Cefor debate a concorrência entre pequenos e grandes mercados
Redes multinacionais como a Walmart, supermercados regionais como o Asun ou minimercados como os que existem espalhados pelas cidades. Existe espaço para todos? Este foi o questionamento que norteou a terceira edição do seminário Reflexões sobre o Desenvolvimento de Porto Alegre, que debateu a relação de competitividade ou sinergia entre hipermercados e minimercados, organizado pela Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor), da Câmara Municipal de Porto Alegre, realizada nesta segunda-feira (3/6) na ESPM.
Para o mediador do evento, Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a relação entre os grandes e os pequenos é ambígua. Sinergia ou competição? Existe sinergia com relação à troca de experiência entre os vários comerciantes, mas evidentemente existe competição em busca do consumidor.
Proprietário de uma rede de supermercados regional e primeiro palestrante da noite, Antônio Ortiz Romacho, diretor da Rede Asun, contou a história do mercado que leva o nome de sua mãe (Asunción) e afirmou que é preciso se adaptar à concorrência para sobreviver. Quando o Nacional chegou ao litoral, nos levou muitos clientes. Então mudamos o conceito de vendas, criando a rede Leve Mais, com produtos mais baratos aos moradores locais, ao invés apenas dos veranistas, tanto que a Leve Mais funciona durante todo o ano e não só no verão, disse Romacho, defendendo que existe, sim, sinergia entre hipermercados e minimercados.
O empresário criticou aqueles que defendem a ideia de que os hipermercados são vilões por conseguirem vender mais barato. As pessoas não compram em um local apenas pensando no preço. Em muitos casos o diferencial é o atendimento, pessoalizado, que grandes estabelecimentos não podem proporcionar com a sinceridade dos pequenos, garantiu.
Concorrência
O vereador Mauro Pinheiro (PT), presidente da Associação dos Mercados, Minimercados, Fruteiras, Padaria e Açougues e Comércios Afins (Ammpa), foi o segundo palestrante, e trabalhou com a ideia de segmentação de serviços e produtos para a conquista de novos clientes. Ele analisou as grandes redes de supermercado mundiais, nacionais e regionais, demonstrando que as quatro maiores redes do setor do país e que detêm mais da metade do comércio são de outros países. A grande dificuldade é que as grandes redes fazem compras mundiais, em grande escala, conseguindo grandes descontos e vendendo por preços módicos. Já as pequenas precisam negociar pontualmente, com menos poder de barganha, analisou.
Como buscar um espaço em que o pequeno, o médio e grande consigam viver em sinergia?, questionou Pinheiro, ao lembrar que o Brasil se tornou um mercado atrativo graças ao aumento do poder de compra da população e que cabe ao poder público trabalhar para garantir uma maior equidade de competição. O grande desafio que temos que buscar, como legisladores, é estabelecer regras para que os pequenos e médios consigam continuar concorrendo com as grandes redes, concluiu.
Avaliação
No fechamento do evento, o presidente da Cefor, vereador Valter Nagelstein (PMDB), defendeu a necessidade de o poder público participar de certa regulamentação de mercado, como forma de garantir a democracia como os Estados Unidos fez com Rockefeller, quando rompeu seu monopólio de petróleo e criou várias empresas de exploração do combustível.
Na avaliação deste terceiro seminário as duas primeiras edições ocorreram, respectivamente, na Ufrgs e na ESPM , Nagelstein aproveitou para fazer uma análise do evento como um todo, desde o primeiro, que teve o enfoque no legado da Copa do Mundo para a Capital, passando pelo segundo, que estabeleceu a relação entre shopping centers e comércio de rua para as cidades. Ele reafirmou o sucesso da iniciativa, uma vez que os debates proporcionados por este ciclo de palestras têm conseguido aproximar o trabalho do Legislativo da comunidade acadêmica.
Também participaram do evento os vereadores Guilherme Socias Villela (PP), Idenir Cecchim (PMDB), João Carlos Nedel (PP) e Any Ortiz (PPS).
Texto: Gustavo Ferenci (reg. prof. 14.303)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)