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Médicos e população pedem reabertura de emergência pediátrica

Dr. Thiago (c) anunciou que a Cosmam fará inspeção no Presidente Vargas Foto: Guilherme Almeida
Dr. Thiago (c) anunciou que a Cosmam fará inspeção no Presidente Vargas Foto: Guilherme Almeida (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
Representantes dos médicos residentes, do Sindicato Médico do RS (Simers) e da população em geral estiveram na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), da Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta terça-feira (30/9), para reivindicar a reabertura do atendimento externo da Emergência Pediátrica do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV) - fechada desde final de agosto. Criticaram a redução de leitos na instituição e pediram ajuda do Legislativo. O presidente da Cosmam, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), anunciou que, na  terça-feira (7/10), a Cosmam fará uma inspeção no hospital.

Dr. Thiago lembrou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) fechou as portas para o atendimento externo da Emergência Pediátrica após o final da Operação Inverno e está reduzindo os leitos no HMIPV. Conforme o vereador, a situação é preocupante, já que o quarto andar da Pediatria está fechado e o atendimento vem sendo restringido, o que afeta também outros setores do hospital. Na opinião de Thiago, para agravar a situação, os médicos residentes têm sua formação prejudicada pela diminuição do número de pacientes atendidos. “Isso tudo está na contramão do que se pede, que é mais saúde”, disse.
 
Reabertura

A médica residente Mariana Eberle ressaltou a importância de abrir a Emergência Pediátrica para todas as crianças. Segundo ela, com o fechamento do atendimento externo, cerca de 60 a 70 pacientes deixam de ser atendidos por dia, o que sobrecarrega outras pediatrias da cidade. “Após o fechamento no HMIPV, a fila de espera no Hospital Santo Antônio aumentou em três horas”, lamentou. “É muito ruim uma criança chegar na porta da Emergência e termos que dizer que está fechada mesmo havendo leito.”  Mariana contou que o Executivo Municipal prometeu que iria reabrir as portas, mas não informou quando.

Pelo Simers, o diretor Jorge Eltz disse que o HMIPV vem sendo fechado de “forma progressiva” pela SMS. “O hospital já funcionava com dificuldades desde quatro anos atrás, quando os funcionários da Fugast foram demitidos e não foram repostos, mas nunca me passou pela cabeça que fechariam a porta de entrada da Pediatria.” Na sua opinião, a medida “é um golpe na assistência do SUS em Porto Alegre” e ainda prejudica os residentes. Eltz informou que, em setembro, o sindicato pediu providências ao Ministério Público, e o órgão prometeu abrir um processo contra o Executivo. "Não se pode fechar leitos sem abrir outros”, declarou. Por fim, reivindicou que a Câmara cobre uma justificativa da SMS para o “gradual fechamento” do HMIPV.

A presidente da Associação Brasileira dos Usuários do SUS (AbraSus), Terezinha Borges, considerou como “estarrecedores” os relatos sobre a situação no HMIPV. “É inacreditável o estado a que chegou a saúde”, afirmou, citando que, além da falta de leitos, há carência de médicos pediatras em todo o país. “Entramos em contato com a SMS, e alegaram que fecharam a Emergência porque o inverno passou”, disse. Terezinha colocou a AbraSus à disposição para tentar ajudar a resolver os problemas da saúde.

Fato inédito

A diretora técnica do HMIPV, Ângela Smaniotto, disse que o fechamento das portas externas da Emergência Pediátrica é “um fato inédito” na instituição. Informou que há deficiência de técnicos de enfermagem e que os problemas relatados preocupam muito a direção. Ela garantiu, porém, que, na UTI, houve aumento de leitos e a ala está “funcionando bem”. De acordo com Ângela, o hospital aguarda autorização do Comitê Gestor para o chamamento dos técnicos de enfermagem aprovados em concurso. Conforme a diretora, o HMIPV precisa de mais 55 técnicos, dos quais 35 somente para a Pediatria, além da liberação de horas extras.

A vice-coordenadora do Conselho Municipal de Saúde, Mirtha da Rosa Zenker, informou que, conforme números do Relatório de Gestão Municipal relativo ao primeiro quadrimestre de 2014, houve um grande impacto na redução de leitos. Segundo ela, os problemas de pessoal na Saúde podem se agravar ainda mais quando funcionários se aposentarem. Lembrou que os servidores oriundos do Estado e da União não serão repostos, já que a Saúde foi municipalizada. Mirtha disse também que a União tem uma dívida com a SMS “que não é pequena” e que o CMS está tentando buscar essa verba.

Inspeção

Como encaminhamento, o presidente da Cosmam anunciou que, na próxima terça-feira (7/10), às 9h30min, a comissão fará uma visita de inspeção ao HMIPV, para o qual serão chamados representantes dos Ministérios Públicos Estadual e Federal e do Executivo municipal, além das diversas entidades representativas da saúde. Dr. Thiago também informou que a Cosmam enviará um pedido de informações questionando a SMS sobre o uso dos recursos destinados ao HMIPV. “Queremos ajudar a reabrir a Emergência e os leitos”, disse. “A cidade clama por respostas.”

A visita ao hospital foi sugerida pela vereadora Lourdes Sprenger (PMDB). Também participaram da mesa na reunião a presidente da Associação dos Moradores do Bairro Lajeado, Lea Rodrigues Aguiar, que reclamou da falta de atendimento no Hospital da Restinga; e o servidor do HMIPV Alexandre Kuplich, que criticou o não-chamamento dos técnicos de enfermagem aprovados em concurso municipal.


Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)