtora OAS Ltda e demais autoridades convidadas para a reunião da manhã desta quinta-feira (6/10) para tratar da situação dos operários que atuam na construção da Arena do Grêmio, na Zona Norte. “E lamentável o descaso, pois são em torno de mil trabalhadores vivendo em condições extremamente precárias”, considerou Ruas. Para Celeste, a morte do operário, no domingo à noite, foi apenas o estopim. “Estão trabalhando no limite da exaustão”.
 
Através de documento, a OAS justificou a ausência dizendo que a Policia Civil do Estado está apurando os fatos e devidas responsabilidades sobre o acidente, que o Ministério Público do Trabalho e a Superintendência Regional do Trabalho também estão observando o ocorrido e que, após as conclusões das investigações disponibilizará para esta Casa o resultado das investigações. As demais autoridades convidadas não justificaram a ausência, o que também gerou descontentamento dos vereadores. 

“O Ministério Público (MP) deveria estar aqui, pois, se a obra está sendo feita é com a autorização deles”, disse Alceu Brasinha (PTB). Fernanda Melchionna (PSOL) também lamentou a ausência das autoridades. “É um desrespeito, mas confio no MP, que vem acompanhando a situação”. Para Dr. Raul Torelly (PMDB), é um absurdo o que a OAS vem fazendo com os trabalhadores. “Proponho um acompanhamento permanente até o final da obra contando com a colaboração da Delegacia Regional do Trabalho e do MP”. Na opinião do vereador Elias Vidal (PPS), é preciso achar um ponto de equilíbrio para os problemas. “Extremos sempre são perigosos”.

Para tratar do assunto, foram convidados representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Porto Alegre (Sintracon), Superintendência Regional do Trabalho e do Emprego (SRTE), Empresa OAS-Empreendimentos, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Miki Breier e Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Estado.

Solidariedade

Emerson Dutra, representante do Sindicato dos Rodoviários disse que a categoria está solidária com a luta dos trabalhadores. “O que está acontecendo é sub-humano”. Sergio Bueno, que representou 22 lideranças do entorno do Bairro Navegantes, disse que a empresa OAS fez apenas uma reunião com os moradores da região desde o início dos trabalhos. “Nós ficamos com todos os problemas, abrigamos famílias, coletamos roupas e alimentos e disponibilizamos creches”, enfatizou ele lamentando também a ausência do Executivo Municipal. “Nenhuma secretaria tomou conhecimento.”

 Gelson Santana, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil (Sticc), disse que o que vem acontecendo com os trabalhadores já estava anunciado. “Desde a primeira greve, em março deste ano, já sabíamos o que ia acontecer", disse. "É bom que agora veio à tona para a sociedade ver.” Para Lorimar Fiúza, líder comunitária da região, a comunidade ainda não se deu conta do impacto da obra no local. “Depois de tudo pronto, milhares de carros vão circular por lá, pois são dois megaempreendimentos. Vão tomar nosso direito de ir e vir”.

No final, ficou acertada a composição de um Grupo de Trabalho para acompanhar os trabalhadores e a visita às entidades que não compareceram. “Precisamos saber porque não vieram”, justificou Celeste. Os vereadores também relataram a visita feita na segunda-feira (3/10) ao local.

Regina Andrade (reg. prof. 8423)