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Cedecondh ouve depoimentos sobre assédio moral na Saúde

Paulo Silva disse que sofre perseguição Foto: Leonardo Contursi
Paulo Silva disse que sofre perseguição Foto: Leonardo Contursi

Na manhã desta quinta-feira (1º/12), dois funcionários ligados à área da saúde do Município relataram estar sofrendo assédio moral por parte da atual administração. Os depoimentos foram feitos durante reunião da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre.

O primeiro a se manifestar foi o servidor público Paulo Rogério da Silva, motorista do Serviço de Assistência Móvel de Urgência (Samu). Segundo ele, por denunciar irregularidades neste serviço, vem sofrendo perseguição. Disse que as manifestações começaram em 2007, quando encaminhou documentos ao Ministério Público. “Na época denunciei que as verbas oriundas do governo federal para manutenção das ambulâncias não estavam sendo usadas”, ressaltou.

Silva informou que, como consequência, foi transferido. “Disseram que eu colocava em risco o atendimento à população fazendo denuncias como esas.” Na sua opinião, os serviços da saúde pioraram muito com a atual administração. “O secretário vem aqui nesta Casa e passa de bonzinho, mas lá na saúde ele é maquiavélico”, disse. Silva relatou também mortes de bebês nos postos de saúde. “Em dezembro de 2010, uma criança de 10 meses morreu por falta de atendimento no posto da Vila Cruzeiro”, afirmou. O funcionário ainda criticou a Câmara Municipal: “Já trouxe este assunto várias vezes para conhecimento dos vereadores e nada foi feito. É uma verdadeira inércia”.

A enfermeira Rosane Metrangolo foi a segunda a falar. Disse que trabalha no serviço público há 12 anos. “Comecei no Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro”, afirmou. Ela relatou que o assédio moral começou após denunciar “esquemas” nas escalas de trabalho no posto. “Era uma verdadeira banca de negócios, a qual nenhum funcionário tinha acesso”, declarou. Rosane criticou os altos salários no posto em função das horas extras. “Alguns funcionários podiam fazer hora extra, outros não”, contou.

Rosane relatou ainda que vem sendo transferida sistematicamente de local de trabalho. “Hoje tenho uma liminar judicial que diz que posso voltar ao trabalho, mas o secretário não permite minha volta”. Falou que, no passado, teve uma desavença com o atual secretário, Carlos Casartelli, quando ele chefiava o Posto da Cruzeiro. “E, desde lá, ele me persegue”, disse. Sobre o Hospital de Pronto Socorro (HPS) Rosane denunciou o exagero nas horas extras também. “Neste local somente algumas pessoas são privilegiadas”, acusou.

A última pessoa da comunidade a se pronunciar foi a representante do Simpa Leila Thomassim. Na sua opinião, o problema está nas questões gerenciais nos locais de trabalho. “È preciso que se criem mecanismos que previnam os assédios morais”, sugeriu. Segundo a servidora, o assédio moral no serviço público é maior porque os funcionários não podem ser demitidos. “Temos feito vários enfrentamentos políticos e judiciais em função do assédio moral”, afirmou.

No final da reunião, dirigida pela presidente da Cedecondh, vereadora Maria Celeste (PT), ficou acertado que as cópias taquigráficas dos depoimentos serão encaminhadas ao secretário Casartelli. “Vamos levar pessoalmente ao secretário para que tome conhecimento e providências”, anunciou. Os vereadores Sebastião Melo (PMDB) e Nelcir Tessaro (PSD) também acompanharam os depoimentos.

Regina Andrade (reg. prof. 8423)