Cedecondh

Comunidade negra é contra portal no Largo Zumbi dos Palmares

Reunião discutiu projeto que prevê terminal de ônibus no Largo Foto: Caroline da Fé
Reunião discutiu projeto que prevê terminal de ônibus no Largo Foto: Caroline da Fé

Integrantes do movimento negro porto-alegrense são contrários à proposta da Prefeitura que prevê a construção do Portal Zumbi Açorianos, na Cidade Baixa, para traslado de ônibus no Largo Quilombo Zumbi dos Palmares. Reunidos na Câmara Municipal nesta terça-feira (23/01), em reunião coordenada pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh), vereador Carlos Comassetto (PT), lideranças do movimento reclamaram que o projeto Portais da Cidade teria sido elaborado pelo Executivo sem nenhuma consulta à sociedade. Eles decidiram ocupar o Largo Zumbi dos Palmares com eventos da comunidade negra e pretendem fazer um abaixo-assinado em protesto pela descaracterização do espaço, em caso de construção do portal.

“Somos intransigentes. O Largo Zumbi dos Palmares é um espaço da religiosidade africana”, afirmou o representante do Fórum Estadual de Religiosos de Matriz Africana, pai Luciano de Oxalá, explicando que as religiões africanas consideram o Largo um referencial da história dos negros na Capital. “Fomos sempre empurrados para a periferia, mas não aceitaremos mais sermos expulsos. Se preciso, faremos resistência.”

A coordenadora do Conselho Gestor do Largo Zumbi dos Palmares, Vera Soares, disse que a discussão sobre o uso daquele espaço pela comunidade negra não foi concluída porque a atual gestão da Prefeitura “fechou o diálogo”. Segundo ela, o movimento negro ficou surpreso com a decisão do Executivo de realizar a Semana da Consciência Negra no Parque da Harmonia, em 2006, ao invés de realizá-la no Largo. “Não aceitaremos o Portal Açorianos”, afirmou Vera, que é conselheira da Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir) do governo federal.

O vereador Carlos Comassetto garantiu que a Cedecondh deverá agendar reunião para tratar do assunto no reinício das atividades parlamentares, a partir do dia 16 de fevereiro. Para ele, o Executivo tem “visão tecnocrática de construção da cidade”, excluindo a participação da comunidade na elaboração de projetos. “O Portais da Cidade é um projeto elaborado por técnicos, sem respaldo da sociedade. Há um conflito estabelecido no Centro.” Ele também propôs que se elabore um caderno contando a história do Largo e um projeto da comunidade negra para aquele espaço.

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)