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Cedecondh discute fechamento de EJAs na Capital

Simone Lovatto confirmou o fechamento dos EJAs Foto: Guilherme Almeida
Simone Lovatto confirmou o fechamento dos EJAs Foto: Guilherme Almeida (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
A Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu na tarde desta terça-feira (1/12) para tratar da permanência do funcionamento do Ensino para Jovens e Adultos (EJA) municipal. Na oportunidade, estiveram presentes as secretarias municipais de Educação e de Direitos Humanos, a Atempa e o Conselho de Educação. 

O proponente da pauta, vereador Alex Fraga (PSOL), destacou que há algum tempo vem percebendo que havia uma certa iminência no fechamento dos EJAs nas escolas de Porto Alegre. "Me preocupa saber que certas regiões onde o EJA está são muito pobres e vulneráveis e este é o público alvo do projeto, pois a realidade destas comunidades é diferenciada, com indivíduos que deixaram de estudar e agora querem voltar", disse. O vereador ressaltou que é preocupante também a falta de oferta de vagas do EJA para a população e que seria imprescindível debater o não fechamento destes projetos para que os mais pobres e aqueles que querem voltar a estudar tenham onde promover os seus estudos.

A professora da Escola Neusa Goulart, Maritza Martins, afirmou que todos devem entender que a educação é um direito fundamental do indivíduo. "É por esta garantia deste espaço educativo que viemos aqui hoje pedir a compreensão da Câmara Municipal", disse. Maritza destacou que há muitos anos a Secretaria Municipal de Educação tenta fechar o EJA da escola e que a justificativa para este fechamento é a pouca frequência. "O EJA serve para atender aqueles que não concluíram o seu curso escolar na hora certa e, portanto, chegam com várias demandas", ressaltou. A professora afirmou que todos os alunos do EJA são tratados com muito carinho e não podem simplesmente serem "enxotados" do seu lugar de estudo. 

A professora Iafa Grinschpun afirmou que foi avisada que seria fechado o EJA de sua escola há pouco tempo e que este fechamento seria no ano de 2016. "Fomos avisados que fecharíamos ano que vem e, com isso, foi convocada uma reunião com a comunidade e chamamos os representantes do Conselho Escolar para receber a notícia de que não poderíamos fazer nada", disse. A professora ressaltou que, quando foi dito aos alunos que eles iriam para outras escolas, eles disseram que se fossem, seriam mortos. "Tenho alunos de 75 anos de idade que estão dizendo que agora que iriam conseguir se formar, estão querendo fechar a escola. Nosso grupo docente é bem reduzido e o que estamos tentando fazer é um abaixo-assinado para que não seja fechado o EJA", afirmou. 

A representante de Secretaria Municipal de Educação, Simone Lovatto, afirmou que conversou com as direções das escolas em que serão fechados os EJAs e se colocou à disposição para ajudar a realocar os alunos para outras escolas. "Quando falamos em número reduzido de alunos, falamos de um número pequeno de pessoas que frequentam as aulas e sabemos da realidade dos nossos alunos, mas, infelizmente, estamos falando de um número pra lá de reduzido", destacou. Simone ressaltou que há um investimento por parte do poder público que não está sendo bem executado pelos EJAs, pois não se consegue mobilizar os alunos para que fiquem dentro da sala de aula. 

Estiveram presentes na reunião os vereadores João Bosco Vaz (PDT), Mônica Leal (PP) e Fernanda Melchionna (PSOL).

Texto: Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)