Comunidade critica revogação do tombamento de área verde na Cristóvão Colombo
A diretora da Escola Amigos do Verde, Silvia Carneiro, ocupou a Tribuna Popular da sessão ordinária da Câmara Municipal nesta quinta-feira (10/10) para falar sobre o licenciamento ambiental da obra da trincheira da Avenida Cristóvão Colombo e a preservação das espécies remanescentes na região. Ela explicou que a comunidade escolar, juntamente com moradores do entorno onde deverão ocorrer as obras da trincheira, solicitam o imediato tombamento da área de proteção ambiental (APA) onde está situada a Amigos do Verde, na Cristóvão Colombo. "Queremos que o Executivo municipal apresente alternativas para a realização da obra, preservando essa área e gerando menor impacto no entorno", disse Silvia.
Mostrando algumas fotos da escola e do trabalho que vem sendo realizado ao longo de 30 anos de atividades do estabelecimento, Silvia disse que a Amigos do Verde está localizada em área de 3,6 mil metros quadrados de área verde, com bosque de árvores nativas, em frente ao local projetado para as obras da trincheira. A diretora frisou que a comunidade escolar compreende a necessidade de obras que visem ao desenvolvimento da cidade, mas pondera que o Poder Público deveria considerar também os impactos sociais e ambientais acarretados por esse tipo de empreendimento.
Silvia Carneiro destacou que a área verde onde está situada a escola possui grande biodiversidade. Segundo ela, o terreno foi considerado como área de proteção ambiental (APA) em 13 de julho de 1990, por decreto municipal. Também havia sido dado início a processo, na prefeitura, solicitando o tombamento do prédio que abriga a Amigos do Verde antiga propriedade da família Neugebauer, construída em 1936 "em razão de seu inestimável valor histórico".
Ela relatou, no entanto, que, a partir de outubro do ano passado, a comunidade da região começou a ouvir falar acerca das obras projetadas para a trincheira da Cristóvão Colombo. A partir disso, tentaram várias vezes fazer contato com representantes da prefeitura, sem que houvesse êxito. "Somente em 15 de maio deste ano, depois de muita insistência, tivemos respondidos alguns questionamentos que enviamos por e-mail à prefeitura."
A diretora da Amigos do Verde disse que os moradores e a comunidade escolar ficaram surpresos ao saber que o tombamento da APA havia sido revogado pela prefeitura. "Somente agora soubemos da revogação. E o recuo projetado para as obras da trincheira, inicialmente calculado em dois metros, agora já está em 4,5 metros." Silvia questionou ainda que a revogação do tombamento possa ser justificada pela utilidade pública das obras da trincheira e salientou que a execução do projeto poderá servir aos interesses da especulação imobiliária. "Quais critérios foram utilizados para avaliar os impactos sociais dessa obra?" Reivindicando a retomada do tombamento da APA, Silvia defendeu "um legado que priorize uma qualidade de vida", no sentido oposto à "rodoviarização da cidade", cuja sustentabilidade priorize a preservação a longo prazo.
Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)