Cosmam pede reabertura de 52 leitos no Presidente Vargas
A direção do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV) recebeu a visita da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal, na manhã desta terça-feira (7/9), na sede do HMIPV. A visita teve o objetivo de vistoriar a instituição e inspecionar o quadro funcional, a fim de descobrir as reais condições administrativas e estruturais do hospital, que está com 52 leitos fechados, tanto na ala adulta (internação da mulher, psiquiatria e alojamento conjunto pós parto), quanto pediátrica, por ausência de técnicos de enfermagem. A principal reivindicação é a reabertura da Emergência Pediátrica, fechada para atendimento externo após o final da Operação Inverno, mesmo com 15 leitos disponíveis.
A Cosmam também tratou dos seguintes temas: problemas causados pelo fechamento da UTI e internação pediátrica, com a falta de 24 funcionários; os leitos Canguru fechados; a ala de internação do 4º andar, que está totalmente fechada desde agosto; e ainda, e o fechamento da metade do 7º e 8º andar do hosptial, com atendimento precário e reduzido de atenção à saúde devido à falta de técnicos de enfermagem.
A grande causa deste descaso na saúde, de acordo com a responsável técnica pela Enfermagem do Hospital, Maria Inês Marques Voigt, se dá pela questão do Executivo Municipal não efetivar o chamamento dos técnicos de enfermagem aprovados no concurso público municipal. Para regularizar a situação é preciso tempo e a liberação financeira para o ingresso de novos servidores municipais já aprovados em concurso público municipal para atuar em diversos hospitais e postos de saúde da Capital. Várias alas do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas estão sem atendimento porque precisamos de mais 63 técnicos de enfermagem e 14 enfermeiros para cumprir com a demanda existente, destacou, afirmando que já vêm faltando mão-de-obra especializada na área da enfermagem há muito tempo, devido ao grande número de exonerações e aposentadorias de funcionários. Tem um grupo grande que se aposentou no último ano e já existia uma necessidade anterior. Este quadro vem sendo reposto, mas nunca numa quantidade suficiente para que se consiga suprir as necessidades.
Atendimento de emergência
Com o fechamento do atendimento externo, a emergência pediátrica só está atendendo, neste momento: casos e demandas do Pronto Atendimento, que englobam pacientes com doença da raiva; os que precisam tomar vacinas antirrábica decorrente da mordedura de animais; e casos de crianças vítimas de violência sexual. Maria Inês reafirma ainda que a reabertura da emergência para atender à todas as crianças da região é fundamental para suprir a demanda, que gira em torno de 60 a 70 atendimentos ao dia. Existem leitos disponíveis, mas não existe equipe técnica para atender os pacientes, concluiu.
Pedido de providências
Para a vereadora Lourdes Sprenger (PMDB), a Comissão de Saúde já vem de longa data acompanhando a situação hospitalar e segue o caso dos concursados. A nossa avaliação é a de que realmente temos que admitir os concursados porque constatamos várias salas e emergências fechadas. Não se justifica que a população fique nas filas e que possa ocorrer óbitos devido à falta de providências, ponderou Lourdes.
Conforme o diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Jorge Luiz Eltz de Souza, além da incompetência administrativa, o Hospital mostra um descaso com a população que está desassistida com a falta de leitos. A Prefeitura de Porto Alegre não está preocupada com o sofrimento das pessoas que não têm leito para se internar. As pessoas não conseguem ter acesso à uma emergência pediátrica, nem UTI, ratificou, comentando que, em setembro, o Sindicato pediu providências junto ao Ministério Público, e o órgão prometeu abrir um processo contra o Executivo Municipal.
Encaminhamentos
O presidente da Cosmam, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), reiterou que a Comissão pretende ajudar a reabertura da Emergência e dos leitos. A situação é muito preocupante. O Hospital tem um andar de 38 leitos fechados. Existe uma UTI neonatal com seis vagas fechadas e há uma Emergência trabalhando só em casos de referência do Hospital. Além disso, metade do sétimo e do oitavo andares estão fechados, e o quarto andar inteiro está sem atendimento devido à falta de técnicos de enfermagem. Isto mostra a falta de gestão na Secretaria Municipal de Saúde, isto está muito claro para quem quiser ver, observou, alegando que a emergência pediátrica e o quarto andar da pediatria estavam abertos até um mês atrás. Esta comissão, através dos vereadores, vai se reunir para continuar na luta por esta Emergência. A nossa próxima pauta junto com as outras entidades que têm nos prestigiado e têm participado destas reuniões é ir ao Ministério Público Estadual e à Procuradoria da República para provocar estes dois órgãos que são também fiscalizatórios, esclareceu.
A diretora técnica do Hospital, Ângela Smaniotto, ratificou que a deficiência de técnicos de enfermagem preocupa muito a direção. O HMIPV aguarda autorização do Comitê Gestor para o chamamento dos técnicos de enfermagem aprovados em concurso. Somente para a ala pediátrica, é preciso mais 35 técnicos, além da liberação de horas extras, afirmou Ângela.
Entidades representativas de saúde também estiveram presentes durante a visita, como o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa).
Texto: Mariana Kruse (reg. prof. 12088)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)