Vila da Mata pede socorro à Cuthab para evitar despejo
Moradores da Ocupação Vila da Mata, da Zona Norte, encheram o Auditório Ana Terra, da Câmara Municipal de Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (17/11), para pedir socorro à Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab). Contaram que está marcada para a semana que vem - no dia 25 de novembro - a reintegração de posse da área ocupada, pertencente à Construtora Ivo Rizzo, mas destinada à construção de uma praça. Logo após o meio-dia, por solicitação de vereadores, o prefeito em exercício, Sebastião Melo, compareceu à reunião, garantindo que enviará à Justiça um documento oficial do Executivo pedindo mais prazo para a saída das famílias do local.
Laura Machado, conselheira do Orçamento Participativo (OP) do Eixo Baltazar, informou que 68 famílias vivem na Vila da Mata. Lembrou que, em agosto, o prefeito José Fortunati prometeu que faria o possível para reassentar as famílias e que mandaria procurar áreas para instalá-las. Porém, segundo Laura, em setembro a Procuradoria-Geral do Município (PGM) emitiu parecer favorável à reintegração de posse. Os moradores, então, fizeram diversos protestos, inclusive fechando uma avenida.
Agora, conforme Laura, a Vila da Mata quer que o Executivo emita um documento, a ser enviado ao Judiciário, oficializando a promessa de agosto e pedindo um tempo maior para realocar as pessoas. Faltam oito dias para elas irem para a rua, lamentou. Na sua opinião, sendo para destino público (uma praça), os terrenos poderiam ser usados para habitações de cunho social. Não queremos mais promessas; de promessa já estamos cheios, emendou a vice-presidente da Associação da Ocupação Vila da Mata, Vanessa Coelho. Acham que uma praça que vai ficar largada é mais importante.
Levantamento de áreas
O vereador Cassio Trogildo (PTB) disse que o Executivo fez um levantamento de terrenos para reassentar a Vila da Mata, e o mais viável deles está localizado no Jardim Leopoldina. Foram Trogildo e o vereador Cláudio Janta (SDD), juntamente com o líder do governo, Kevin Krieger (PP), que pediram a Melo que comparecesse à reunião. Janta afirmou que a área ocupada é pública, pois já haveria certidão atestando isso. Na opinião de Janta, quem complicou a situação da Vila da Mata foi a PGM, que não teria levado em conta a promessa do prefeito.
O presidente da Cuthab em exercício, vereador Antônio Matos (PT), presidiu a reunião, substituindo Engenheiro Comassetto (PT). Mesmo licenciado, Comassetto esteve no Auditório Ana Terra e afirmou que, se a prefeitura fez um acordo com a comunidade, terá de cumpri-lo. Ele cobrou do Executivo que envie logo um documento à Justiça reivindicando mais prazo para os ocupantes.
Apelo ao Judiciário
O prefeito em exercício garantiu que o caso da Vila da Mata tem merecido atenção do Executivo. Cheguei a ir a uma audiência com a juíza, onde pedi bom senso para que nos desse tempo para tentar resolver o assunto, relatou. Melo reiterou que a área ocupada é privada, mesmo estando destinada a uma praça. Mas, a seu ver, não adianta tentar negociar com a construtora. Temos de botar peso sobre o Judiciário e o Ministério Público para conseguir mais prazo, já que a obra não vai começar amanhã, sugeriu. Devemos unificar forças: prefeitura, Câmara e comunidade. Disse, porém, que as famílias não têm como continuar para sempre na área.
Ao final da reunião, Melo prometeu que mandaria redigir e, até o final da tarde de hoje, assinaria o documento a ser enviado à Justiça para pedir um prazo maior para a comunidade, lembrando que a prefeitura está tentando achar uma solução para as famílias. Ainda sugeriu que a Uampa e representantes da Vila da Mata emitam documentos nos mesmos moldes para serem protocolados na Defensoria Pública. Melo, no entanto, alertou: Não estamos defendendo a permanência de vocês lá. Não contem com isso, que não vai funcionar. A construtora não vai fazer acordo.
Nova reunião
O vereador Antonio Matos, presidindo a reunião, lembrou que há a possibilidade de a Justiça não aceitar o pedido da prefeitura. Dessa forma, uma nova estratégia terá de ser buscada. Comassetto sugeriu que, até o fim do mês, a Cuthab faça nova reunião para avaliar para onde irão as famílias da Vila da Mata. O Executivo terá que ter um plano B, já que não existe possibilidade de acordo com a construtora, afirmou.
Também participaram da reunião os vereadores Delegado Cleiton (PDT), Séfora Gomes Mota (PRB), Kevin Krieger (PP) e Dr. Goulart (PTB), além do secretário-adjunto de Governança Local, Carlos Siegle de Souza, e representantes da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa).
Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)