Apolinário Porto Alegre é lembrado na Câmara
Os 170 anos de Apolinário Porto Alegre (1844-1904) foram lembrados em uma mesa-redonda realizada na Câmara Municipal na manhã desta sexta-feira (29/7), data de nascimento do escritor, poeta, professor, historiador, dramaturgo, filólogo e jornalista. O evento foi promovido pelo Memorial da Câmara em parceria com a Sociedade Partenon Literário, entidade cultural que Apolinário ajudou a fundar, em 1868.
Apolinário criou escolas, jornais, lutou pela República, pela Abolição, formou opiniões, exaltou o presidente do Partenon Literário, Benedito Saldanha, coordenador da mesa-redonda. Na opinião do pesquisador e escritor, autor de A Mocidade do Partenon Literário, Laços Eternos e Luciana de Abreu, é preciso lembrar quem foi e quem sempre será Apolinário Porto Alegre, por sua imensa contribuição para a cultura do Rio Grande do Sul.
Jorge Barcellos, pesquisador do Memorial, destacou o perfil idealista de Apolinário, seu trabalho como professor e sua atuação política em meio a um cenário dividido entre liberais e conservadores. Lembrou que Apolinário participou da fundação do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), mas entrou em conflito com os poderosos e acabou ajudando a criar o Partido Federalista. Segundo Jorge, o intelectual chegou a candidatar-se a deputado federal, porém não se elegeu. Apolinário não faria a poesia que fez se não fosse sua preocupação política, disse.
Dilmar Xavier Paixão, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e integrante do Partenon Literário, ressaltou o papel de Apolinário como jornalista, que criou diversas revistas, e sua ligação com os irmãos Apeles e Aquiles Porto Alegre, escritores e educadores. Segundo Paixão, ao reunir a família na realização de seus projetos, Apolinário imprimiu a eles seus laços e valores mais fortes. Com Aquiles, ele fundou o Colégio Porto Alegre, e, com Apeles, o Colégio Riograndense, lembrou.
O autor
Apolinário Porto Alegre nasceu em 29 de agosto de 1844 em Rio Grande (RS) e morreu na Capital em 23 de março de 1904, vitimado pela tuberculose. Seus escritos têm o Rio Grande do Sul como tema principal, com destaque para Popularium Sul-Rio Riograndense e o romance O Vaqueano. Publicou livros de poemas, como Poesias Bromélias (com o pseudônimo de Iriema), Cabila e Flores da Morte (póstumo), e diversas peças de teatro, entre elas Cham e Jafé, Benedito e Mulheres.
O intelectual ajudou a fundar o Partenon Literário, em 1868. A entidade é considerada a principal agremiação de literatura do Rio Grande do Sul do século XIX, tendo surgido antes mesmo das Academias Brasileira e Riograndense de Letras. Além dos irmãos Porto Alegre, a sociedade reuniu intelectuais como Caldre Fião, Luciana de Abreu, Múcio Teixeira, Aurélio Bitencourt, Carlos Von Koseritz e Lobo da Costa. Foi extinta oficialmente em 1925 e recriada em 1997, mas nunca teve uma sede própria.
Texto e edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)